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"Não sou pacífico, mas também não sou turbulento"

Américo Amorim vai ser "chairman" da Galp. Ferreira de Oliveira fica como presidente executivo

30 de Março de 2012 às 00:01
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Negócio fechado. A Amorim Energia assinou um acordo que lhe vai permitir comprar até 15,34% da participação de 33,34% que a Eni possui na Galp. O acordo foi comunicado ontem, após o fecho de mercado, tal como o Negócios havia antecipado.

A par da mudança na estrutura accionista, haverá alterações na administração. Américo Amorim vai ocupar o lugar "chairman" e Manuel Ferreira de Oliveira irá continuar como presidente executivo. O próprio empresário confirmou ao Negócios estas escolhas.

Sobre o facto de ser "chairman", Américo Amorim diz que é um lugar "igual a outros" que já exerce, e que o desempenhará de acordo com as suas características. "Não sou Pacífico, mas também não sou turbulento", afirmou.

Américo Amorim, Ferreira de Oliveira e Carlos Costa Pina, administrador, são assim três nomes já garantidos na nova administração que será eleita numa assembleia-geral que deverá ocorrer entre final de Abril e princípio de Maio.

O documento, subscrito pelos signatários do acordo parassocial – Amorim Energia, Eni e Caixa Geral de Depósitos –, estabelece que a Amorim Energia compre, nos próximos cinco meses, 5% da participação da Eni. Numa segunda fase, entre seis meses a um ano, a Amorim Energia poderá adquirir mais 5%. A "holding", detida a 55% por Américo Amorim e a 45% pelos angolanos da Esperaza, terá ainda o direito de primeira oferta sobre os remanescentes 5,34%. Ao fecho de mercado de ontem, 5% valiam 528,6 milhões de euros.

Quanto aos 18% que ficam fora deste compromisso, o acordo define que os italianos da Eni poderão aliená-los recorrendo a uma OPV (oferta pública de venda) ou através de uma colocação privada junto de investidores institucionais. Neste âmbito, as três partes chegaram também a um acordo para convocar uma assembleia-geral destinada a alterar os estatutos e a eleger os novos corpos sociais da petrolífera portuguesa. Já a CGD deverá também vender em mercado a participação de 1% que tem na petrolífera, o que está contemplado no acordo assinado ontem.

Uma janela para a Sonangol

O grande enigma, à margem deste acordo, é o de saber como é que a Sonangol terá uma posição directa na Galp. A petrolífera angolana tem insistido nesta pretensão, mas na informação prestada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) não há uma única referência a essa possibilidade. Em termos de cenários, a Sonangol poderá mesmo comprar até 10,34%, desde que a Amorim Energia avalize a operação.

Esta possibilidade emerge no quarto ponto do comunicado. A Amorim Energia "terá um direito de adquirir, ou de indicar um terceiro para adquirir no prazo de 12 meses, a contar da data da assinatura do acordo, uma participação correspondente a 5% do capital da Galp Energia e um direito de primeira opção de compra, para a Amorim Energia ou para um terceiro a indicar pela mesma, de um mínimo de entre 5,34% e 10,34% do capital da Galp Energia, consoante seja exercido, para o todo ou parte das acções, o direito de adquirir 5% do capital do Galp".


















SONANGOL E ENI NEGOCEIAM REFINARIA ANGOLANA


O acordo entre Américo Amorim, a Sonangol e a Eni para a recomposição accionista da Galp mexe com outros interesses além da petrolífera portuguesa. A Sonangol está a negociar com vários grupos (Eni, Total e BP) a venda de 50% do projecto da refinaria do Lobito, sendo que as conversações com a Eni são as mais avançadas, segundo revelou a empresa angolana no início deste mês, na apresentação das contas de 2011. Lobito é um dos projectos mais relevantes para a Sonangol, dado que a refinaria hoje existente em Luanda não chega para abastecer todo o mercado angolano, que em 2011 teve um aumento de 15% nas importações de refinados. A Eni e a Sonangol já são aliadas no consórcio Angola LNG (detêm 13,6% e 22,8%, respectivamente), que começa este ano a produzir gás natural liquefeito, com uma capacidade anual de 6,8 mil milhões de metros cúbicos (BCM), mais que o consumo português de gás (cinco BCM por ano). Com a crise na Líbia, Angola passou a ser uma das regiões de África mais promissoras para a Eni.




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