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Pandemia faz aumentar custo do risco de crédito na banca

Análise do Banco de Portugal ao sistema bancário no terceiro trimestre revela que a rendibilidade da banca continua em queda. O malparado também diminuiu.

9º Banco de Portugal
31 de Dezembro de 2020 às 12:07
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A rendibilidade da banca portuguesa continua em queda. Segundo os dados publicados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal, relativos à evolução da banca nacional no terceiro trimestre, a rendibilidade do ativo (ROA) caiu 0,42 pontos percentuais no terceiro trimestre de 2020, para 0,15%. No mesmo período de 2019, situava-se nos 0,57%. É preciso recuar a 2017 para encontrar um valor tão baixo.


Também a rendibilidade do capital próprio (ROE) mantém a trajetória de descida dos últimos meses, tendo caído 4,5 pontos percentuais para 1,7%, um valor que compara com os 6,2% registados no mesmo período do ano passado.


Segundo o BdP, "a redução do ROA refletiu o aumento significativo das imparidades para crédito e, em menor grau, a redução dos resultados com operações financeiras".


Ao mesmo tempo, a banca assistiu a uma subida do custo do risco de crédito, em 0,49 pontos percentuais, situando-se em 1,0% no fim do terceiro trimestre. Esta subida, esclarece a instituição liderada por Mário Centeno, "está associada ao impacto da pandemia de COVID-19".


Já o rácio cost-to-income aumentou 1 ponto percentual face ao homólogo, para 58,1%. "Esta evolução resultou de uma diminuição do produto bancário (-6,9%) superior à redução dos custos operacionais (-5,2%)", explica o supervisor da banca.


Por outro lado, o relatório revela ainda que, devido às moratórias, o rácio de crédito malparado não está a subir. O rácio de empréstimos não produtivos diminuiu 0,2 pontos percentuais, para 5,3%, "refletindo uma diminuição dos NPL (-4,9%) superior à dos empréstimos em denominador (-1,0%)".


O rácio de NPL líquido situou-se em 2,3%, o que traduz uma quebra de 0,3 pontos percentuais.


No que toca às empresas, o rácio de empréstimos não performativos situou-se em 10,6%, uma descida de 0,6 pontos percentuais. Já no caso dos particulares, o indicador cifrou-se em 3,5%, o que significa que caiu 0,2 pontos percentuais. "Em ambos os casos a redução do rácio resultou da diminuição do numerador (NPL)".


A análise do BdP conclui ainda que a solvabilidade da banca foi reforçada no terceiro trimestre. Os rácios de fundos próprios totais e de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) aumentaram 0,3 pontos percentuais e 0,2 pontos percentuais, respetivamente. No final do trimestre, o primeiro situava-se em 17,6% e o segundo em 14,9%.


O supervisor justifica a evolução com "a diminuição dos ativos ponderados pelo risco (-1,6%)". Ao mesmo tempo, os fundos próprios totais e principais de nível 1 mantiveram-se estáveis, tal como o rácio de alavancagem, que se situou em 7,6%, um nível "significativamente acima do mínimo de referência definido pelo Comité de Supervisão Bancária de Basileia", de 3%, que será obrigatório a partir de 28 de junho de 2021.


No final do trimestre, o ativo total do setor bancário português diminuiu 0,4%, devido "à redução das disponibilidades em bancos centrais (-9,7%)".


O rácio de transformação aumentou 0,6 pontos percentuais, para 85,2%, "refletindo a diminuição dos depósitos de clientes (-0,6%)".


Os empréstimos a clientes mantiveram-se estáveis, revela o BdP, enquanto o financiamento obtido junto de bancos centrais aumentou 1,3%, "passando a representar 7,8% do ativo, mais 0,1 pontos percentuais.


O rácio de cobertura de liquidez registou uma descida de 20,7 pontos percentuais, fixando-se em 235,9%. Uma evolução que "assentou na redução dos ativos de elevada liquidez (-1,9%) e no aumento das saídas líquidas de caixa (6,7%)", conclui o BdP.

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