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Agenda Microeletrónica do PRR executada em 40% prevê Observatório pioneiro na Europa

No âmbito da Agenda Microeletrónica prevê-se o lançamento, até ao final do próximo ano, de um observatório do setor, descrito como pioneiro na Europa.

Pedro Almeida é o diretor técnico do consórcio formado por 17 entidades.
03 de Outubro de 2023 às 23:38
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A Agenda Microeletrónica, pensada para "desbloquear o potencial da indústria da microeletrónica e dos semicondutores" em Portugal, que tem atualmente "uma das maiores taxas de execução", situada acima dos 40%, entre as "patrocinadas" pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), prevê, entre outros, a criação de um Observatório descrito como "inédito" na Europa.

Ao Negócios, o diretor técnico do consórcio, composto por 17 entidades, liderado pela Amkor Technology Portugal, adianta que já foram investidos 28 milhões dos 68 milhões previstos, ou seja, 42%, do valor total do investimento. Esta agenda, como explica Pedro Almeida, assenta em quatro grandes áreas, que vão desde o "advanced packaging", às redes de acesso de alto débito, à industrialização de produtos baseados em circuitos óticos integrados até às fábricas do futuro e capacitação de recursos humanos.

A gigante norte-americana absorve o grande volume do investimento, na ordem dos 40%, segundo o mesmo responsável, estando, de acordo com o Eco, a expandir a fábrica de Vila do Conde com novos equipamentos para aumentar a capacidade de produção, no âmbito de um plano que prevê a introdução de novas linhas para 'packaging' avançado de chips e a integração de sensores de última geração e módulos de potência baseados em novos materiais".

Um dos projetos inseridos na agenda passa pela criação de um observatório. "Se alguém perguntar quantas empresas é que há em Portugal que trabalham nesta área de semicondutores e microeletrónica, qual é o volume de negócios que têm ou quantas pessoas emprega ninguém vai conseguir responder, porque esse levantamento não está feito e não está estruturado".

Este observatório, que integra a lista de produtos e serviços que estão contratualizados no âmbito da agenda, que o diretor técnico do consórcio prevê que seja lançado no segundo semestre do próximo ano, vai ser, aliás, pioneiro, pelo menos na Europa. "Fizemos também uma análise para perceber se haviam observatórios a nível europeu sobre esta temática e a nossa conclusão é que, até ao momento, não existe nenhum  com este tipo de características", pelo que "até pode haver aqui uma boa oportunidade para a agenda da microeletrónica vir a ter, quem sabe, a base para um observatório que seja utilizado a nível europeu".

O balanço da agenda, cujo prazo contratualizado termina a 31 de dezembro de 2024, foi apresentado, esta terça-feira, durante a conferência "Micro.electronics: Portugal as a Global Player in the Semiconductor Market", inserida na Aveiro Tech Week, que decorreu no Teatro Aveirense.

Mas, como salienta Pedro Almeida, "já havia uma estratégia desenhada" e "um conjunto de projetos", antes de existir financiamento pelo PRR, o que explica a existência de iniciativas mais maduras em curso, pelo que o que se fez foi "uma seleção dos que seriam destinados àquele instrumento de financiamento".

"Há uma estratégia que vem de trás e que tem vários vetores e nós vamos construindo diferentes iniciativas e de acordo com os instrumentos de financiamento que existem disponíveis à data é que vamos lá colocando esses projetos", explica o também diretor do Parque de Ciência e Inovação (PCI) de Aveiro.

Pedro Almeida dá o exemplo do centro de competência para a área da microeletrónica e da fotónica, que vai ser feito no PCI, que não faz parte da agenda. "Este projeto que, à partida, vai implicar um investimento de 50 milhões de euros, já está a ser desenhado e vai complementar depois tudo o que está a ser feito na agenda".

Outro tema em destaque neste contexto da microeletrónica prende-se com a reciclagem dos resíduos eletrónicos, como telemóveis, computadores ou "tablets". "É um problema muito sério em todo o mundo, dado que grande parte vai para pilhas enormes, para montanhas mesmo, porque, infelizmente, a maneira como os países desenvolvidos ainda estão a tratar este problema, é exportar o lixo para o terceiro mundo, e depois eles lá que resolvam essas questões, o que é inadmissível", lamenta Pedro Almeida.

Neste sentido, "nós queremos também, em certa medida, que esta agenda possa contribuir para que haja mais conhecimento e para que haja também novos processos e novos serviços associados a esta área da sustentabilidade aplicada a este tipo de indústrias", realça.

"É urgente e imperativo, também a curto prazo, começar a haver aqui toda uma preocupação, não só da reciclagem dos produtos que já foram vendidos, mas também no próprio processo produtivo, haver uma seleção criteriosa de quais são os materiais e componentes que vão ser utilizados, para no fim do ciclo de vida destes dispositivos existir já uma cadeia de valor preparada para fazer a sua reciclagem".

Sobre o mote da conferência, realizada esta terça-feira, ou seja, sobre o papel que Portugal pode ter no mercado dos "chips", Pedro Almeida aponta que, a seu ver, " temos condições excelentes para receber tudo que seja de centros de desenvolvimento e de engenharia ligados à microeletrónica e aos semicondutores".

"É mais na vertente de termos pessoas altamente qualificadas que estão a fazer os trabalhos mais de conceção e desenvolvimento. Há também capacidade para reforçar a produção, o que, em certa medida, já está a ser feito" mas, ressalva, " por causa um pouco mais da nossa dimensão enquanto país, não temos grande capacidade para receber os mega investimentos que estão a ser feitos", como o da TSMC (Taiwan), a maior fabricante de "chips" do mundo que anunciou recentemente que escolheu a Alemanha para a abertura da sua primeira fábrica na Europa, num investimento que pode superar os 10 mil milhões de euros.




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