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Balsemão: Media só são independentes se ganharem dinheiro

O fundador da Impresa insurgiu-se contra "a lixeira da Internet", atacou o "abuso de posição dominante" do Google ou Facebook, e ainda deu exemplos de como o poder político pode exercer "ampla influência" neste sector.

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05 de Junho de 2017 às 18:00
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Francisco Pinto Balsemão disse esta segunda-feira, 5 de Junho, que lutar pela liberdade de expressão exige que as empresas de comunicação social sejam independentes e elas "só o serão se ganharem dinheiro". "A palavra lucro não é uma palavra horrenda. Só tendo lucros é possível a uma empresa de comunicação social não depender dos subsídios directos ou indirectos dos poderes económicos, desportivos, culturais e do próprio poder político democraticamente eleito", avisou.

 

Embora admita que há empresas de media que "não estão preocupadas em ganhar dinheiro (…) mas apenas em influenciar o poder político para, por essa via, garantirem o êxito noutros negócios", o fundador da Impresa, que no primeiro trimestre agravou os prejuízos para 2,8 milhões de euros, dramatizou que o sector precisa de recuperar as receitas perdidas em publicidade e na venda de conteúdos, cuja gravidade disse ser mais "visível" na imprensa do que na televisão ou na rádio.

 

Uma das maneiras de o conseguir, frisou Balsemão, será através da aplicação e do reforço, a nível nacional e europeu, da legislação sobre a propriedade intelectual. Lutando "contra o abuso de posição dominante dos gigantes da Internet", como o Google ou o Facebook, que "usam conteúdos e não pagam, ficam com 80% da publicidade digital, pagam poucos impostos em países como Portugal e dão guarida a falsas notícias e a opiniões sobre elas construídas".

 

Num discurso proferido na sessão comemorativa dos 31 anos do Politécnico de Lisboa, o "chairman" do grupo que detém o Expresso, a Visão ou a SIC - que esta segunda-feira viu os seus canais de informação deixarem de ser transmitidos em Angola – alertou também para "a desinformação que prospera e se multiplica na lixeira da Internet". No entanto, advertiu que "os jornalistas não podem deixar-se enredar nas redes sociais" e devem dedicar-se mais ao como e ao porquê de cada notícia, já que "mal ou bem, as redes sociais já se encarregam do quando, do onde e do quem".

 

O empresário, 79 anos, aludiu ainda à "ampla influência" do poder político na área dos media, por exemplo nas nomeações para os órgãos reguladores ou no "financiamento e funcionamento da RTP". O co-fundador do PSD, que liderou o Governo entre 1981 e 1983, completou que a intervenção dos governos pode reflectir-se também ao "enviar ou reenviar" inspecções das Finanças ou do Trabalho às empresas jornalísticas; ao "patrocinar operações de venda de determinados meios a determinadas empresas, como quase aconteceu com a venda da TVI à PT"; ou ao "perturbar o mercado, como ocorreu com o nado-morto Canal 5, como ia sucedendo com a privatização da RTP e, embora com menores consequências, sucedeu recentemente com a inclusão da RTP3 e da RTP Memória na TDT".

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