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67 anos depois TAP pode mudar de mãos

A TAP nasceu em 1945, ainda decorria a II Guerra Mundial. Ao fim de 67 anos, a transportadora pode deixar de ser pública.

Greve dos trabalhadores da NAV pode afectar quase 400 mil passageiros
20 de Dezembro de 2012 às 12:01
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14 de Março de 1945. Humberto Delgado liderava, então, o Secretariado da Aeronáutica Civil e, nesse âmbito, criou a Transportes Aéreos Portugueses, tendo como fundadores Joaquim Trindade dos Santos, Luís Tedeschi Bettencourt, Benjamim Fernando Fonseca de Almeida e o próprio Humberto Delgado.

 

Nesse ano foram comprados os primeiros aviões, mas só em 1946 foram lançadas as primeiras rotas comerciais. Os Dakota comprados levavam 21 passageiros. E a primeira assistente de bordo contratada foi Maria de Lurdes Martins Owen.


Em 1946, depois do primeiro curso geral de pilotos, podem começar a operar as primeiras rotas. Depois de admitido o primeiro comissário de bordo, Lopes da Silva, que se manteve até 1953 como único nessas funções, a rota Lisboa-Luanda-Lourenço Marques foi inaugurada. Era a Linha Aérea Imperial e era feita com 12 escalas. Fazer ida e volta demorava 15 dias. Só em 1954, com um novo avião, se consegue encurtar a viagem Lisboa-Luanda para 17 horas. Em 1955 a duração de toda a Linha Aérea Imperal volta a reduzir-se com a entrada em operação do Lockheed Super Constellation. 

 

Entretanto, a esta linha juntam-se outras. Em 1948, arrancam as rotas de Paris e Sevilha e um ano depois a de Londres.


Já estava a ser construído o Boeing 707 quando a TAP passa de serviço público a sociedade anónima, com capitais mistos. Mas a maioria do capital estava nas mãos do Estado. Inaugura-se a rota para Casablanca e Tânger.

 

No ano em que Humberto Delgado se demite de director-geral da Aeronáutica Civil, a TAP alcança os mil trabalhadores os 14 mil quilómetros de extensão da rede, as 10 mil horas voadas e ultrapassa os 64 mil passageiros.

 

O Brasil hoje é um importante gerador de receitas para a transportadora. Mas só em 1960 é que se conseguiu promover o primeiro voo entre Lisboa e o Rio de Janeiro, ainda que a rota regular só seja inaugurada em 1966. Em 1960, é inaugurado o voo para Goa, que demorava 19 horas.

 

Um milhão de passageiros é conseguido pela primeira vez em 1964, ano em que é inaugurado o aeroporto do Funchal, dando início à rota Lisboa-Funchal. 

 

A evolução dos aviões continuava, até que em 1967 a TAP passa a operar unicamente com aviões a jacto. 

 

Já no novo aeroporto de Lisboa, na Portela, inaugurado em 1971, a TAP recebe os primeiros Boeing 707 em 1972. Na altura do 25 de Abril, a TAP já serve mais de 40 destinos, tendo terminado 1974 com mais de 1,5 milhões de passageiros transportados.

 

É transformada em 1975 em empresa pública, na vaga de nacionalizações que surgiram com o PREC (Plano Revolucionário em Curso). Mantém-se totalmente pública desde então, apesar de anteriores tentativas de privatização.

 

Os anos que se seguiram foram de dificuldades económicas, até hoje não sanadas. E foi preciso esperar por 1989 para que houvesse a primeira mulher piloto. Teresa Carvalho fica com esse marco.

 

A evolução ao nível comercial foi-se fazendo, com introdução da classe executiva, lançamento da revista Atlantis, mudanças de imagem. Em 1990 consegue a meta de transportar três milhões de passageiros.

 

Até então fiel à Boeing, é em 1992 que a TAP adere em definitivo ao mundo Airbus, a empresa europeia que tinha sido criada para combater a rival Boeing. Já tinha na sua frota um Airbus, mas foi só na década de 90 que as compras sistematizadas à construtora europeia se realizaram.Foi também nos anos 90 que o Governo teve de acordar com a transportadora o Plano Estratégico e de Saneamento Económico-Financeiro (PESEF), que injectou pela última vez dinheiro do Estado na companhia (foram 180 milhões de contos, ou 900 milhões de euros). É salva da falência e fica pronta para negociar uma possível privatização. É escolhido como parceiro estratégico a Swissair. E em 1998 entra no Qualiflyer Group, a aliança liderada pela companhia suíça. Hoje, a TAP faz parte da Star Alliance, liderada pela Lufthansa.

 

A Swissair, a braços com dificuldades financeiras que iriam conduzir ao seu desmantelamento e à criação da Swiss, desiste de comprar parte da TAP. A privatização morre.

 

Fernando Pinto surge, então, aos comandos da empresa em 2000, e depois de falhada a venda à Swissair, a TAP entra, em 2005, na Star Alliance. E faz a mudança de imagem. Um ano depois compra a VEM, empresa de manutenção brasileira, e que tantas dores de cabeça tem dado. Aliás, esta é uma das espinhas neste actual processo de privatização. 

 

E continua nas compras. Compra ao Banco Espírito Santo a companhia portuguesa Portugália em 2006. 

 

A história de 67 anos da TAP pode hoje ter mais uma data. A venda da transportadora a Efromovich. Ou no outro cenário, a recusa do Estado vender a transportadora. O Conselho de Ministros terá a última palavra. A data está já posta no calendário histórico da TAP. Falta agora preencher com a decisão.

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