Notícia
Portugal quer ser alternativa ao gás da Rússia
Portugal quer ser a porta atlântica do gás natural para a Europa. A ambição é assumida pelo Governo português e é aplaudida em Bruxelas que pretende aumentar a segurança energética na região face à tensão no Leste da Ucrânia.
Portugal quer dar gás à Europa e posicionar-se como alternativa ao gás russo. Esta é a ambição do Governo português que é vista com bons olhos pela Comissão Europeia.
"Entendemos que a Península Ibérica pode posicionar-se como um hub de gás criando condições para que a dependência energética da Rússia possa ser reduzida", disse o ministro do Ambiente esta quinta-feira, 2 de Julho.
Jorge Moreira da Silva estima que a chegada de gás natural a partir de Portugal e Espanha aos restantes países da União Europeia poderá "reduzir em 40% a dependência europeia de gás da Rússia".
Esta é uma "matéria da maior importância", sublinhou o ministro à margem da conferência-diálogo União da Energia que decorreu em Lisboa.
O gás natural chega à Península Ibérica via marítima ou através de gasodutos a partir do Norte de África ao Porto de Sines e aos sete terminais de gás natural em Espanha.
Mas para enviar gás para o coração da Europa é necessário terminar as interligações energéticas entre a Península Ibérica e França. Neste momento, existe uma meta europeia para aumentar as interligações eléctricas até 10% até 2020.
Para o gás ainda não existem datas definidas para aumentar as interligações, mas o ministro garante que o Grupo de Alto Nível para o Sudoeste Europeu está a trabalhar no sentido de fechar prazos e angariar financiamento junto da União Europeia. Este Grupo é constituído por Portugal, França e Espanha e foi criado esta semana.
A ambição portuguesa de ser uma alternativa à Rússia é bem vista em Bruxelas. Um dos pontos da agenda da Comissão Europeia é precisamente aumentar a segurança energética na região. "Portugal tem um grande potencial e também tem capacidades impressionantes de GNL [gás natural liquefeito], tal como Espanha", disse Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pela União da Energia.
"Se olharmos para as capacidades energéticas da Península Ibérica são sensivelmente as mesmas do volume do gás que importamos anualmente da Rússia", sublinhou o responsável europeu.
Maros Sefcovic conhece bem o dossiê do gás russo. Foi ele que esteve sentado à mesa das negociações entre a Rússia e a Ucrânia sobre o gás natural. Apesar da intermediação da Comissão Europeia, as conversações terminaram esta semana sem acordo, com Kiev a suspender a compra de gás a Moscovo.
"Queremos diversificação e queremos equilibrar a relação com a Rússia que está agora muito afectada com os eventos no Leste da Ucrânia", apontou Maros Sefcovic na quinta-feira em Lisboa.