A Inapa apresentou-se esta segunda-feira à insolvência no tribunal da comarca de Lisboa Oeste, informou a distribuidora de papel em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Na nota, a cotada recorda o que já se sabia, ou seja, que "a situação de insolvência da Inapa IPG foi despoletada por uma carência pontual de tesouraria de curto prazo da sua subsidiária Inapa Deutschland, em montante de 12 milhões de euros, para a qual não se encontrou solução de financiamento até dia 22 de julho, prazo estabelecido pela lei alemã, o que resultou na apresentação à insolvência da Inapa Deutschland nesse dia".

Por outro lado, o comunicado revela factos novos que levaram à insolvência da empresa, em concreto a existência de um crédito do BCP (também acionista da distribuidora de papel) que ascendia a 34,67 milhões de euros e face ao qual foi prestada como garantia o penhor das ações da  Inapa Deutschland Holding GmbH, sociedade que domina a 100% a Inapa Deutschland "e que assim se tornou inevitável apresentar igualmente à insolvência no dia 22 de julho".

A declaração de insolvência da subsidiária alemã  implicava o vencimento antecipado dos referidos financiamentos contraídos pela Inapa IPG junto do BCP, "não tendo a Inapa IPG capacidade para liquidar tal dívida". 

O facto de a apresentação da insolvência da subsidiária alemã ter levado a Inapa IPG a tomar a mesma decisão, teve também em conta que "a Inapa IPG emitiu uma carta conforto à Inapa Deutschland a favor dos bancos financiadores, nos termos da qual se comprometeu a contribuir os montantes necessários para a Inapa Deutschland cumprir as suas obrigações junto de qualquer credor a cada momento".

Ora, o incumprimento da carta conforto e a insolvência da Inapa Deutschland determinaram assim o vencimento antecipado do financiamento obtido junto do consórcio alemão de bancos, igualmente coberto pela carta conforto emitida à Inapa Deutschland. 

A crise de solvabilidade da empresa foi ainda agravada pela incapaciade de cumprir um conjunto de contratos de financiamento do grupo, onde constam cláusulas "cross-default", onde estavam prestadas garantias.

A Inapa não esquece ainda que deveria ter reembolsado a terceira série da linha de obrigações convertíveis, no montante de três milhões de euros, tendo já anteriormente informado o mercado, que não vai proceder a este reembolso. 

O processo de insolvência segue agora para distribuição, devendo ser nomeado um administrador judicial.

(Notícia atualizada às 19:14 horas com os fundamentos para a apresentação à insolvência).