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FT: Mercado do gás prepara-se para guerra de preços

A Gazprom, gigante russa com muito poder no sector, quer combater a entrada do Gás Natural Liquefeito dos Estados Unidos no mercado europeu. Líderes da energética pública já estão a definir a próxima estratégia para neutralizar a concorrência.

Bloomberg
03 de Fevereiro de 2016 às 14:58
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A chegada ao mercado europeu do Gás Natural Liquefeito (GNL) dos Estados Unidos prevista para este ano poderá levar a Gazprom, gigante do sector, a adoptar a mesma estratégia que a Arábia Saudita aplicou ao petróleo: guerra de preços.

O receio é expresso por analistas e investidores do mercado energético ao Financial Times (FT), na edição desta quarta-feira, 3 de Fevereiro.


Depois da desvalorização do "ouro negro", baixar o valor do gás poderia ser a última cartada que a energética estatal russa quereria pôr em cima da mesa. Mas os analistas citados pelo jornal vêem um racional económico nesta possibilidade.

Para defender a quota que já conquistou no mercado europeu, o que pesa mais nos seus resultados, a Gazprom pode fazer cair ainda mais os preços de forma a que se torne evidente para os seus clientes que o GNL norte-americano não é competitivo.

A seu favor, a energética tem vários argumentos. Tal como a Arábia Saudita tem um papel chave na indústria petrolífera devido ao seu poder na evolução da produção, a companhia russa é a principal detentora de capacidade ociosa no gás, compara o diário londrino. Sozinha, terá 100 mil milhões de metros cúbicos disponíveis, o equivalente a um quarto da sua produção e a cerca de 3% do total mundial.

Por outro lado, e tal como as companhias sauditas no petróleo, também a Gazprom é dos produtores com custos mais baixos.


Daí que possa fazer sentido iniciar uma guerra de preços que mantenha o GNL dos EUA - cujo primeiro carregamento para o exterior aconteceu em Janeiro - fora do mercado.


"Agora, o mercado está excitado com isso. Mas os russos também fizeram as suas contas e sabem que podem ganhar", conclui Thierry Bros, um analista especializado em gás, do Société Générale, embora sublinhe que o combate ao GNL pode custar à Gazprom 1,3 mil milhões de dólares em receitas este ano. O montante, porém, representa menos de 1% das suas receitas anuais.

Segundo o FT, que cita fontes próximas do processo não identificadas, os líderes da energética pública russa já olharam para os números e estão a discutir qual será o próximo passo.

Num encontro com investidores esta semana, em Nova Iorque, o presidente executivo delegado da empresa, Alexander Medvedev, argumentou que os preços baixos do gás que agora existem na Europa já põem o gás liquefeito vindo dos EUA fora da corrida. "Apesar da visão que prevalece no mercado de que o GNL norte-americano pode mudar o modelo de preços em vigor na Europa, na verdade, esse não é de todo o caso", realçou, citado pelo jornal.

Os analistas consideram que um movimento de redução dos preços liderado pela empresa teria um efeito de cascata no mercado energético global, do GNL australiano ao carvão colombiano, além de afectar o petróleo, que já está a afundar. Mas além de pôr os EUA fora de campo, asfixiando a sua recente indústria de gás natural liquefeito, contribuiria para desincentivar novos projectos nesta área.

"Eles não têm escolha", comentou ao FT um oficial do governo de Moscovo. "Eles já estão numa guerra de preços", concretizou.

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