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Sumol+Compal sai de bolsa sete anos depois de o ter admitido

A saída de bolsa da Sumol+Compal (S+C) já tinha sido equacionada em 2011. Agora deverá mesmo acontecer. Em assembleia de accionistas a empresa aprovou a perda da qualidade de sociedade aberta. Já sugeriu o preço, mas ainda falta a aceitação pelo supervisor.

22 de Dezembro de 2017 às 07:00
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A empresa teve várias mudanças corporativas ao longo da sua vida, que já conta com 63 anos, 30 deles vividos na bolsa.

Mais uma empresa vai sair de bolsa. Os accionistas principais da Sumol+Compal, que resultou em 2009 da fusão da Sumolis com a Compal, propuseram a perda da qualidade de sociedade aberta, aprovada na assembleia-geral desta quinta-feira, 21 de Dezembro.

A Refrigor e a Frildo, a quem são imputados 93,58% dos votos da Sumol+Compal, propuseram a saída de bolsa sabendo que os seus votos favoráveis garantiam o sucesso da deliberação. O universo Refrigor votou a favor. Apenas o BPI, único accionista participante na reunião além desse universo da família Pires Eusébio, votou contra. O que neste caso lhe dá a garantia de que os accionistas proponentes vão comprar a sua posição de 0,52%.

Conforme determinado pelo Código de Valores Mobiliários, o accionista proponente tem de "adquirir, no prazo de três meses após o deferimento pela CMVM, os valores mobiliários pertencentes, nesta data, às pessoas que não tenham votado favoravelmente alguma das deliberações em assembleia".

Os restantes accionistas minoritários, mesmo que não tenham ido à assembleia, terão o direito de vender as acções ao preço estipulado. O "free float" da empresa é de 6,42%. Aliás, esse baixo valor de dispersão foi uma das justificações dos seus accionistas para quererem sair de bolsa. Além dessa, na proposta submetida falava-se do afastamento dos accionistas minoritários da vida societária e institucional da empresa, "afastamento traduzido (...) na ausência dos accionistas minoritários das assembleias-gerais", além de que o "contacto de accionistas, através do gabinete de apoio ao investidor, é esporádico".  A empresa está desde 31 de Dezembro de 1987 no mercado de capitais, cerca de dois meses depois do "crash" de Wall Street de 19 de Outubro, que ficou conhecido pela "black monday".

Em 2011, chegou mesmo a fazer um comunicado ao mercado a dizer que o seu conselho de administração estava "a ponderar propor aos senhores accionistas a perda da qualidade de sociedade aberta e, consequentemente, a exclusão das acções da Sumol+Compal da negociação em mercado regulamentado". Dizia reconhecer "vantagens" de estar cotada, "em termos de visibilidade, diversificação do financiamento e ‘pricing’ e liquidez dos valores mobiliários emitidos", mas "a actual situação do mercado de capitais e a actual dimensão e ‘free-float’ não lhe permitem, nesta fase, beneficiar daquelas vantagens, sofrendo custos significativos e inconvenientes pelo facto". Agora, contactada pelo Negócios, a empresa não avançou qualquer informação adicional, nomeadamente quanto aos custos a cortar com a saída de bolsa.

Em 2011, falava na retirada que só em 2018 se concretizará. Quando sair terá de ficar fora do mercado pelo menos um ano. O Código dos Valores Mobiliários determina que fica "vedada a sua readmissão pelo prazo de um ano". Mas a Refrigor já fez saber que "não pretende, a curto prazo, dispersar no mercado a participação por si detida na S+C nem promover um aumento de capital da S+C com recurso a subscrição pública".

Quanto ao valor a que retirará a empresa de bolsa, os accionistas já colocaram a sua proposta em cima da mesa, mas ainda terá de ser validada pelo supervisor do mercado de capitais. Pretendem pagar 1,7181 euros por cada título, o preço médio ponderado das acções nos últimos seis meses. Com base neste valor, o BPI vai receber 542 mil euros pela participação. Um valor que poderá ascender a 6,67 milhões de euros se todo o "free float" for adquirido.

Apesar da proposta, a CMVM pode, ainda assim, considerar que um auditor independente é que deve definir um outro valor, mas a Refrigor e a Frildo já deixaram a ressalva de que se o preço for determinado para um montante superior, então os proponentes deixam cair o pedido de exclusão das acções e a empresa continuará cotada.

2018 será assim um ano diferente para a Sumol+Compal. Sairá de bolsa num ano em que também termina o acordo de direitos de produção, venda e distribuição  que tem com a PepsiCo e 7Up, renovados a 1 de Janeiro de 2013 por cinco anos.  A Sumol+Compal já teve várias vidas. Começou com a Sumol, e ficou mais tarde ligada em Portugal à Pepsi e 7Up. Em 2005 juntou ao seu portefólio a Compal, o que acabaria por resultar numa fusão em 2008, depois de se ter apoiado na Caixa Geral de Depósitos, que ficou, aliás, ligada à empresa até 2015. A Refrigor voltou a ser, então, dona e senhora da empresa.

Cronologia

Empresa sexagenária

A empresa teve várias mudanças corporativas ao longo da sua vida, que já conta com 63 anos, 30 deles vividos na bolsa.

1954
Fundação
A Refrigor foi fundada em 1945, tendo lançado a marca Sumol em 1954. A Compal foi fundada em 1952, tendo a CUF adquirido esta empresa em 1963, para mais tarde ser nacionalizada e readquirida por Jorge de Mello em 1993.

1987
Bolsa
Refrigor vai para a bolsa.

2005
Entra na compal
Neste ano, a então convertida em Sumolis compra 20% da Compal, só adquirindo os restantes 80% em 2008. Para entrar na Compal fez um acordo com a Caixa Geral de Depósitos.

2009
Fusão
A fusão da Sumolis e da Compal dá origem à Sumol+Compal.

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