António Nogueira Leite disse, no Parlamento, que o Governo deu orientações, através do falecido António Borges, para a venda da posição de 9,6% que a Caixa Geral de Depósitos tinha na Cimpor, que recebeu por execução do crédito concedido a Manuel Fino.

A 30 de Março de 2012, a Camargo Corrêa lançou uma oferta pública de aquisição sobre a Cimpor. 26 minutos após o anúncio, o banco público disse que venderia, conforme o Negócios noticiou na altura. No Parlamento, Nogueira Leite disse que a comissão executiva considerava que fazia sentido vender mas considerava que não fazia sentido ser por ordem do Governo, nem segundo as suas orientações. Aliás, a troika estava em Portugal nessa altura e havia indicações para o banco público vender as suas participações financeiras não centrais para o negócio, em que se incluía a cimenteira.

"Ficou devidamente registado em acta que houve indicações do accionista" para a alienação daquela participação financeira. A indicação foi dada pelo conselheiro do Governo, também designado como coordenador da operação, António Borges.

Contudo, Nogueira Leite ressalvou que não foram cumpridas todas as vontades de António Borges. "O senhor conselheiro queria que nos fizéssemos uma venda irrevogável da nossa posição; dissemos que nunca o faríamos. Foi uma discussão difícil. A venda antes do anúncio também não fizemos", explicou. 

A venda das acções foi feita a 5,50 euros, não tendo a CGD esperado por uma oferta concorrente, sendo que, na altura, Pedro Queiroz Pereira ainda quis arranjar uma solução para a Cimpor, mas nunca chegou a lançar uma operação no mercado. Mesmo assim, ressalva Nogueira Leite, o grupo estatal obteve uma "mais-valia de aproximadamente 40 milhões de euros".

António Nogueira Leite esteve na vice-presidência da Caixa entre Julho de 2011 e Dezembro de 2012, tendo saído por considerar que a capitalização de 1.650 milhões de euros, em Junho de 2012, era insuficiente.