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Rendibilidade da banca em queda

No primeiro semestre a rendibilidade da banca portuguesa caiu para os níveis mais baixos desde a crise financeira. O malparado continuou a diminuir e a solvabilidade aumentou.

O impacto da pandemia que está a assolar Portugal, e o resto do mundo, vai      limitar os planos dos bancos para reduzir o crédito malparado.
David Cabral Santos
30 de Setembro de 2020 às 11:54
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A rendibilidade da banca está ao nível mais baixo desde a crise financeira. Segundo os dados do Banco de Portugal referentes ao primeiro semestre deste ano do sistema bancário português, a rendibilidade do ativo (ROA) do setor situou-se nos 0,08%, um valor que só se encontra mais baixo em 2017. Estes 0,08% resultam numa redução de 0,48 pontos percentuais face ao período homólogo de 2019.

Também a rendibilidade do capital próprio (ROE) caiu para 0,9%, face aos 6% um ano antes.

"A redução acentuada do ROA refletiu, essencialmente, um aumento significativo das imparidades para crédito e, em menor grau, uma redução dos resultados com operações financeiras", salienta o Banco de Portugal no relatório sobre o sistema bancário português. O que levou a um custo maior do risco de crédito de 0,52 pontos percentuais, situando-se em 0,93%.

De acordo com os dados do Banco de Portugal, no primeiro semestre de 2017, o ROA situou-se nos 0,3% e o ROE nos 3,9%, mas no final desse ano os indicadores ficaram negativos pelo segundo ano consecutivo.

O rácio do resultado operacional da banca, que é medido pelo "cost-to-income", aumentou 0,7 pontos, para
58%. O que ficou a dever-se à diminuição do produto bancário (4,5%) que foi superior à redução dos custos operacionais (3,3%).

As imparidades registadas devem-se ao impacto da pandemia da covid-19, explica o Banco de Portugal.

Mas devido à existência de moratórias o rácio de malparado não está a crescer. Assim, no segundo trimestre de 2020, o rácio de empréstimos não performativos (NPL na sigla inglesa) diminuiu 0,5 pontos percentuais, para 5,5%, o que ficou a dever-se a uma diminuição de malparado, mas principalmente ao aumento dos empréstimos totais. O rácio de NPL líquido situou-se em 2,6%, o que representa uma descida de 0,3 pontos.

No caso das empresas, o rácio de malparado fixou-se em 11,1%, menos 0,8 pontos, "em resultado de um aumento dos empréstimos 'performing' e de uma redução dos NPL". No caso dos particulares, o rácio diminuiu 0,1 pontos para 3,6%, "o que se deveu, maioritariamente, a uma redução dos NPL".

Mas a nível de solvabilidade, a banca reforçou a sua estrutura de balanço. No segundo trimestre de 2020, o rácio de fundos próprios totais e o rácio de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) aumentaram 0,6 pontos e 0,5 pontos, situando-se em 17,2% e 14,6%, respetivamente. "A evolução destes rácios traduziu a diminuição dos ativos ponderados pelo risco e o aumento dos fundos próprios totais e dos fundos próprios principais de nível 1". O Banco de Portugal chama, no entanto, a atenção para o facto da reclassificação de uma instituição, de filial para sucursal, ter em menor grau também contribuído para a subida destes indicadores. 

O rácio de alavancagem ficou nos 7,6%, diminuindo 0,2 pontos face ao trimestre anterior, pelo aumento do ativo, mas mantendo-se "significativamente acima do mínimo de referência definido pelo Comité de Supervisão Bancária de Basileia (3%), o qual se tornará um requisito de cumprimento obrigatório a partir da data de início de aplicação do novo CRR (28 de junho de 2021)".
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