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Lucros da Jerónimo Martins aumentam 48,3% para 463 milhões de euros em 2021

Dona do Pingo Doce anunciou resultados líquidos de 463 milhões de euros no ano passado que comparam com os 312 milhões apurados em 2020.

Biedronka permanece motor de resultados da Jerónimo
09 de Março de 2022 às 18:49
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A Jerónimo Martins fechou o ano passado com lucros líquidos de 463 milhões de euros, um aumento de 48,3% face a 2020.

Em comunicado, enviado esta quarta-feira, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o grupo liderado por Pedro Soares dos Santos dá conta de um "forte crescimento" de 8,3% das vendas que, no total, "ultrapassaram largamente o marco dos 20 mil milhões de euros".

"Embora à luz dos recentes eventos na Ucrânia, 2021 nos pareça já muito distante, é justo reconhecer que as nossas equipas superaram novamente os desafios colocados pelas difíceis circunstâncias. Ainda num contexto de pandemia, estabeleceram-se novos recordes de vendas e confirmou-se o valor e a relevância das propostas das insígnias para o
consumidor", realça o presidente e administrador-delegado, Pedro Soares dos Santos, na mensagem que acompanha os resultados financeiros.

Resultados que superam, aliás, os níveis pré-pandemia, já que em 2019 a Jerónimo Martins tinha registado lucros líquidos de 433 milhões de euros.

"O desempenho registado em todas as insígnias permitiu a alavancagem operacional, levando o EBITDA [resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações] a crescer 11,4%" para 1.585 milhões de euros, assinala o grupo liderado por Pedro Soares dos Santos.

A maior contribuição advém da polaca Biedronka que, contas feitas em euros, viu as vendas subirem 8% face a 2020 para 14,5 mil milhões, o equivalente a sensivelmente 70% dos 20,8 mil milhões de euros de receitas faturados na totalidade pelo grupo.

Segundo a Jerónimo Martins, o crescimento das vendas da marca da joaninha - que contava com 3.250 lojas na Polónia, das quais 135 inauguradas no ano passado - consubstanciou-se, de resto, "num ganho adicional de quota de mercado de 1,6 pontos percentuais", isto apesar de "ao desafio da pandemia" ter acrescido "a pressão oriunda da implementação, em janeiro de 2021, do imposto sobre as vendas a retalho".

A também polaca Hebe viu igualmente a faturação engordar no ano em que celebrou uma década de atividade, com as vendas, em euros, a ascenderem a 278 milhões, 13,5% acima de 2020. 

Sólido desempenho também em Portugal

Em Portugal, e embora a retoma do consumo tenha sido "impactada pela recessão da atividade turística que continuou a afetar a economia ao longo do ano", a Jerónimo Martins assinala o "sólido desempenho de vendas" do Pingo Doce, depois de a cadeia de supermercados ter atingido o marco histórico dos 4 mil milhões de euros, reflexo de uma subida de 4,6% face a 2020. Isto - realça o grupo - apesar de a cadeia de supermercados ter estado ainda limitada nos primeiros sete meses do ano pelas restrições intermitentes à circulação de pessoas e ao normal funcionamento de restaurantes e cafés.

Na análise da Jerónimo Martins pesou nesse desempenho "uma intensa dinâmica promocional e de aposta no preço que se traduziu em deflação no cabaz" no cômputo do ano, durante o qual o Pingo Doce fez 14 aberturas, alargando o parque de lojas para 465.

O Recheio, por seu turno, foi "recuperando progressivamente o seu nível de vendas, apesar de a reduzida atividade turística e as restrições impostas ao longo de 2021 (mesmo se menos impactantes do que em 2020) terem continuado a limitar a trajetória de subida das vendas", as quais subiram 7% para 906 milhões de euros.

Por fim, na Colômbia, a insígnia Ara, com 819 lojas no país, viu as vendas superarem o marco dos mil milhões de euros, o que espelha um 'salto' de 29% face a 2020.

Em termos globais, "o notável desempenho operacional refletiu-se numa forte geração de fundos e levou o grupo a encerrar o ano com uma posição líquida de caixa (excluindo responsabilidades com locações operacionais capitalizadas) de mil milhões de euros", lê-se no relatório financeiro.

Desde 2010, foram investidos 6,5 mil milhões de euros, a maioria dos quais destinados ao reforço da Biedronka na Polónia e à construção de uma operação de retalho na Colômbia, país que, oito anos depois da inauguração, deu em 2021 ao grupo "a alegria de entrar em território positivo de rentabilidade ao nível do EBITDA", sinaliza Soares dos Santos, apontando que foi também nesses países que o grupo criou a maior parte dos cerca de 70 mil empregos.

"Sabemos que o caminho é cheio de desafios e de incertezas que o conflito militar só veio reforçar. À medida que avançamos vamos contar com a força do nosso balanço, com a resiliência e capacidade de superação da Biedronka, com a juventude e a expansão da Ara e com o profundo conhecimento do negócio detido pelas nossas companhias em Portugal", sustenta.

No caso de Portugal, o líder da Jerónimo Martins refere, aliás, que espera continuar a encontrar problemas estruturais", os quais passam por "uma população a envelhecer, uma economia frágil e pressionada pela elevada carga fiscal, a escassez de
investimento produtivo e a falta de oportunidades para os jovens".

"Mas, em 2022, ano em que Jerónimo Martins celebra 230 anos de atividade, quero deixar claro que todos os
negócios contam para nós. E que todos contribuirão para o futuro que ambicionamos", concluiu.

Conflito agrava incerteza em 2022

Não obstante a mensagem de confiança, o grupo assinala que a situação na Ucrânia agrava os desafios. Ainda que seja cedo para "compreender todas as consequências" da invasão da Rússia, a Jerónimo Martins aponta que, "entretanto, o rápido aumento da inflação dos produtos alimentares, da energia e dos transportes, é intensificado pelo conflito militar e por crescentes limitações sentidas nas cadeias de abastecimento internacionais", ao qual se junta uma visível depreciação das moedas da Europa de Leste, nomeadamente do zloty".


"Num contexto de maior inflação alimentar, a competitividade de preço e a criação de oportunidades de poupança para o consumidor através da atividade promocional tornam-se ainda mais críticas na agenda de todas as companhias", defende o grupo.

No caso concreto da Polónia, paredes meias com a Ucrânia, a Jerónimo Martins garante que "a 
Biedronka está consciente das dificuldades acrescidas de gerir o equilíbrio entre o crescimento das vendas e a proteção da rentabilidade" e que, "nas atuais circunstâncias, a sua principal prioridade é estar ao lado dos consumidores polacos e fazer justiça à promessa da insígnia num momento de diminuição do rendimento disponível das famílias".

"Iremos, de forma contínua, reavaliar as necessidades e prioridades, garantindo que o nosso primeiro objetivo na Polónia é atingido: trabalhar com os nossos fornecedores para ultrapassar prováveis constrangimentos na cadeia de abastecimento e continuar a ser a loja alimentar preferida dos polacos, enquanto apoiamos o esforço polaco para ajudar o povo ucraniano", reforça.



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