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Vendas dos supermercados subiram 8% em 2020. Retalho especializado afundou 18%
Num ano "particularmente complicado" para o retalho, as vendas do setor alimentar aumentaram 8,1% para 15,6 mil milhões de euros, revelou esta terça-feira a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).
No retalho alimentar, os supermercados registaram uma subida acentuada das vendas de congelados (17,6%), produtos perecíveis (11,5%) e bebidas (10,9%). Os números refletem as mudança de hábitos dos portugueses, decorrentes dos períodos de confinamento e do teletrabalho, justifica a APED. Neste período, notou-se ainda um maior investimento na qualidade dos produtos. Por outro lado, as marcas próprias fecharam o ano com uma quota de mercado de 35,1%, mais 1,4 pontos percentuais (p.p.) face ao ano anterior, enquanto as marcas de fabricante perderam 1,4 p.p.
No retalho especializado, a categoria de vestuário foi a mais penalizada pelas restrições da pandemia, ao recuar 32,5% em vendas para 1,4 mil milhões de euros. Foi um dos setores mais "fustigados por medidas que tiveram um impacto tremendo no retalho especializado", sublinhou Lobo Xavier. Nos combustíveis, a quebra foi de 29% e nos livros de 16,6%.
No sentido inverso destacou-se o setor da informática, que registou uma subida nas vendas de 23,1%, graças à subida expressiva da procura por computadores portáteis (31,1%) e tablets (25,5%), motivada pelo teletrabalho e a telescola. Nos pequenos eletrodomésticos, evidenciou-se a procura por aspiradores (29,4%), máquinas de preparação de alimentos (24,7%) e máquinas de bebidas, nomeadamente de café (23,9%). Por sua vez, a venda de smartphones caiu -6,5% face a 2019.
Em 2020, abriram 30 lojas de retalho alimentar e 15 espaços de não alimentar, face a 32 encerramentos no retalho alimentar e apenas 4 encerramentos no ramo não alimentar.
No geral, o responsável da APED considera que os números demonstram "a resiliência do setor" e a "vontade de crescer", num ano em que tiveram de ser feitos "investimentos significativos" na segurança das lojas, que em alguns casos ascenderam a um acréscimo de 2% ou 3% dos orçamentos definidos para 2020. Para o setor recuperar, remata Gonçalo Lobo Xavier, precisa "de estímulos, não só financeiros mas de legislação, de enquadramento e de regras equilibradas do ponto de vista da saúde pública e da economia".