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Caixa Geral de Depósitos tem 70% dos balcões "completamente inoperacionais", diz sindicato

Os números da adesão à greve ainda não estão fechados, mas o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD afirma que há agências a trabalhar "apenas com o gerente e um estagiário". A CGD garante ter "80% das agências abertas".

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09 de Agosto de 2021 às 13:43
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Cerca de 70%, ou "talvez um pouco mais", da rede comercial da Caixa Geral de Depósitos (CGD) está "completamente inoperacional" esta segunda-feira, em resultado da greve dos trabalhadores do banco público. A estimativa é avançada ao Negócios por Pedro Messias, presidente da direção do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC). 

Apesar de os números de adesão ainda não estarem contabilizados, o responsável antecipa que esta seja "grande", e que revele "uma grande demonstração de força dos trabalhadores da CGD". 

"A CGD pode vir a dizer que as agências não fecharam, mas a verdade é que estão apenas a funcionar com um trabalhador. Noutras situações, funcionam apenas com o gerente e com um estagiário. Isto não é razoável, não se pode dizer que a CGD esteja a funcionar" ressalva Pedro Messias. 

Em comunicado, a CGD contrapõe as estimativas do sindicato. Segundo o banco público, "a Caixa entende que as razões invocadas pelos sindicatos aderentes à greve de hoje banalizam o direito à greve, como é demonstrado pela adesão dos colaboradores, inferior em 50%, em relação à última greve de 2018". 

Na mesma nota, a CGD garante ter "80% das agências abertas", além de ter processado "um volume de transações digitais superior em 4% (às 12 horas) face ao período homólogo do ano anterior". 

Sindicato contesta tabela salarial

A revisão da tabela salarial e o que consideram ser "assédio" por parte da empresa estão na base do protesto desta segunda-feira. "Os trabalhadores estão a responder ao atropelo que está a ser feito à contratação coletiva e ao clima de instabilidade que se vive na empresa", resume Pedro Messias.

"Não faz sentido que se fale em reajustamento do quadro de pessoal, quando todos os indicadores da CGD são positivos, nomeadamente em termos de lucros. E ainda perspetivam entregar cada vez mais lucros ao acionista. Por isso, não há razoabilidade para que se continue a falar em reajustamento dos quadros de pessoal", destaca o mesmo responsável.

"Não é razoável que o plano 2021-2024, que nós desconhecemos em absoluto, fale em reajustamentos do quadro de pessoal. Essa é outra matéria. A CGD diz que não tem condições para nos apresentar uma contraproposta de tabela salarial, mas tem condições para apresentar um plano que vai até 2024", continua o dirigente sindical.

"Também não é razoável que o seu presidente tenha afirmado que a CGD está atenta à concentração bancária. Isso quer dizer que estão a despedir trabalhadores para depois ganharem escala e comprarem um banco e meter mais trabalhadores?", questiona Pedro Messias. 

A CGD contesta a posição do sindicato. "A Caixa Geral de Depósitos tem uma tabela de remunerações muito acima dos restantes bancos com quem concorre. Em 2020, a Caixa foi o primeiro banco a fechar a negociação da tabela salarial com os sindicatos, logo em janeiro. Em 2021, Caixa comprometeu-se com os sindicatos a apresentar uma proposta em Setembro", refere o banco liderado por Paulo Macedo. 

"Nunca esteve, nem está, em cima da mesa qualquer hipótese de um despedimento coletivo na Caixa Geral de Depósitos. Pelo contrário, para os colaboradores que têm escolhido sair, as condições de saída, quer seja por pré-reforma ou mútuo acordo têm sido das mais favoráveis da banca portuguesa", refere a CGD na mesma nota. 

CGD condena timing da greve

Em comunicado, o STEC fala em "pressões e ameaças" e "transferências à pressa para substituir os trabalhadores em greve". O sindicato refere que a administração da CGD "tudo tem feito para minimizar a adesão à greve, não permitindo sequer a marcação de greve aos trabalhadores que, estando de férias, manifestaram vontade de aderir à mesma, não permitindo ainda informar os clientes que o encerramento das agências se deve à greve". 

Já a CGD refere que a paralisação "demonstra insensibilidade por parte das estruturas sindicais que a convocaram, prejudicando alguns dos mais vulneráveis, mais desfavorecidos e com menor literacia financeira", por ter sido convocada "para o dia em que muitos portugueses recebem as suas pensões e pretendem honrar pontualmente os seus compromissos". 

Quanto aos resultados da paralisação, Pedro Messias espera "um novo posionamento da CGD, no sentido em que venham falar com as estruturas representativas dos trabalhadores". O sindicato pede "reuniões concretas, onde se resolvam os problemas dos trabalhadores". 

Em cima da mesa, estão já "novas formas de luta", caso as reivindicações são sejam ouvidas. "Vamos aguardar que a CGD tire as devidas ilações deste protesto", conclui Pedro Messias.

A CGD remata referindo que "o caminho feito nos últimos anos consolidou as condições para que nos próximos anos tenhamos uma Caixa Geral de Depósitos relevante no setor bancário nacional e com saúde financeira. Uma Caixa que, ao invés de se ver obrigada a vir pedir para novamente onerar os contribuintes, seja capaz de cumprir a missão de devolver os montantes que os portugueses lhe confiaram no plano de capitalização".

(Atualizada às 14h com a reação da CGD)
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