A cidade de Aveiro vai passar a ser a partir desta quarta-feira o quartel-general do centro de inovação da Altice. Uma escolha que já tinha sido anunciada em Novembro do ano passado, mas que será agora concretizada formalmente num evento que contará com o fundador do grupo, Patrick Drahi (na foto).

Esta será a primeira vez que o chairman do grupo Altice, que comprou a PT Portugal em Junho de 2015, marca presença num evento público em terras lusas. Uma presença que explica, e reforça, as intenções já anunciadas da Altice em apostar em inovação.

A mudança do coração do centro de  inovação da Altice para Portugal, para a até agora PT Inovação, deve-se "à recente organização da Altice", a qual transformará  Aveiro  "no quartel-general", explicou Alexandre Fonseca, responsável executivo da Altice Labs Portugal, durante a apresentação do novo projecto.

O administrador da dona da Meo explicou, contudo, que o Altice Labs "não ficará confinado a Portugal".  Também serão abertas delegações em outros países como Israel, República Dominicana, França e EUA.

A escolha da nova casa do centro da Altice "recaiu em Aveiro porque existe um conjunto de potenciais que têm que ser explorados a nível internacional", nomeadamente os recursos humanos e a capacidade de transformar ideias em produtos.

Questionado sobre se a eleição de Portugal para acolher a fábrica de inovação da Altice estava relacionada com aspectos económicos, de poupança de mão-de-obra por exemplo, o gestor refutou a ideia: "É verdade que há um racional económico – mas não tem de ser necessariamente por ser a geografia mais barata. Tem a ver com o facto de termos profissionais altamente qualificados, ao nível do que acontece em qualquer outras das geografias onde operamos, incluindo os Estados Unidos, França ou Israel – temos um nível altíssimo e obviamente o custo laboral, comparado com outras geografias, é relativamente mais reduzido. Não é apenas termos mão-de-obra barata. É um custo mais racional – é uma vantagem mais competitiva que o país devia utilizar mais".

Quanto ao investimento, o ex-CEO da Cabovisão, que passou pelas mãos da Altice também, escusou-se a adiantar números, sublinhando que esta aposta mostra "claramente o foco da Altice em investimento em inovação, liderança e tecnologia.

Cerca de 70% dos engenheiros baseados em Portugal

No total, a nova organização de inovação da Altice vai arrancar com 1.000 engenheiros em todo o mundo, dos quais cerca de 70% baseados em Portugal.

Apesar de o Altice Labs arrancar formalmente hoje em Aveiro, o centro de inovação de Aveiro já está a desenvolver cerca de meia centena de projectos para os vários mercados onde as empresas da Altice estão presentes, mas não só. Como Alexandre Fonseca explicou, o centro de Aveiro serve não só os 15 territórios onde a Altice tem empresas, mas também "o mercado tas telecomunicações como um todo".

Um dos eixos estratégicos da unidade  Altice Labs vai passar pelo estabelecimento de parcerias com academias, além da Universidade de  Aveiro, e com start-ups. Um caminho que já era seguido pela PT Inovação, mas que agora será reforçado a nível global, incluindo com start-ups nos EUA, a casa-mãe de algumas das gigantes tecnológicas mundiais que começaram como start-ups.

Além de hardware, como modems, servidores ou routers, o centro de investigação em Aveio também está a trabalhar em soluções para a rede 5G, uma das principais apostas da Europa para voltar a liderar na inovação tecnológica, tendo em conta que a última vez que ocupou o pódio neste campo foi com a rede GMS.

A Altice também quer ter uma palavra a dizer nesta área. Dos 19 projectos para o desenvolvimento co-financiados com apoios comunitários, o grupo de Patrick Drahi lidera quatro desses consórcios. E não quer ficar por aqui.

De acordo com Alexandre Fonseca, faz parte dos planos continuar a investir nesta área e concorrer a novos fundos europeus.

O evento da apresentação formal do Altice Labs vai contar também com a presença de Armando Pereira, chairman da PT Portugal, Paulo Neves, CEO da PT Portugal, e ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.