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EDP avança com aumento de capital de mil milhões para financiar OPA à EDP Brasil

Com vista ao aumento de capital, a EDP anunciou acordos de investimento no valor de 600 milhões de euros com o seu maior accionista, a China Three Gorges, e também com o fundo soberano de Singapura GIC Private Limited e a Autoridade de Investimento de Abu Dhabi.

A EDP é a cotada que mais lucrou entre o PSI. Foram 517,6 milhões de euros,       apesar de ter tido o aumento percentual menos expressivo (1,4%).
Paulo Alexandre Coelho
02 de Março de 2023 às 07:03
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A EDP anunciou na madrugada desta quinta-feira uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre 100% do capital social da sua subsidiária EDP Brasil, da qual detém 56%, tendo em vista a aquisição das ações detidas pelos acionistas minoritários. A operação prevê também a retirada de bolsa da EDP Brasil, com o objetivo de "promover a simplificação corporativa". 

O anúncio foi feito em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), poucas horas antes da elétrica apresentar em Londres aos investidores o seu novo Plano Estratégico 2023-26. No âmbito deste novo plano, a EDP quer investir 25 mil milhões de euros até 2026 para desenvolver cerca de 17 GW de nova capacidade renovável. Na sequência da apresentação de resultados da EDP Renováveis, o CEO, Miguel Stilwell, tinham já anunciado o cumprimento antecipado em 2022 das metas previstas para 2023 e o anúncio de novas metas de crescimento com o novo plano estratégico.

No ano passado, a EDP aumentou os seus lucros em 3% para os 679 milhões, mas os resultados ficaram, no entanto, 100 milhões de euros abaixo dos 779,2 milhões esperados pelos analistas ouvidos pela Bloomberg. Portugal teve um impacto muito negativo nas contas da empresa, com perdas recorde de 257 milhões de euros.  

Para financiar a compra da EDP Brasil, e parcialmente o novo plano de investimento, a EDP anunciou em simultâneo a intenção de realizar um aumento de capital, no valor de mil milhões de euros, estando esta transação sujeita ainda "à aprovação pelos órgãos sociais e à verificação de condições de mercado favoráveis".

Também com vista a este aumento de capital, a EDP anunciou ter celebrado esta quarta-feira, 1 de março, acordos de investimento com o seu maior accionista, a China Three Gorges, e também com a Lisson Grove Investment, uma afiliada do fundo soberano de Singapura GIC Private Limited e da Autoridade de Investimento de Abu Dhabi. No seu conjunto, estes investidores comprometem-se em avançar com um montante até 600 milhões de euros.

Simultaneamente, também a EDP Renováveis irá levar a cabo um novo aumento de capital de mil milhões de euros (depois do último levado a cabo em 2021) que será inteiramente suportado por um acordo de investimento com o fundo soberano de Singapura, "um dos principais investidores mundiais a longo prazo". No âmbito desta operação, o novo investidor compromete-se a subscrever novas ações para o aumento de capital.

Já na véspera, a Reuters tinha dado conta que a EDP estava à procura de investimento em troca de capital, de forma a financiar uma possível alavancagem no crescimento da empresa, e que entre os investidores sondados estariam fundos soberanos.  

EDP Brasil fora de bolsa no segundo semestre de 2023.  

A EDP detém diretamente 56,05% da EDP Brasil, mas consolida 57,55% pelo ajuste da detenção de ações próprias. O registo de oferta pública para aquisição da subsidiária brasileira foi já apresentado à Comissão de Valores Mobiliários brasileira.

"Esta operação tem o objetivo de simplificar a estrutura corporativa e organizacional da EDP, conferindo assim maior flexibilidade para a gestão financeira e operacional das respetivas operações no Brasil, e alinhado com a sua estratégia de foco em energias renováveis e redes de eletricidade", explicou a empresa também em comunicado. 

A EDP dispõe-se a pagar aos acionistas minoritários da EDP Brasil um valor de 24 reais por ação (equivalente a um prémio de 22,26% sobre o preço de fecho por ação da sessão de bolsa de 1 de março, 19,63 reais). Estarão sujeitas à oferta pública de aquisição mais de 240 milhões de ações. 

A avaliadora independente contratada pela EDP para esta operação é a Ernst & Young, enquanto a  instituição financeira brasileira Banco BTG Pactual atuará como intermediária da OPA, sendo responsável pela liquidação financeira. Também os bancos Morgan Stanley, BTG Pactual e as sociedades de advogados Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados foram contratados como assessores financeiros e legais, respetivamente, no âmbito da OPA.

"O Brasil é um mercado de grande dimensão com bases sólidas e várias oportunidades na transição energética, onde a EDP continuará a apostar em redes e energias renováveis através de uma remodelação da sua carteira", disse a EDP em comunicado.

Desde 1995, a EDP Brasil cresceu com mais duas concessões de distribuição de eletricidade com 3,8 milhões de clientes, linhas de transmissão com mais de 2 mil quilómetros e 2GW de capacidade hidroelétrica. A EDP Renováveis Brasil, fundada em 2009, tem 1,1 GW de renováveis em atividade.

"Esta operação irá reforçar o foco nos segmentos de energias renováveis e redes, ao mesmo tempo que reduz a exposição à geração hídrica e prevê saída da produção termoelétrica", remata a EDP. 

O Negócios viajou para Londres a convite da EDP
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