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Poupanças do travão ibérico no gás já chegam a 10% no preço da eletricidade, diz Governo

De acordo com António Costa, em sete dias de "mecanismo travão" operacional em Portugal "houve uma redução média do custo da eletricidade no mercado grossista ibérico de 10%, que equivale a menos 26 euros por MWh".

A EDP Comercial está a alertar potenciais novos clientes para a “instabilidade que se vive atualmente nos mercados”.
Pascal Rossignol/Reuters
23 de Junho de 2022 às 17:34
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Ao fim de uma semana de entrada em funcionamento do "regime ibérico" de limite aos preços do gás natural usado para a produção de energia elétrica nas centrais térmicas, coube ao primeiro-ministro, António Costa, dar as boas notícias sobre as poupanças conseguidas para os consumidores no Parlamento, no debate sobre política geral e de preparação para o Conselho Europeu, com a participação do Primeiro-Ministro.  

De acordo com o chefe do Executivo, que recorreu a uma cábula, para não se enganar nos números, em sete dias de "mecanismo travão" operacional em Portugal "houve uma redução média do custo da eletricidade no mercado grossista ibérico de 10%, que equivale a menos 26 euros por MWh", clarificou Costa, em resposta ao líder do PCP, Jerónimo de Sousa.  

Poucos dias antes, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, dava conta que nos dois primeiros dias de entrada em vigor do novo mecanismo travão aos preços do gás para a produção de eletricidade -- numa média de 50 euros por MWh -- tinha sido possível apurar uma "poupança para os consumidores" de 6%, que equivale a 15 euros por MWh.  

"Não é o que nós gostaríamos que fosse, acreditamos que vai ser superiror, mas é relevante para empresas que estão expostas ao mercado", admitiu o governante.   

Duarte Cordeiro explicou porque é a poupança tinha ficado áquem do esperado (o Governo quer chegar a médias de 18%): "Nestes dois dias tivemos um peso da produção de energia térmica mais elevado do que é habitual o que fez com que a poupança não fosse tão significativa quanto acreditamos que vai ser quando o peso das renováveis passar a ser o habitual", assumiu Duarte Cordeiro.

No Parlamento, António Costa foi ainda mais detalhado e leu, dia a dia, a poupança alcançada com o "travão ibérico", explicando aos deputados que "a variação da poupança varia de dia de para dia, consoante o mix energético". 
 
Nos dias 15 e 16 a poupança foi então de 15 euros por MWh, aumentando para os 33 MWh logo no dia 17. Este valor deu um salto ainda maior nos dois dias seguintes -- 18 e 19 -- para os 61,19 euros/MWh e 65,57 euros/MWh, respetivamente.

A partir do dia 20 a 24 de junho, as poupanças para os consumidores com tarifas indexadas ao mercado spot ficaram-se pelos 24,91 euros/MWh, 16,04 euros/MWh, 14,07 euros/MWh e 16,83 euros/MWh. 

De acordo com os dados apurados pelo Negócios, no dia 22 de junho, em que se assinalou a primeira semana de entrada em funcionamento do mecanismo ibérico, o valor do MWh esteve a valer, em média, 152,75 euros, nos mercados grossistas. No entanto, a este valor foi necessário somar mais 129,37 euros por MWh, por conta da compensação às centrais térmicas e do ajuste calculado pelo OMIE (operador que faz a gestão do mercado diário e intradiário de eletricidade na Península Ibérica).

Contas feitas, quem esteja diretamente exposto ao mercado spot (caso das grandes indústrias eletrointensivas e das comercializadoras, entre outras) teve de pagar nesse dia a eletricidade a 282,13 euros por MWh. Ainda assim, para este dia o Governo calcula uma poupança de 14,07 euros por MWh.   

Uma semana antes, quando o travão ibérico se estreou (a 15 de junho), o valor do ajuste era de apenas 59,68 euros/MWh e o valor final da eletricidade no Mibel não ia além dos 225,27 euros/MWh. A poupança foi de 15 euros/MWh. 

Conclusão: em apenas uma semana o valor do ajuste do mecanismo ibérico – uma espécie de taxa imposta por Espanha e por Portugal a todos os consumidores e compradores de eletricidade que beneficiam da medida – disparou 70 euros. Quanto ao preço final da eletricidade no Mibel, já com esta compensação incorporada, subiu quase 57 euros/MWh.

O Governo fala em poupanças para os consumidores com esta medida mas admite também que há custos. "Sim, este mecanismo tem um custo e está considerado pelo Governo. Quem quer beneficiar tem de pagar o custo do mecanismo", disse o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro.

Fonte do Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) esclareceu o porquê de um valor de ajuste tão elevado no dia 22 de junho: "Não foi o facto dos preços do gás terem subido [50% nos mercados europeus] que afetou eficácia do mecanismo, mas sim o volume de gás usado para gerar energia ser muito elevado. E o volume de renováveis relativamente baixo".

A mesma fonte governamental disse que "o que diminui a eficácia do mecanismo não é o preço do gás, mas sim o volume de gás, que faz com que o valor do ajustamento seja elevado e reduza o impacto líquido da descida no mercado grossista". 

E deu um exemplo: "Se o gás disparasse para mil euros e só fosse usado um pingo de gás a cada hora do dia, essa seria a situação onde o benefício do mecanismo ibérico seria máximo, porque preço disparou mas quase não houve consumo gás ao longo das 24 horas". 
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