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EDP vai investir 6,2 mil milhões por ano, quer chegar a 2026 com lucros de 1,5 mil milhões

O novo Plano Estratégico 2023-2026 da EDP prevê um investimento total de 25 mil milhões, com 85% deste envelope dedico a alcançar 33 GW de renováveis. A empresa quer "alavancar o seu modelo de rotação de ativos" e espera alcançar oito mil milhões de euros em receitas e ganhos de capital.

Miguel Baltazar
02 de Março de 2023 às 07:02
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Com as todas as metas de crescimento, ao nível de lucros e EBITDA, previstas para 2023 atingidas já um ano antes, a EDP anunciou na madrugada desta quinta-feira o seu novo Plano Estratégido 2023-2026, que antecipa as metas financeiras de 2025 e acelera o investimento em renováveis, com 25 mil milhões de euros até 2026. 

Deste envelope, a esmagadora maioria - 21 mil milhões - serão investidos em energias renováveis e os restantes quatro mil milhões em redes elétricas, representando um investimento bruto anual de cerca de 6,2 mil milhões de euros. Somam-se ainda 3.000 milhões de euros de investimento em digitalização e inovação. Estes valores representam um reforço de 30% em comparação ao anterior Plano de Negócios. 

"O Plano Estratégico 2023-26 segue uma abordagem seletiva e disciplinada, alocando 85% do investimento a renováveis, clientes e gestão de energia e 15% a redes de eletricidade em mercados de elevado crescimento e baixo risco, em quatro hubs regionais: Europa (40% do investimento), América do Norte (40%), América do Sul (15%) e Ásia-Pacífico (5%)", refere a EDP em comunicado. 

Em termos finanaceiros, e com o investimento anual a crescer 6% entre 2022-26 e com este novo plano estratégico, a EDP prevê atingir em 2026 um EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente de 5,7 mil milhões. Já o rendimento líquido recorrente está previsto para se situar entre 1,4 e 1,5 mil milhões de euros até 2026. 

Além disso, a empresa quer "alavancar o seu modelo de rotação de ativos para potenciar ainda mais o crescimento". Após os 20 mil milhões de euros em rotação de ativos na última década, o grupo espera agora alcançar oito mil milhões de euros em receitas e ganhos de capital até 2026.

O plano estratégico prevê também uma nova política de dividendos que aumentará o retorno para os acionistas, com um rácio de pagamento na ordem dos 60-70% e o dividendo a crescer  gradualmente de 0,19 para 0,20 euros por ação em 2026.

Na EDP Renováveis, a política de dividendos foi revista para um rácio de pagamento de 30-50% a fim de proporcionar uma remuneração flexível aos acionistas e alinhada com o mercado. Para 2026, a EDPR espera alcançar um EBITDA de cerca de 300 milhões e um resultado líquido recorrente de 900 milhões de euros. Quanto à construção de nova capacidade renovável, o foco será "nos mercados com baixo risco": América do Norte (7,4 GW), Europa (5,6 GW), América do Sul (2,2 GW), Ásia/Pacífico (1,2 GW) e Offshore (700 MW).

Dois aumentos de capital: mil milhões para a EDP e mil milhões para a EDP Renováveis

Com o objetivo de "simplificar a estrutura empresarial", a EDP anunciou também o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) de 100% sobre a sua subsidiária cotada EDP Brasil, detida a 56,05% (posição consolidada de 57,55%), visando a sua retirada de bolsa. A oferta será financiada por um aumento de capital de mil milhões de euros na EDP. 

Para esta operação a EDP já tem o compromisso de investidores chineses (China Three Gorges, o seu maior acionista), do fundo soberano de Singapura e da Autoridade de Abu Dhabu, num montante agregado de até 600 milhões de euros. A retirada bolsista da EDP Brasil deverá estar concluída no segundo semestre de 2023.  

"O Brasil é um mercado de grande dimensão com bases sólidas e várias oportunidades na transição energética, onde a EDP continuará a apostar em redes e energias renováveis através de uma remodelação da sua carteira", disse a empresa em comunicado, acrescentando: "Esta operação irá reforçar o foco nos segmentos de energias renováveis e redes, ao mesmo tempo que reduz a exposição à geração hídrica e prevê saída da produção termoelétrica", remata a EDP

Simultaneamente, e com o fim de financiar parcialmente o seu próprio plano de negócios, também a EDP Renováveis irá levar a cabo um novo aumento de capital de mil milhões de euros (depois do último, que teve lugar em 2021) inteiramente suportado por um acordo de investimento com o fundo soberano de Singapura, "um dos principais investidores mundiais a longo prazo". No âmbito desta operação, o novo investidor compromete-se a subscrever novas ações para o aumento de capital.

33 GW de capacidade renovável até 2026 
 
Quanto à capacidade instalada de energia renovável, a EDP quer chegar a 2026 com um total de 33 GW, o que implica novas adições de potência de 18 GW em três anos, a um ritmo de aumento anual de 4,5 GW. A meta da empresa para o final da década é chegar a 2030 com mais de 50 GW. A aposta será sobretudo na eólica onshore (40%), no solar de grande escala (40%), solar distribuído (12%), eólica offshore (5%) e armazenamento e hidrogénio (3%)  

"Estamos a alavancar a força da nossa carteira e infraestruturas como uma vantagem competitiva para uma maior implantação de energias renováveis baseada na hibridização e na repotenciação", frisou a a empresa em comunicado, reiterando o compromisso de "ser neutra em carvão até 2025, 100% verde até 2030 e neutra em carbono até 2040". 

O novo Plano Estratégico prevê ainda 3.000 novas contratações até 2026 (aumentando o número de colaboradores para 14.000) e um investimento de 200 milhões de euros em iniciativas de impacto social. 

"Hoje ampliamos a nossa ambição de liderar a transição energética apoiada por uma carteira competitiva e resiliente, finanças sólidas, uma equipa empoderada e a vontade de contribuir para um mundo climático positivo para as futuras gerações. Este Plano Estratégico reforça a nossa ambição de crescimento, ao mesmo tempo que impulsiona ainda mais o nosso compromisso com o planeta e cria valor superior para todos", afirmou no mesmo comunicado Miguel Stilwell d'Andrade, presidente executivo da EDP.    

Com a grande aposta a concentrar-se na energia eólica em terra e nas centrais solares de grande escala, o eólico offshore vai representar apenas 5% do investimento total, através da joint venture Ocean Winds, "com uma forte expetativa de crescimento para os próximos 10 a 15 anos". 

No segmento das redes de eletricidade, o Plano Estratégico prevê a expansão das linhas de distribuição para 400 mil quilómetros, nove milhões de contadores inteligentes (mais 500 mil face a 2022) e 12 milhões de pontos de acesso (mais 2,5 milhões do que em 2022). 

O plano irá também focar-se no segmento comercial, apostando numa "estratégia de oferta cruzada que combina diferentes soluções como o solar distribuído, os PPA, mobilidade elétrica, serviços, eficiência energética e armazenamento".

O Negócios viajou para Londres a convite da EDP
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