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Governo afirma que Nuno Ribeiro da Silva está a ser "alarmista" sobre travão ibérico

O presidente da Endesa Portugal defendeu que as faturas de eletricidade vão começar a ter aumentos na ordem dos 40%. Governo reage à entrevista dada ao Negócios e à Antena 1, considerando as declarações "alarmistas".

A proposta ibérica para limitar o preço do gás natural para os produtores de eletricidade ainda aguarda “luz verde” de Bruxelas.
Regis Duvignau/Reuters
31 de Julho de 2022 às 14:55
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O Ministério do Ambiente critica as declarações feitas por Nuno Ribeiro da Silva ao Negócios e à Antena 1, classificando-as como "alarmistas" e garantindo não ver "qualquer justificação no aumento de preços que foi comunicado" pelo presidente da Endesa Portugal.

Nuno Ribeiro da Silva defendeu que o mecanismo que serve de travão ibérico aos preços do gás para a produção de eletricidade "vai ter de ser pago", porque "a Europa não tem, nem de perto nem de longe, autoprodução suficiente".

"Em Portugal e Espanha, podemos tentar umas manobras", mas os países vão ter de pagar o gás ao valor a que ele está no mercado mundial, não há maneira de fugir a isso", defende Nuno Ribeiro da Silva, clarificando que "a diferença entre o preço verdadeiro do gás e o preço ao qual se pôs um travão vai sempre ser paga pelos consumidores", através de mecanismos de compensação. "Já nas faturas do consumo elétrico de julho as pessoas vão ter uma desagradável surpresa", acredita.

Questionado sobre a ordem de grandeza, Nuno Ribeiro da Silva adianta que está em causa "qualquer coisa na ordem dos 40%, ou mais, relativamente ao pagamento do mês anterior".

"Isto aparecerá nas faturas, numa linha específica a dizer que relativamente ao mecanismo definido pelo diploma do tecto do gás, cabe-lhe a si – feliz contribuinte – pagar mais este valor além do preço do seu contrato", afirmou, garantindo que isto "não tem nada a ver com as empresas elétricas".

Preços com travão têm ficado "sempre abaixo"

São estas declarações que, este domingo, estão a motivar críticas do Governo. Em comunicado, o Ministério do Ambiente lembra que "os preços de mercado têm aumentado como consequência da guerra e da subida dos preços no gás" e garante que "os preços com o mecanismo têm sido sempre abaixo dos preços sem mecanismo".

"O preço médio no MIBEL para hoje é de 114.14 €/MWh + 84.94 €/MWh do ajustamento = 199.08 €/MWh", refere o executivo, o que "compara com o valor de 253.16 €/MWh, caso não existisse mecanismo". Ou seja, traduz-se "numa redução de 54.08 €/MWh, que corresponde a uma poupança de cerca de 21%".

"Os preços de Portugal e Espanha têm sido consistentemente abaixo de países como França ou Itália", afirma. "Para hoje: nos mercados francês e italiano estão a praticar-se preços de 319.51 €/MWh e 385.71 €/MWh, respetivamente".

Além disso, argumenta que "os consumidores poderão também aderir à tarifa regulada que foi reduzida em 2,6 no segundo semestre deste ano", afirmando que o travão ibérico aos preços do gás "foi negociado e aprovado pela Comissão Europeia, e com a área da Concorrência".

A entrevista a Nuno Ribeiro da Silva poderá ser lida na edição do Negócios desta segunda-feira.
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