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Royal Mail dispara 38% na estreia em bolsa

O primeiro dia de negociação das acções do Royal Mail, embora condicionada, está a ser de forte valorização. As acções já subiram mais de 38%. Operação está a ser acompanhada pelo Governo no caso da venda em bolsa dos CTT.

Bloomberg
11 de Outubro de 2013 às 08:57
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O Royal Mail estreou-se em forte alta na bolsa. Os investidores estão animados com as acções da empresa de correios britânica e o preço já se afastou daquele que foi definido pelo Governo britânico.

 

As acções da empresa do Reino Unido iniciaram a sessão a valer 450 pence cada uma. A cotação neste início de sessão – que ainda é uma sessão com condicionalismos – corresponde a uma valorização de 36% face aos 330 pence da oferta pública de venda (a que os investidores puderam comprar directamente ao Estado).

 

Os títulos da empresa que o governo britânico decidiu privatizar já chegaram a subir aos 456 pence, quando somaram 38%. Neste momento, seguem a transaccionar, condicionalmente, nos 446,25 pence.

 

A negociação desta sexta-feira é condicionada, o que quer dizer, como explica o “The Guardian”, que qualquer uma das ordens de compra e venda só será concretizada na próxima terça-feira. Só a 15 de Outubro é que a negociação dos títulos do Royal Mail vai acontecer sem limitações.

 

A operação de colocação da empresa britânica em bolsa tem sido acompanhada pelo Governo português, que anunciou na quinta-feira a intenção de colocar até 70% dos CTT – Correios de Portugal no mercado de capitais.

 

Governo diz que não vendeu abaixo do preço

 

Esta manhã, o secretário de Estado britânico para os Negócios, Vince Cable, afirmou que a forte subida das acções da empresa secular na bolsa de Londres não tem grande significado, mantendo a argumentação do Governo de que não faz sentido defender que o preço da acção foi definido a um nível demasiado baixo.


Na quinta-feira à noite, ficou decidido que as acções do Royal Mail se iriam estrear com uma cotação de 330 pence. Era o valor mais alto do intervalo definido pelo Governo e foi alcançado devido à forte procura por acções. Muitos analistas já antecipavam que o valor viesse a ser superado  quando se estreasse em bolsa – o que acabou por ocorrer.

 

Respondendo às acusações da oposição de que colocou as acções em bolsa a um preço demasiado baixo, o governante defendeu que a valorização expressiva justifica-se pela “especulação” já prevista para uma operação deste género. A grande maioria das acções disse à BBC Rádio 4 teve como destino “investidores estáveis a longo prazo”, referindo-se por exemplo, a fundos de pensões. "O que importa é onde o preço vai acabar por ficar", disse Cable, citado pela Bloomberg.

 

Maiores investidores privados de fora

 

Na quinta-feira, o Governo emitiu um comunicado com a “bem-sucedida” oferta pública inicial da empresa do serviço postal. Definindo o preço das acções a 330 pence (3,89 euros), a empresa ficou avaliada em 3,3 mil milhões de libras (389 mil milhões de euros). Neste momento, a empresa está avaliada a um montante mais elevado, 4,46 mil milhões de libras (5,26 mil milhões de euros) já que as acções ganharam valor.

 

As acções colocadas em bolsa correspondem a 52,2% do capital social da empresa e representaram, para o Tesouro britânico, um ganho de 1,7 mil milhões de libras (poderá aproximar-se, entretanto, dos 2 mil milhões de libras, caso seja exercida uma opção para uma oferta extra).

 

O Estado britânico fica, com esta operação de colocação em bolsa, a ser dono de 37,8% do Royal Mail. A percentagem poderá ser reduzida para 30% caso a referida opção seja exercida. O Governo português também anunciou que poderá ficar apenas com 30% da empresa depois da oferta pública de venda – e mantém a intenção de, a médio prazo, se desfazer da totalidade da operação.

 

A procura por acções do Royal Mail na oferta feita pelo Estado foi forte sendo que, no caso de investidores institucionais, a procura foi 20 vezes a oferta. Os investidores institucionais, como bancos, ficaram com 67% das acções disponíveis, segundo o Governo liderado por David Cameron (uma redução face aos 70% previstos, segundo relembra a Bloomberg). A elevada procura por investidores particulares justificou-o, sendo que estes ficaram com 33% da base da oferta.


Dentro dos investidores particulares, aqueles que fizeram licitações de maior valor, acima de 10 mil libras, não receberam nenhuma das acções disponibilizadas pelo Estado (5% dos investidores).

 

Fora desta operação de colocação em bolsa, a quase totalidade dos trabalhadores da empresa (mais de 99%) subscreveram 10% do capital do Royal Mail, já que tiveram possibilidade de adquiri-las de forma gratuita.

 

Maior privatização britânica desde anos 90

 

Desde os anos 90 que o Governo britânico não fazia uma privatização tão elevada. É preciso recuar à operação de venda do British Rail, a antiga empresa de transporte ferroviário, para encontrar um valor tão significativo.

 

Esta é a maior oferta pública inicial (IPO) da Europa desde Abril de 2011, quando entrou em bolsa a Glencore Xstrata, multinacional da indústria mineira.

 

(Notícia actualizada às 9h41 pela última vez)

 

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