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Bernanke admite erros da Fed no combate à crise há 10 anos

"Ninguém previu o quão abrangente e devastadora seria a crise", afirmou o presidente da Fed quando o Lehman Brothers declarou falência a 15 de Setembro de 2008.

Andrew Harrer
15 de Setembro de 2018 às 15:30
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O ex-presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, reconheceu que o banco central norte-americano cometeu dois erros críticos no combate à crise financeira há 10 anos atrás: não previram a sua chegada com tanta força e depois subestimaram o impacto económico.

 

"Ninguém previu o quão abrangente e devastadora seria a crise", afirmou durante um breve vídeo sobre um estudo de 90 páginas a respeito da crise financeira, divulgado nesta quinta-feira.

 

Bernanke comandou a Fed de 2006 até 2014 e hoje trabalha na Instituição Brookings, em Washington. Identificou o pânico que tomou conta do sistema financeiro com o colapso do Lehman Brothers Holdings, em 2008, como a principal razão para a profundidade da recessão que se seguiu.

 

A falha em antecipar a severidade daquela derrocada "exige uma inclusão mais minuciosa de factores do mercado de crédito nos modelos e previsões da economia" no futuro, escreveu Bernanke no seu blog.

 

Bernanke foi o segundo responsável da Fed a fazer mea culpa esta semana. O ex-vice-presidente Donald Kohn concordou que o banco central fez erros de previsão durante a crise e depois da crise. A Fed também sobrestimou os custos potenciais do polémico programa de compra de activos ("quantitative easing") e foi mais tímido do que deveria na sua execução, disse.

 

"Ficamos atrás da curva", disse Kohn durante uma conferência sobre a crise na Brookings, na terça-feira.

 

Bernanke discorda de quem argumenta que o estouro da bolha de preços de imóveis residenciais – e o seu impacto sobre o património das famílias e os gastos dos consumidores – foi o principal factor para a crise profunda que rebentou há 10 anos. Ainda que esse factor sem dúvida tenha exercido uma influência importante, especialmente ao desencadear a crise, Bernanke entende que a recessão não teria sido tão grave se os investidores não tivessem resgatado à pressa o dinheiro de bancos e outras instituições financeiras.

 

"Houve uma corrida, um pânico análogo ao dos anos 30, mas de forma eletrónica e não com filas de pessoas na rua", disse Bernanke no vídeo. "A disponibilidade de crédito afundou."

 

Na mesma linha dos comentários feitos na semana passada pelo ex-secretário do Tesouro Timothy Geithner, Bernanke revelou temer que as reformas pós-crise tenham deixado a Fed e outras autoridades com menos ferramentas para lidar com a próxima crise.Para tentar impedir resgates no futuro, o Congresso americano limitou a capacidade do Fed, da entidade que garante depósitos FDIC (Federal Deposit Insurance Corp.) e do Departamento do Tesouro de fornecer apoio de emergência ao sistema financeiro.

 

Embora as reformas de modo geral tenham melhorado significativamente a resistência do sistema a choques ao elevar o capital dos bancos e outras medidas, "os formuladores de políticas precisam de ter as ferramentas apropriadas para combater a próxima crise", escreveu Bernanke no seu estudo.

 

"Neste aspecto, estou um pouco menos optimista", afirmou.

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