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Associação Têxtil: “Ricon fez incursões por negócios laterais que não foram bem-sucedidas”

O director-geral da ATP lamenta que a Ricon tenha chegado "ao extremo” da insolvência, culpando a infeliz diversificação de negócios. Já em Abril, o CEO da dona da Gant em Portugal admitia ter sido "demasiado ambicioso.”

Paulo Vaz, director-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).
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"Sabia que a Ricon estava com algumas dificuldades, não sabia era que tinha chegado a este extremo", lamenta Paulo Vaz, director-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), quando questionado pelo Negócios sobre a apresentação das empresas do grupo de vestuário de Famalicão à insolvência.

 

"Aquelas incursões da Ricon por negócios laterais não foram realmente muito bem-sucedidas", considera o mesmo dirigente associativo, reportando-se a uma entrevista do dono da Ricon, editada este ano numa publicação da ATP, onde Pedro Silva admitia que foi infeliz a diversificação de negócios empreendida pelo grupo.

 

Daí que Paulo Vaz defenda que as empresas se "devem focar naquilo que sabem fazer realmente bem". E "não avançarmos para qualquer outro negócio sem estarmos seguros que não prejudicamos o que nos deu lastro", aconselha.

 

Classificando a Ricon como "uma empresa de referência, não só para o sector como para a região", o director-geral da ATP diz esperar que "este seja apenas um mau momento do grupo", por quem diz ter "muita estima, assim como pelo seu CEO", e faz votos para que "a seguir venha a recuperação".

Também o coordenador do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, Francisco Vieira, referiu, em declarações à Lusa, que o grupo de Famalicão "quererá tentar a ‘cura'" com esta apresentação das empresas à insolvência. No entanto, teme que, "mesmo assim, muitos dos [quase 800] postos de trabalho vão à vida", classificando a hipótese de falência do grupo Ricon como "uma tragédia social".

 
Ambição em demasia?

Numa extensa entrevista ao Jornal T, publicada em Abril deste ano, o dono da Ricon confessou que apostou mal em negócios fora do "core" do grupo, ao entrar, por exemplo, na aviação privada (Everjets) ou nos centros da Porsche no Norte do país. Negócios que acabou por alienar há cerca de três anos.

 

Qual foi a grande lição que tirou da aventura da diversificação? "Aprendi que só devemos investir naquilo que verdadeiramente sabemos fazer. Tenho a humildade de reconhecer que fui demasiado ambicioso. A experiência dos últimos dez anos foi rica, mas extremamente dura e dolorosa. Até em termos emocionais. Nós, os empresários portugueses, somos muito individualistas. Devemos envolver mais as equipas, desafiá-las e partilhar projectos", reconheceu Pedro Silva.

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