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Portugal perde "fôlego" nas fusões e aquisições

Quando Belmiro de Azevedo lançou a já defunta oferta pública de aquisição (OPA) sobre o grupo PT disse-se que o mercado de fusões e aquisições (M&A) nunca mais seria o mesmo em Portugal. No entanto, as 33 operações anunciadas este ano, com um valor to

27 de Março de 2007 às 06:15
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Quando Belmiro de Azevedo lançou a já defunta oferta pública de aquisição (OPA) sobre o grupo PT disse-se que o mercado de fusões e aquisições (M&A) nunca mais seria o mesmo em Portugal. No entanto, as 33 operações anunciadas este ano, com um valor total de 448 milhões de euros, desmentem essas previsões.

Desde 1996 que não se registava um início de ano tão fraco em termos de volume de operações de consolidação a envolver empresas nacionais. Entre Janeiro e Março desse ano, o valor das operações de M&A totalizavam 30 milhões de euros. Comparando o 1º trimestre de 2007 com todos os outros, os dados fornecidos pela "Thomson Financial" ao Jornal de Negócios revelam que os primeiros três meses de 2007 são o pior período desde o segundo trimestre de 2002, altura em que as bolsas mundiais estavam a meio do "crash".

Há um ano, com o anúncio das OPA sobre a Portugal Telecom e o Banco BPI, o volume registado era o maior de sempre, colocando Portugal no topo do "ranking" dos países mais activos na Europa em termos de M&A. Este ano, o mercado global cresce e Portugal estagnou.

Os volumes de fusões e aquisições anunciadas até 23 de Março em todo o mundo totalizam 903,7 mil milhões de dólares (677,7 mil milhões de euros), mais 10,9% que no mesmo período de 2006. Os dados da "Thomson Financial" revelam que este é o melhor primeiro trimestre desde 2000.

Prémios de OPA sobem

Mais dos que um crescimento do número de operações, esta evolução prende-se com uma subida substancial dos valores das operações. Numa conferência por telefone na passada semana, o especialista da Standard&Poor"s Clive McDonnell revelava que "o prémio médio das empresas europeias alvos de oferta face ao seu valor em bolsa cresceu de 18% em 2006 para 21% em 2007. Um valor com tendência para crescer ainda mais, já que nos EUA este valor se situa acima dos 30%".

O volume das dez maiores ofertas em todo o mundo é de 317,8 mil milhões de euros, mais de 35% do total. E o dia de ontem foi particularmente activo. Foram anunciados dois dos três maiores negócios falados este ano: o interesse da Acciona e da italiana Enel na Endesa e a OPA que a Porsche vai ter de lançar sobre a Volkswagen. Com valores estimados de 57,9 e 57,2 mil milhões de dólares, respectivamente, estas duas operações representam 12,7% do total em 2007. E note-se que os cerca de 80 mil milhões de dólares que os analistas esperam que valha a fusão do ABN Amro com o Barclays não estão considerados nestes valores, pois ainda não houve divulgação oficial dos números envolvidos nas conversações.

Novo recorde em 2007

A Europa, onde se originam estes três negócios, deve continuar a registar operações com este tamanho até ao final do ano, consideram os especialistas. Em declarações à Reuters, membros do ABN Amro consideram que "a actividade de M&A atingiu novos máximos históricos em 2006 na Europa e a tendência de crescimento deverá continuar em 2007.

O baixo custo dos créditos deixam espaço para a continuação de arbitragem entre o endividamento dos compradores e a compra de acções das empresas alvo". Os especialistas consideram que, no limite, um comprador pode pagar por um grupo até 27 vezes o volume das receitas que ele pode gerar e mesmo assim consegue um retorno igual àquele que pode obter no mercado monetário da Zona Euro, onde o Banco Central Europeu "oferece" 3,75%.

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