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Como os bancários de Wall Street ganharam 12,5 mil milhões após a falência do Lehman

O Goldman Sachs, em Dezembro de 2008, atribuiu cerca de 36 milhões de opções e 20,6 milhões de acções restritas para convencer altos funcionários e alguns directores a ficar no banco.

15 de Setembro de 2018 às 18:00
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As opções de compra de acções concedidas no pior momento da crise financeira renderam milhares de milhões de dólares aos funcionários de alguns dos maiores bancos dos EUA, enquanto a promessa de grandes renumerações desapareceu para outros quando as acções das firmas onde trabalhavam afundaram.

 

Funcionários do Goldman Sachs, do Wells Fargo e do JPMorgan ganharam cerca de 12,5 mil milhões de dólares com opções de acções exercidas nos dez anos seguintes ao colapso do Lehman Brothers Holdings, uma vez que as acções de alguns bancos conseguiram uma boa recuperação.

 

No Morgan Stanley, no Bank of America e no Citigroup, milhões de opções foram canceladas ou venceram sem ter valor devido aos efeitos do pior desastre económico desde a Grande Depressão.

 

"Alguns beneficiaram, outros não – é essa a intenção da remuneração com base no desempenho", disse Fabrizio Ferri, professor associado de contabilidade da Universidade de Miami. "Os cépticos dirão que o desempenho não dependeu tanto das pessoas, mas de factores fora do seu controlo, e que beneficiaram porque estiveram no lugar certo na hora certa."

 

O colapso submeteu os bancos a fortes críticas de legisladores e de milhões de americanos que perderam casa e emprego. Hoje, a maioria dessas instituições está menos rentável do que antes da forte queda de 2008, em parte como resultado de uma regulação mais apertada. Investidores analisaram com atenção os programas de compensação, culpados por estimular uma tomada de risco excessiva, e obrigaram os conselhos a diminuir os salários e vinculá-los mais directamente ao desempenho.

 

No entanto, regra geral, os funcionários dos bancos estão bem. Alguns foram obrigados a ajustar o seu nível de vida, mas os empregos no sector de serviços financeiros continuam entre os mais bem pagos entre as empresas norte-americanas. O conjunto de bonificações para os funcionários de bancos dos EUA no ano passado foi o maior desde 2007, segundo uma pesquisa do escritório de advogados Linklaters. E alguns prémios em opções concedidos durante a crise com a intenção de convencer os trabalhadores a atravessar a turbulência deram recompensas generosas aos titulares no longo prazo.

 

É o caso do Goldman Sachs. Em dezembro de 2008, o banco atribuiu cerca de 36 milhões de opções e 20,6 milhões de acções restritas para convencer altos funcionários e alguns directores a ficar. As opções, com um preço de exercício de 78,78 dólares, geraram quase 3 mil milhões de dólares em lucros antes de impostos para os trabalhadores. As acções do Goldman quase triplicaram desde aquele momento e negociaram esta semana a 230 dólares.

 

No total, os trabalhadores do Goldman encaixaram 4,9 mil milhões de dólares com opções exercidas na última década.

 

Trabalhadores do Wells Fargo obtiveram quase 4,4 mil milhões de dólares em lucros antes de impostos com opções no mesmo período, em parte graças aos 80,7 milhões de contratos concedidos no início de 2009, quando as acções do banco caíram para o valor mais baixo em 13 anos.

 

No JPMorgan, cujas acções tiveram um desempenho superior ao dos bancos de maior porte desde que o Lehman pediu a recuperação judicial, os funcionários levaram para casa quase 3,2 mil milhões de dólares obtidos com o exercício de opções e bonificações similares.

 

Mas nem todos tiveram a mesma sorte. As acções do Bank of America, Morgan Stanley e Citigroup não atingiram ainda os níveis pré-crise.

 

Por isso, pelo menos 320 milhões de opções atribuídas aos empregados do Bank of America forma canceladas ou ficaram "out of the money" na última década. O mesmo aconteceu a 100 milhões de opções concedidas aos funcionários do Morgan Stanley e 24 milhões aos do Citigroup.

 

"As pessoas que dirigiam a maioria das grandes instituições que tiveram problemas, eu provavelmente não devo dizer o nome de ninguém, mas elas enriqueceram", disse Warren Buffett, o bilionário presidente da Berkshire Hathaway, ao Wall Street Journal. "Podem até terem caído em desgraça, mas enriqueceram", disse o guru, que encaixou 3 mil milhões de dólares com a aposta que fez no Goldman Sachs logo depois do colapso do Lehman.

 

 

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