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Gigante dos cogumelos cai na insolvência com esperança
Fechado o PER sem plano de salvação, o maior produtor europeu de cogumelos entrou em insolvência. Mas o gestor judicial garante que a empresa “é recuperável” e que está a negociar com novos investidores.
Como era expectável, a Varandas de Sousa, principal empresa do grupo Sousacamp, apresentou-se à insolvência, depois de o Processo Especial de Revitalização (PER) da maior produtora europeia de cogumelos ter encerrado sem que tivesse sido apresentado um plano de recuperação.
"A empresa tem, de facto, um passivo pesado, e, não tendo sido possível aprovar a tempo esse plano no PER, o processo de insolvência é o caminho óbvio", reagiu o administrador de insolvência Bruno da Costa Pereira, em declarações ao Negócios. "Até porque esta é a melhor forma de proteger todos os ‘stakeholders’, continuando assim ao abrigo de um chapéu judicial", explicou.
O gestor judicial da Varandas de Sousa crê na continuidade deste grupo, que tem cinco fábricas em Portugal e duas em Espanha, empregando mais de 500 pessoas. "Com a informação de que disponho, não tenho dúvida nenhuma de que a empresa é recuperável. Porquê? Porque tem o que faz falta: capacidade instalada e clientes bons, estando a cumprir com as suas obrigações correntes", garantiu.
Apesar do optimismo, Bruno da Costa Pereira admitiu que "a recuperação desta empresa passará certamente pela injecção de capital por parte de novos investidores", adiantando que, segundo julga saber, "os actuais accionistas estão em negociações avançadas nesse sentido com um grupo", que não quis identificar.
Artur Sousa é o fundador e detentor de 60,9% do capital da empresa, que não respondeu aos contactos do Negócios. Os restantes 39,1% estavam na posse da capital de risco do BES, cujos fundos passaram a ser geridos pela Armilar Venture Partners, que é detida em 35% pela Sonae IM.
Novo Banco detém mais de metade dos créditos
A falência do BES, no Verão de 2014, marcou o início da queda do grupo sediado em Benlhevai, no concelho de Vila Flor. A acumular prejuízos, o "braço" industrial da Sousacamp tinha arrancado, no ano anterior, com a construção de uma unidade produtiva de cogumelos exóticos e outra de transformação de cogumelos em conserva (em lata e congelados), em Vila Real. Uma obra orçada em 45 milhões de euros que ficou a meio. O Novo Banco, principal financiador, "fechou a torneira" àquela de que era então também accionista.