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S&P coloca Boeing sob vigilância negativa em plena greve na companhia

A agência de "rating" tem agora a construtora aeronáutica norte-americana em "credit watch" com implicações negativas, num escrutínio que pode valer uma descida da classificação.

Mike Kane Bloomberg
08 de Outubro de 2024 às 22:29
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A agência de notação financeira Standard & Poor’s anunciou esta terça-feira, 8 de outubro, que colocou o rating da Boeing sob vigilância negativa. Isto numa altura em que cerca de 33.000 trabalhadores da construtora aeronáutica norte-americana continuam em greve – o que levou à suspensão da produção dos seus aviões mais vendidos.

A acontecer um "downgrade", a Boeing ficará na categoria de investimento especulativo – o chamado "lixo". A S&P estima que a empresa incorrerá numa perda de capital de aproximadamente 10 mil milhões de dólares em 2024, devido em parte aos custos associados com a greve.

É também possível que a Boeing venha a precisar de financiamento adicional para atender às suas necessidades diárias e para financiar o reembolso da dívida nas suas datas de vencimento, diz a agência. A construtora, referiu a Moody’s no mês passado, tem 4 mil milhões de dólares de dívida que vence em 2025 e 8 mil milhões com maturidade em 2026.

As empresas com rating de "junk" deparam-se habitualmente com custos de financiamento mais elevados do que as suas congéres com classificações na categoria de investimento de qualidade.

O sindicato International Association of Machinist (IAM – que representa os trabalhadores da empresa), cujos membros estão em greve há 26 dias, reivindica um aumento de 40% dos salários ao longo dos próximos quatro anos.

A greve, em vigor desde 13 de setembro, é a primeira da fabricante aeroespacial nos últimos 16 anos e acontece numa altura em que a Boeing enfrenta múltiplos desafios, como as sequelas da imobilização – por questões de segurança – do seu 733 Max, da queda das viagens aéreas provocada pela pandemia e dos problemas de qualidade que levaram a restrições na produção.

Foi em janeiro deste ano que os reguladores de segurança aérea dos EUA impuseram limites à produção de aviões 737 Max da Boeing, depois de um incidente num voo da companhia Alaka Airlines. Nessa altura, a Administração Federal da Aviação (FAA) deixou caminho aberto para que esses aviões retomassem os voos após as inspeções, mas o aumento do fabrico dessa linha ficou suspenso.

A decisão surgiu depois de, a 5 de janeiro, durante um voo da Alaska Airlines, a porta esquerda do Boeing 737-9 Max se ter soltado da cabine em pleno voo, causando a queda de uma janela e de um pedaço da fuselagem e a despressurização da aeronave. O avião aterrou de emergência passados 35 minutos, sem registo de feridos.

Esta série 9 do Boeing 737, a mais recente, tem estado assim envolta em problemas, depois de o mesmo já ter acontecido com a série 8 – com essas aeronaves a manterem-se no chão durante 20 meses depois das quedas de aviões em 2018 e 2019 que causaram a morte de 346 pessoas.

O grupo aeronáutico anunciou no final de julho que agravou os prejuízos para 1,79 mil milhões de dólares no primeiro semestre e indicou também a nomeação de Kelly Ortberg para liderar a empresa, a partir de 8 de agosto. O anterior CEO, Dave Calhoun, tinha já anunciado em março que sairia antes do fim do ano, devido aos graves incidentes que afetaram a imagem da companhia.

(notícia atualizada às 22:38)

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