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Fabricante portuguesa de câmaras climáticas Aralab quer duplicar vendas em cinco anos

A Aralab, fabricante portuguesa de câmaras climáticas que simulam qualquer ambiente para os setores farmacêutico, automóvel ou agrícola, propõe-se mais do que duplicar em cinco anos a faturação recorde de nove milhões de euros obtida em 2019.

07 de Março de 2020 às 10:21
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A fabricante portuguesa de câmaras climáticas Aralab, com sede em Sintra, prevê duplicar em cinco anos a faturação recorde de nove milhões de euros que registou no ano passado.

 

Em entrevista à agência Lusa, o administrador da empresa sintrense de Rio de Mouro destacou o potencial de crescimento do "segmento emergente" do 'indoor farming' (agricultura em ambiente controlado), que "vai ser uma das tendências para 2020 e, apesar de não ser o 'corebusiness' da Aralab, é uma área onde as câmaras climáticas também podem ter aplicação".

 

"Estamos a falar de câmaras para produção de alimentos vegetais em ambiente controlado, como hoje em dia se faz nas estufas, mas se nestas se controla basicamente a temperatura, numa câmara climática conseguimos controlar tudo (desde a temperatura, à humidade e à simulação da luz do sol), de forma a ter sempre as condições ideais para a planta estar a crescer", explicou Luís Branco.

 

Convicta do potencial desta nova área, a Aralab criou uma 'spin off' (nova empresa) dedicada a este segmento - a 'Grow to Green' - e perspetiva "começar a fazer alguns negócios nos próximos meses a nível internacional".

 

"Pelas condições climatéricas que tem, Portugal não tem essa necessidade, mas há mercados do norte e do centro da Europa, ou mesmo nos países árabes, cujas condições climatéricas não são boas para a produção de alimentos e onde pode ser muito interessante posicionarmo-nos", referiu o administrador.

 

Até porque, acrescentou, a produção de alimentos em ambiente controlado poderá vir a ser a via mais adequada para alimentar a população mundial e preservar o ambiente e os recursos naturais.

 

De acordo com Luís Branco, a Aralab - criada em 1985 pelos irmãos e engenheiros João e Eduardo Araújo - registou em 2019 "o seu melhor ano de sempre", com nove milhões de euros de faturação (13 milhões, se consideradas as suas três participadas), sendo 80% do seu negócio internacional.

 

Para 2020, o objetivo é ultrapassar os 10 milhões de euros em vendas e, nos próximos cinco anos, a meta é duplicar este valor e atingir os 20 milhões de euros, num crescimento assente nas exportações, cujo peso "pode vir a ultrapassar os 90%" da faturação.

 

"O peso dos mercados externos será sempre para aumentar, porque o mercado nacional infelizmente é pequeno e não há muitos investimentos na área de investigação. As farmacêuticas vão fazendo alguns, mas de forma muito controlada, e o mercado está muito maduro, portanto todo o crescimento que a Aralab venha a registar será sempre pela via da exportação e não pelo mercado interno", afirmou o administrador.

 

Espanha - com um peso nas vendas semelhante ao do mercado interno, em torno dos dois milhões de euros - é o principal destino de exportação da empresa portuguesa, seguido da Alemanha, Inglaterra, França e de outros mercados europeus.

 

No entanto, são já mais de meia centena os países para onde a Aralab exporta, da Nova Zelândia ao Perú, sendo que a posição da empresa em alguns países asiáticos, como Singapura e China, foi também reforçada ao longo de 2019.

 

"A China, até esta crise do coronavírus, estava a ser um mercado muito interessante, especialmente na área farmacêutica. É uma aposta com cerca de dois anos e onde temos feito todo um caminho muito engraçado, especialmente com farmacêuticas multinacionais que têm produção na China, mas que optam por fazer os ensaios de estabilidade aos medicamentos com fabricantes europeus e não chineses", explicou Luís Branco.

 

Contudo, e face à quase "estagnação" do mercado chinês no primeiro trimestre deste ano, a Aralab tem-se focado em procurar "mais ativamente" alternativas. Exemplo disso é o Chile, onde a empresa ganhou recentemente o seu primeiro projeto, assim como a Austrália e a Nova Zelândia.

 

Estes dois últimos são, segundo Luís Branco, "dois mercados onde há grandes alterações climáticas que têm impacto a nível agrícola e de produção alimentar e onde há, portanto, uma grande comunidade científica a fazer investigação em plantas".

 

"São mercados que estão a crescer e que, juntos, representam cerca de 300 ou 400 mil euros, ou seja, 3 a 5% da faturação, mas que estão a crescer a um bom ritmo", sustentou.

 

Quanto ao mercado inglês, o administrador diz estar "com um desempenho muito interessante e vendas na ordem do milhão de euros", sem se ressentir do 'Brexit': "Por enquanto não sentimos absolutamente nenhum efeito. Há interesse pelas câmaras da Aralab quer em Inglaterra, quer na Irlanda e noutros países ali à volta, pelo que estamos convencidos que vamos continuar a crescer no Reino Unido", disse.

 

Capaz de reproduzir nas câmaras que produz o clima que existe no meio ambiente em todas as suas variáveis, incluindo a temperatura, humidade, dióxido de carbono ou luz solar, a empresa de Rio de Mouro fabrica desde pequenas estruturas do tamanho de um frigorífico até câmaras maiores do que uma sala, onde cabem, por exemplo, dois automóveis.

 

Um portefólio de dimensões adaptável a várias aplicações, desde as indústrias farmacêutica (armazenamento de medicamentos), automóvel (teste de resistência das peças às diferentes temperaturas) e aeronáutica até à biotecnologia (investigação na área agrícola), sendo nesta última que a Aralab é atualmente "mais forte".

 

Para além da subsidiária 'Grow to Green', a Aralab conta ainda com as empresas Concessus, para a venda de equipamentos para o setor da saúde, e Bluestabil, para a área de negócio dos serviços.

 

Posicionando-se como "o único fabricante português de equipamentos climáticos", a Aralab aponta a flexibilidade e a inovação como os dois grandes trunfos face às grandes marcas alemãs, italianas, espanholas, canadianas e norte-americanas com as quais concorre.

 

"É muito mais fácil para uma pequena estrutura como a Aralab adaptar-se e produzir projetos customizados, à medida das necessidades de cada cliente, do que para uma empresa alemã ou de maior dimensão, em que os processos são mais rígidos e mais definidos. Depois há também a capacidade de inovação, porque estamos permanentemente a investir nos nossos processos e equipamentos", salientou Luís Branco.

 

Com cerca de 70 trabalhadores diretos e mais 30 indiretos, a companhia apresenta-se como "uma típica PME [pequena e média empresa] familiar portuguesa" cujo modelo de negócio passa por "ser cada vez mais uma empresa de engenharia, focada no 'software' e nos sistemas de controlo da câmara, onde está mais valor acrescentado", subcontratando depois a outras unidades portuguesas "toda a parte de mecânica e construção".

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