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Bancos que colocaram Royal Mail em bolsa são chamados ao Parlamento britânico
A privatização mais relevante desde os anos 90 vai começar a ser escrutinada no Parlamento britânico. O preço da oferta pública inicial é questionada pela oposição.
O parlamento britânico quer ouvir os responsáveis dos bancos de investimento que participaram no lançamento em bolsa do Royal Mail, a empresa de correios britânica. Em causa poderá estar o baixo preço dos títulos e a discriminação face a investidores britânicos.
A privatização da empresa ocorreu em torno de dúvidas e críticas da oposição e segue agora para discussão parlamentar. O Goldman Sachs e o UBS são os bancos em causa e os seus representantes deverão ser ouvidos na próxima quarta-feira, 20 de Novembro.
As acções da empresa foram colocadas, na oferta pública de venda (a operação inicial de distribuição de títulos), por 330 pence (a venda directa, ou seja, o Tesouro britânico encaixou o dinheiro resultante desta operação).
Depois, a 11 de Outubro, o dia da estreia em bolsa depois dessa OPV (em que os investidores que compraram títulos já os podiam vender em bolsa), as acções começaram a sessão a valer 450 pence. A oposição logo acusou o Estado de ter vendido abaixo do valor justo, dada a distância do preço da OPV e do preço em bolsa. Neste momento, os títulos estão avaliados em 560 pence. A empresa tem, assim, um valor de mercado de 5,6 mil milhões de euros – mais 2,3 mil milhões do que na OPV.
Além dos responsáveis do UBS e do Goldman Sachs, a comissão parlamentar que vai analisar este processo irá, igualmente, chamar especialistas do JPMorgan, Citi e Deutsche Bank, que, na sua análise, atribuíram avaliações mais elevados para o Royal Mail do que aquela que foi decidida pela Estado e pelos seus assessores. O secretário com a tutela deste negócio, Vince Cable, e o ministro com a pasta, Michael Fallon, também serão ouvidos.
A questão do preço das acções, o factor central em que se irá centrar a comissão, terá outro factor de tensão, segundo adianta a publicação britânica. Há fundos soberanos de países como o Kuwait (1,42%), Singapura (4%) e Abu Dhabi (0,09%) que adquiriram uma participação accionista na empresa. Estes fundos terão "ocupado" uma posição que poderia ter sido comprada por fundos britânicos e é isso que estará a causar a “revolta” da oposição parlamentar.