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Deutsche Bank rejeita venda de “swaps” tóxicos e remete responsabilidades para empresas

O Deutsche Bank Aktiengesellchaft considera que não vendeu instrumentos financeiros tóxicos às empresas públicas portuguesas. Apesar disso, a sucursal do banco alemão admite que poderia haver alguns produtos “complexos”.

30 de Outubro de 2013 às 17:51
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“O Deutsche Bank nunca vendeu produtos tóxicos ou problemáticos [às empresas públicas portuguesas]. Quanto muito, vendeu produtos complexos”. As palavras foram utilizadas pelo gerente da sucursal portuguesa do banco alemão, Bernardo Meyrelles de Souto, e explicadas na sua audição na comissão parlamentar de inquérito à celebração de instrumentos de gestão do risco financeiro que, no caso de empresas públicas, chegaram a representar perdas potenciais de 3 mil milhões de euros no final de 2012.

 

“É fundamental não confundir complexidade com risco. São, aliás, bem diferentes. Um ‘swap’ pode ser muito complexo mas por ter um tecto máximo das perdas e tem, consequentemente, o risco limitado. Um ‘swap’ simples não é complexo mas pode ter um risco associado sem qualquer limite de perdas. Complexidade e risco não de confundem”, esclareceu o responsável da instituição financeira que, na segunda metade da década passada, comercializou “swaps” com Metro de Lisboa, Metro do Porto, Estradas de Portugal, CP e Parpública.

 

No relatório feito pelo IGCP, publicado no início deste ano, o Deutsche Bank era considerado como um dos bancos que tinha “swaps” mais complexos, sendo que a StormHarbour, entidade que assessorou o IGCP neste dossiê, aconselhou eliminar praticamente todos os “swaps” vendidos pelo banco.

 

Além disso, argumentou o gerente da sucursal financeira, "nunca houve, da parte do Deutsche Bank, a imposição de qualquer contrato". “Todos os contratos celebrados resultaram de uma situação concorrencial”, respondeu ao deputado do PSD Carlos Silva. Muitos gestores de empresas têm vindo à comissão de inquérito dizer que foram “obrigados” a contratar “swaps” porque só com essa contrapartida é que lhes era cedido financiamento por parte da banca. 

 

“As empresas públicas eram contrapartes experientes classificadas como investidores qualificados”, explicou Bernardo Meyrelles de Souto. Os presidentes da CMVM e do Banco de Portugal já estiveram na comissão parlamentar de inquérito e explicaram que as empresas, por serem consideradas como investidores qualificados, tinham menos protecção no que toca a supervisão.

 

O Deutsche Bank considera que as empresas tinham “pessoas com elevados conhecimentos técnicos, não só ao nível da experiência profissional como também da experiência académica”. O banco “lidou com clientes experientes, habituados a mover-se no mundo da finança internacional”, disse o responsável.

 

Segundo Meyrelles de Souto, a entidade que lidera sempre alertou para os riscos associados aos produtos e fez o acompanhamento que normalmente faz – disponibilizando periodicamente a evolução dos valores de mercados dos derivados e a sensibilidade dos produtos a variações de taxas de juro.

 

“Qualquer destas empresas tem um papel fundamental [no acompanhamento da carteira] e não pode o Deutsche Bank substituir-se ao cliente”, contrapôs o gerente da sucursal do banco alemão.

 

O banco chegou a acordo com o Estado para eliminar 16 produtos derivados que vendeu às empresas públicas, aceitando um desconto de um terço face ao seu valor de mercado. Bernardo Meyrelles de Souto afirma que aceitou essa solução por querer manter uma boa relação com o Estado português apesar de o seu custo ser equivalente a três anos de resultados operacionais da sucursal portuguesa.

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