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Gigante dos cogumelos nas mãos do Novo Banco ainda sem salvação
A assembleia de credores do maior produtor europeu de cogumelos, marcada para esta quarta-feira, foi adiada devido a um “erro processual do tribunal”. A insolvente empresa principal do grupo Sousacamp tem uma dívida de 60 milhões de euros, dos quais mais de 34 milhões ao Novo Banco.
Ainda não foi esta quarta-feira, 13 de Junho, que se ficou a saber o destino da Varandas de Sousa, principal empresa do grupo Sousacamp, maior produtor europeu de cogumelos, que tem cinco fábricas em Portugal e duas em Espanha, empregando mais de 500 pessoas.
A assembleia de credores não se realizou devido "a um erro processual por parte do tribunal", adiantou ao Negócios fonte próxima do processo, tendo a reunião-magna dos detentores dos créditos da insolvente empresa sido adiada "sine die".
O Novo Banco é o principal credor da Varandas de Sousa, detendo mais de metade (34,1 milhões de euros) dos aproximadamente 60 milhões de euros de créditos reconhecidos. Ao Estado, a empresa deve 4,4 milhões ao IFAP, 2,4 milhões ao Fisco e 881 mil euros à Segurança Social.
A falência do BES, no Verão de 2014, marcou o início da queda do grupo sediado em Benlhevai, no concelho de Vila Flor. A acumular prejuízos, o "braço" industrial da Sousacamp tinha arrancado, no ano anterior, com a construção de uma unidade produtiva de cogumelos exóticos e outra de transformação de cogumelos em conserva (em lata e congelados), em Vila Real. Uma obra orçada em 45 milhões de euros que ficou a meio. O Novo Banco, principal financiador, "fechou a torneira" àquela de que era então também accionista.
Artur Sousa é o fundador e detentor de 60,9% do capital da empresa. Os restantes 39,1% estavam na posse da capital de risco do BES, cujos fundos passaram a ser geridos pela Armilar Venture Partners, que é detida em 35% pela Sonae IM.
PER fechou sem plano de recuperação
A Varandas de Sousa entrou em insolvência em Abril passado, depois de o Processo Especial de Revitalização (PER) da maior produtora europeia de cogumelos ter encerrado sem que tivesse sido apresentado um plano de recuperação.
O PER foi encerrado com estrondo, com o Novo Banco e o Crédito Agrícola (detentor de 15,9 milhões de euros de créditos) a informar o administrador de insolvência, poucos dias antes do terminar o prazo de negociações entre empresa e credores, de que, "até à corrente data, não recebeu qualquer proposta ou ‘draft’ do plano, nem foi contactado pela devedora com o objectivo de encetar negociações".
A fonte próxima do processo agora contactada pelo Negócios garante que a empresa está em negociações com os credores com vista à aprovação de um plano de recuperação, afiançando ainda que o grupo sediado em Vila Flor "mantém a perfeita laboração, estando a cumprir pontualmente em termos de salários, contribuições, impostos e fornecimentos".
Em Abril, em declarações ao Negócios, o gestor judicial mantinha-se optimista em relação à recuperação deste grupo. "Com a informação de que disponho, não tenho dúvida nenhuma de que a empresa é recuperável. Porquê? Porque tem o que faz falta: capacidade instalada e clientes bons, estando a cumprir com as suas obrigações correntes", garantiu.
Apesar do optimismo, Bruno da Costa Pereira admitiu que "a recuperação desta empresa passará certamente pela injecção de capital por parte de novos investidores", adiantando que, segundo julga saber, "os actuais accionistas estão em negociações avançadas nesse sentido com um grupo", que não quis identificar.