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Ex-vice-presidente defende que aumento de capital da CGD em 2012 foi insuficiente

António Nogueira Leite, que entrou para a administração do banco público em Julho de 2011, abandonou funções ano e meio depois porque o aumento de capital decidido pelo accionista era insuficiente.

Bruno Simão
08 de Março de 2017 às 19:01
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Vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos entre Julho de 2011 e Dezembro de 2012, António Nogueira Leite critica a capitalização de 1.650 milhões de euros que o accionista Estado promoveu na instituição financeira naquele período. Aliás, segundo afirmou na comissão parlamentar de inquérito, esse foi o principal motivo para o seu pedido de demissão.

 

"Do ponto de vista profissional, não era adequado enfrentar a situação [na CGD] sem os instrumentos necessários. Tinha sido preciso mais capital", disse Nogueira Leite na audição que se realizou esta quarta-feira, 8 de Janeiro.

 

Em Junho de 2012, foi anunciado o aumento de capital no banco público: 750 milhões de euros através de acções, 900 milhões através de CoCos, instrumentos contigentes que, sob determinadas condições, poderiam ser convertidos em acções (como veio a acontecer em Janeiro deste ano).

 

Na altura, o aumento de capital em causa "inviabilizava" que fossem apresentados resultados positivos nos anos seguintes. "Como tínhamos uma política de não comunicação, rapidamente iriamos ficar com o ónus", declarou. A saída ocorreu em Dezembro de 2012. 

 

Na sua audição, Nogueira Leite não quis, contudo, falar sobre os motivos pelos quais a capitalização não foi de montante superior, já que foi uma decisão do accionista, representado em 2012 pelo ministro das Finanças Vítor Gaspar. De qualquer forma, o antigo vice-presidente da CGD, no primeiro mandato com José de Matos como presidente, diz compreender a "grande dificuldade" que existia nas relações com as entidades europeias.

 

Nessas condições, "mais valia correr o risco do salto" que Nogueira Leite deu ao sair da CGD. 

 

O aumento de capital do banco público em 2012 acabou por estar ligado a um plano de reestruturação e a um plano de negócios, negociado com a Comissão Europeia, que não se cumpriu na sua totalidade, tendo em conta o erro das previsões das taxas de juro, que penalizaram mais a CGD do que o antecipado. Assim, em 2016, foi negociada uma nova capitalização, desta vez num plano que envolve um total de 5.160 milhões de euros, 4.160 milhões deles de dinheiros públicos. A comissão de inquérito pretende analisar as causas dessa capitalização. 

 

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