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BE quer ouvir reguladores, televisões e empresas de telecomunicações no Parlamento
O requerimento do partido surge depois de a Autoridade da Concorrência ter aberto uma investigação aprofundada à compra da Media Capital pela Altice.
O BE quer ouvir no parlamento os reguladores, representantes da RTP, SIC e TVI e das empresas de telecomunicações Altice, NOS e Vodafone, depois da Autoridade da Concorrência abrir uma investigação aprofundada à compra da Media Capital pela Altice, revela a Lusa.
Fonte oficial do BE adiantou à agência Lusa que o pedido de audições conjuntas nas Comissões Parlamentares de Economia, Inovação e Obras Públicas e de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto sobre o processo de venda da Media Capital ao Grupo Altice, vai dar entrada na Assembleia da República na segunda-feira.
Os bloquistas querem, assim, ouvir no Parlamento os reguladores Autoridade Nacional de Telecomunicações (ANACOM) e Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), os conselhos de administração da RTP, da Impresa e da Media Capital, bem como as direcções de informação da RTP, SIC e TVI.
São ainda pedidas as audições do Conselho de Administração da NOS, Vodafone e Altice.
No texto do requerimento, o BE refere que "a Autoridade da Concorrência (AdC) decidiu abrir uma investigação aprofundada à compra da Media Capital pela Altice".
Na nota, a autoridade considera que "à luz dos elementos recolhidos até ao momento, existem fortes indícios de que a aquisição do Grupo Media Capital pela Altice poderá resultar em entraves significativos à concorrência efetciva em diversos mercados, tanto ao nível da produção de conteúdos e da concorrência entre canais de televisão e mercados de publicidade, como, também, ao nível dos mercados de telecomunicações e de oferta de televisão por subscrição".
"Esta posição, que precede a decisão final da AdC sobre o negócio, surge na sequência dos pareceres desfavoráveis dos reguladores", recordam os bloquistas.
Os serviços técnicos e jurídicos da ERC emitiram, de acordo com o texto do requerimento, "um parecer desfavorável ao negócio, considerando que este poderia colocar entraves ao pluralismo e diversidade no mercado de media em Portugal".
"Recorde-se que, apesar desta posição, a AdC decidirá sem pronúncia da ERC, uma vez que o ex-presidente do Conselho Regulador, Carlos Magno, vetou o parecer dos serviços, sem que para tal tenha apresentado qualquer justificação plausível, mesmo quando ouvido na Assembleia da República a pedido do Bloco de Esquerda", lembram.
O BE sublinha que a venda da Media Capital à Altice envolve "a maior produtora de conteúdos televisivos em Portugal, o canal líder de audiências, o operador líder em vários mercados e a responsável pela Televisão Digital Terrestre".
"O Bloco de Esquerda considera que este negócio poderá levar a uma concentração abusiva - como demonstram os pareceres da ANACOM e dos serviços da ERC, assim como as preocupações assumidas pela AdC -, podendo colocar em causa pilares fundamentais da democracia como a liberdade de imprensa e a pluralidade de informação", criticam.
A Altice, que comprou em Junho de 2015 a PT Portugal por cerca de sete mil milhões de euros, anunciou em Julho passado que tinha chegado a acordo com a espanhola Prisa para a compra da Media Capital, dona da TVI, entre outros meios, por 440 milhões de euros.
Em 31 de Janeiro, o Negócios noticiou que a AdC tinha avançado para uma investigação aprofundada do negócio.