Notícia
Sindicatos denunciam clima de "terror" e "assédio moral" na banca
No parlamento, as estruturas sindicais falaram também da concertação das instituições nos processos de despedimento e redução de pessoal. Os presidentes executivos do BCP e do Santander vão ser ouvidos esta tarde pelos deputados.
29 de Julho de 2021 às 14:51
Os sindicatos do setor bancário hoje ouvidos no parlamento denunciaram o clima de "terror" e "assédio moral" vivido na banca e reforçaram as suspeitas de que existe concertação das instituições nos processos de despedimento e redução de pessoal.
As sete estruturas sindicais foram ouvidas esta manhã na comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social a pedido do grupo parlamentar do PSD, na sequência dos recentes anúncios de mais despedimentos na banca portuguesa.
Os sindicatos são o Mais Sindicato, Sindicato de Bancários do Norte, Sindicato dos Bancários do Centro, Sintaf, Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários, Sindicato de Trabalhadores das Empresas do grupo Caixa Geral de Depósitos e Sindicato Independente da Banca.
Na sessão, a deputada social-democrata Lina Lopes manifestou preocupação com a anunciada redução de um número significativo de trabalhadores por parte dos bancos Santander e BCP, apresentando como justificação um alegado impacto da pandemia e a nova realidade da digitalização.
"Estas ameaças geram instabilidade no setor laboral bancário e podem colocar em causa instituições que consideramos essenciais no panorama económico nacional e social", sublinhou.
Os sindicatos foram unânimes em lamentar os processos anunciados pelas instituições bancárias de redução de pessoal, ao mesmo tempo que apresentam lucros.
Para os sindicatos presentes, a figura do despedimento coletivo está a servir como forma de "intimidação" e "pressão" para levar os trabalhadores a aceitar sair com receio de ter uma situação pior mais tarde e falam até em "assédio moral" e da alimentação de um "clima de terror" entre os funcionários.
Questionados pelos deputados sobre as suspeitas de cartelização destes processos, as estruturas foram também unânimes em considerar que existe uma "concertação" da atuação e pedem a intervenção da autoridade da concorrência nestes processos de despedimento e de encerramento de agências e também do Banco de Portugal.
Assim, para os representantes dos sindicatos, parecem existir "conversas entre bancos" sobre a política de redução do pessoal, do modelo de distribuição dos balcões, em processos que parecem estar a ser "bem instrumentalizados e organizados".
As estruturas referiram, a propósito, as semelhanças dos processos entre os bancos, que recorrem aos mesmos gabinetes jurídicos e apresentam os mesmos valores compensatórios, cartas e formas de abordagem idênticas e prazos e minutas semelhantes.
A audição dos sindicatos decorre na semana em que o presidente do BCP, Miguel Maya anunciou que deverão sair do banco mais de 800 trabalhadores, abaixo da meta inicial de 1.000, mas que depende dos funcionários que aceitarem rescindir e mantém a possibilidade de recurso ao despedimento coletivo.
O anúncio foi feito durante a apresentação de resultados do primeiro semestre, onde a instituição apresentou um lucro de 12,3 milhões de euros.
No dia 13 de julho, os sete sindicatos do setor bancário promoveram uma manifestação em frente à Assembleia da República, contra os despedimentos, deixando em cima da mesa a realização de uma greve nacional.
Na semana passada, a UGT enviou uma carta ao primeiro-ministro, António Costa, em que disse suspeitar de cartelização entre os grandes bancos para uma redução de postos de trabalho no setor.
Miguel Maya negou a existência de cartelização e disse que o que se passa é que cada banco avalia as mudanças na indústria e toma medidas.
O Santander Totta tem um plano de reestruturação que prevê a saída de mais 685 pessoas através de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo (sem acesso a subsídio de desemprego), depois de centenas já terem saído desde setembro de 2020. A comissão de trabalhadores estima que as saídas ascendam a 1.400 funcionários entre setembro de 2020 e o mesmo mês deste ano.
Os presidentes executivos do BCP e do Santander Totta, Miguel Maya e Pedro Castro e Almeida, respetivamente, serão ouvidos também hoje à tarde pela mesma comissão.
As sete estruturas sindicais foram ouvidas esta manhã na comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social a pedido do grupo parlamentar do PSD, na sequência dos recentes anúncios de mais despedimentos na banca portuguesa.
Na sessão, a deputada social-democrata Lina Lopes manifestou preocupação com a anunciada redução de um número significativo de trabalhadores por parte dos bancos Santander e BCP, apresentando como justificação um alegado impacto da pandemia e a nova realidade da digitalização.
"Estas ameaças geram instabilidade no setor laboral bancário e podem colocar em causa instituições que consideramos essenciais no panorama económico nacional e social", sublinhou.
Os sindicatos foram unânimes em lamentar os processos anunciados pelas instituições bancárias de redução de pessoal, ao mesmo tempo que apresentam lucros.
Para os sindicatos presentes, a figura do despedimento coletivo está a servir como forma de "intimidação" e "pressão" para levar os trabalhadores a aceitar sair com receio de ter uma situação pior mais tarde e falam até em "assédio moral" e da alimentação de um "clima de terror" entre os funcionários.
Questionados pelos deputados sobre as suspeitas de cartelização destes processos, as estruturas foram também unânimes em considerar que existe uma "concertação" da atuação e pedem a intervenção da autoridade da concorrência nestes processos de despedimento e de encerramento de agências e também do Banco de Portugal.
Assim, para os representantes dos sindicatos, parecem existir "conversas entre bancos" sobre a política de redução do pessoal, do modelo de distribuição dos balcões, em processos que parecem estar a ser "bem instrumentalizados e organizados".
As estruturas referiram, a propósito, as semelhanças dos processos entre os bancos, que recorrem aos mesmos gabinetes jurídicos e apresentam os mesmos valores compensatórios, cartas e formas de abordagem idênticas e prazos e minutas semelhantes.
A audição dos sindicatos decorre na semana em que o presidente do BCP, Miguel Maya anunciou que deverão sair do banco mais de 800 trabalhadores, abaixo da meta inicial de 1.000, mas que depende dos funcionários que aceitarem rescindir e mantém a possibilidade de recurso ao despedimento coletivo.
O anúncio foi feito durante a apresentação de resultados do primeiro semestre, onde a instituição apresentou um lucro de 12,3 milhões de euros.
No dia 13 de julho, os sete sindicatos do setor bancário promoveram uma manifestação em frente à Assembleia da República, contra os despedimentos, deixando em cima da mesa a realização de uma greve nacional.
Na semana passada, a UGT enviou uma carta ao primeiro-ministro, António Costa, em que disse suspeitar de cartelização entre os grandes bancos para uma redução de postos de trabalho no setor.
Miguel Maya negou a existência de cartelização e disse que o que se passa é que cada banco avalia as mudanças na indústria e toma medidas.
O Santander Totta tem um plano de reestruturação que prevê a saída de mais 685 pessoas através de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo (sem acesso a subsídio de desemprego), depois de centenas já terem saído desde setembro de 2020. A comissão de trabalhadores estima que as saídas ascendam a 1.400 funcionários entre setembro de 2020 e o mesmo mês deste ano.
Os presidentes executivos do BCP e do Santander Totta, Miguel Maya e Pedro Castro e Almeida, respetivamente, serão ouvidos também hoje à tarde pela mesma comissão.