“O essencial é definir a questão da propriedade intelectual”, afirmou Cébrian na conferência “Como vai ser o Jornalismo nos próximos 20 anos?”, organizada pela TVI, a propósito das comemorações dos 20 anos da estação. O presidente da Prisa comentava o acordo recentemente firmado entre a Google e o Governo de França, que prevê a criação de um fundo de 60 milhões de euros para ajudar à inovação dos meios de comunicação social em ambiente digital. “É dinheiro que é administrado pela Google e, na minha opinião, [os 60 milhões] são ‘peanuts’”, disse.

Juan Luís Cébrian revelou a sua preocupação com a situação actual das empresas de media, em virtude das quebras significativas de receitas que estas têm vindo a sofrer nos últimos anos, sobretudo ao nível da publicidade. “A distribuição dos nossos produtos antigos está ameaçada e a rentabilidade na Internet ainda está por descobrir”, observou. Este cenário, acrescentou, torna-se ainda mais preocupante devido à “notável incapacidade das empresas tradicionais de comunicação social para transformarem o seu modelo de negócio”. Estas estão a competir com empresas como a Google que, como exemplificou, factura “mais nos Estados Unidos que todos os jornais” existentes no país.

O presidente da Prisa salientou, por outro lado, a importância do “auto-financiamento dos meios” como garantia da sua independência. “No mundo capitalista, se não existirem empresas privadas sustentáveis, não há forma de contestar o poder”, afirmou Cébrian. “Se não existirem jornalistas profissionais, que têm a capacidade de verificar a informação, é difícil pensar que a sociedade se pode auto-organizar em termos de informação. Sem independência financeira, não há bom jornalismo”, rematou