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Ricon fecha dia 31 e já mandou cartas de despedimento aos 580 trabalhadores
Faliram e seguem agora para liquidação as oito empresas da Ricon e as duas dezenas de lojas de vestuário Gant em Portugal, que eram detidas pelo grupo de Famalicão. Fecha tudo até quarta-feira. Já foram enviadas as cartas de despedimento aos 580 trabalhadores.
O grupo Ricon faliu. Apresentou-se à insolvência no início de Dezembro passado com a promessa de avançar com um plano de recuperação, mas não há viabilidade possível. Vai tudo para liquidação.
E ainda antes da realização das assembleias de credores das oito sociedades insolventes do grupo, com as primeiras duas reuniões marcadas para esta terça-feira, 30 de Janeiro, na passada sexta-feira foram já enviadas as cartas de despedimento aos seus 580 trabalhadores, sabe o Negócios.
O fecho das fábricas do grupo, em Famalicão, assim como as 20 lojas de vestuário Gant em Portugal, que fazem parte do seu universo empresarial, deverá ocorrer entre amanhã e quarta-feira, confirmou ao Negócios fonte conhecedora do processo.
Contactado o administrador de insolvência da Ricon, Pedro Pidwell quis apenas manifestar a sua preocupação e a dos gestores do grupo "em fazer todos os possíveis para tornar tudo isto menos penoso".
"Atenta a ausência de perspectivas de recuperação/reestruturação, a que acresce o desinteresse do principal parceiro empresarial em viabilizar uma solução (ainda que de compromisso) que permitisse a não liquidação do grupo, a massa insolvente vai despedir os trabalhadores e propor a liquidação do acervo patrimonial", lê-se nos diferentes relatórios do gestor judicial.
Pedro Silva, presidente e dono da Ricon, já tinha admitido, em carta enviada aos trabalhadores aquando da apresentação do grupo à insolvência, que a recuperação das empresas deste universo empresarial "apenas será possível no caso de as negociações ainda em curso com o principal parceiro (Gant), os bancos e eventuais novos investidores, se revelarem frutíferas".
Mas eis que, no decurso que mediou as declarações de insolvência, da Ricon Industrial e das demais empresas detidas pelas outras sociedades do grupo Ricon (também declaradas insolvente), a posição da Gant foi intransigente, declinando qualquer hipótese de intervenção no projectado processo de reestruturação do grupo Ricon, rejeitando todos os cenários de reestruturação que lhe foram apresentados, designadamente através da sua entrada directa na operação, através de terceiros investidores e/ou, finalmente, através da reestruturação da dívida existente", lê-se nos relatórios de Pedro Pidwell a que o Negócios teve acesso.
O fecho do grupo Ricon, que foi noticiado esta segunda-feira pelo "Dinheiro Vivo", tornou-se assim incontornável com a postura da Gant, que representava cerca de três quartos da facturação do grupo português.
A Gant, grupo de origem norte-americana com sede na Suécia e parceira da Ricon há cerca de 30 anos, decidiu reduzir drasticamente o seu volume de encomendas ao grupo português, que, tendo fechado 2016 com uma facturação próxima dos 50 milhões de euros, dependia da Gant para sobreviver.
"Actualmente as encomendas da Gant são menos 80 % daquilo que foram em períodos homólogos anteriores, designadamente considerando os valores médios dos últimos cinco anos", registou o administrador de insolvência.
Este facto "conduziu a Insolvente à penúria e gerou dificuldades de tesouraria que acabaram por conduzir à insuficiência económica que teve como reflexo a incapacidade da Insolvente cumprir pontualmente com as suas obrigações vencidas".
Só o processo de insolvência da Ricon Industrial, que irá despedir os seus cerca de 380 trabalhadores, conta com uma lista de 772 credores, a quem foram reconhecidos créditos que totalizam 39,3 milhões de euros.
Neste processo, o Santander surge como maior credor, herdando os créditos do Banif no valor de 9,8 milhões de euros, seguindo-se bancos como o BPI (4,1 milhões), o Novo Banco (3,6 milhões) e a CGD (1,3 milhões).A Segurança Social tem a haver da Ricon Industrial cerca de 94 mil euros.
(Notícia actualizada às 11:48)