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Lance Armstrong: Ascensão e queda do ciclista que venceu sete vezes a Volta à França… dopado

“Era uma história perfeita mas não era verdadeira”. O único ciclista que ganhou sete vezes consecutivas o Tour de France admitiu, pela primeira vez, que usou um “cocktail” de testosterona, EPO e transfusões de sangue para conseguir vencer as provas.

18 de Janeiro de 2013 às 11:10
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Lance Armstrong descreveu, numa entrevista concedida à apresentadora Oprah Winfrey, que o seu o regime de doping era “inteligente” e “profissional”. Consistia numa mistura de testosterona, EPO (Eritropoietina, hormona que aumenta o nível de glóbulos vermelhos no sangue, melhorando a troca de oxigénio e eleva a resistência ao exercício físico) e transfusões de sangue.

 

Questionado se seria “humanamente possível” vencer sete vezes a Volta à França sem este “cocktail” de drogas, o ciclista respondeu simplesmente: “Não”. “Foi tudo uma grande mentira que eu repeti diversas vezes”.

 

Armstrong admite que nunca temeu ser apanhado, já que na altura (antes de 2005) era raro serem feitos testes de doping durante as corridas. “Os testes mudaram e evoluíram. Agora ocorrem muitas vezes fora da competição”.

 

O ciclista, de 41 anos, está impedido de voltar a competir ao nível olímpico e viu a União Ciclista Internacional (UCI) anular os resultados alcançados na Volta a França em 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005 (13 participações, sete vitórias, 22 etapas), na Volta à Suíça em 2001 e na Volta ao Luxemburgo em 1998.

Eu não inventei a cultura, mas não tentei pará-la. Lamento por isso, mas não tive acesso a nada a que os outros não tenham tido. 
Lance Armstrong

Lance Armstrong iniciou-se no doping no princípio da carreira e enveredou pela EPO em meados dos anos 90. "É demasiado tarde (para admitir ter-me dopado), provavelmente para a grande maioria das pessoas, e a culpa é minha. Esta situação é uma grande mentira, que repeti inúmeras vezes", confessou o ciclista à apresentadora norte-americana.

 

Para Armstrong, a sua história, de sobrevivente do cancro que ganha a maior prova do ciclismo, foi "tão perfeita durante tanto tempo", que acabou por perder-se.

 

"Estava habituado a controlar tudo na minha vida, especialmente no que toca ao desporto. Agora a história é tão má, tão tóxica, e grande parte é verdade", lamentou, frisando, no entanto, que nunca pressionou nenhum dos seus antigos companheiros da US Postal a dopar-se.

 

O norte-americano negou também que a sua equipa tivesse, como alega o relatório da Agência Antidopagem dos Estados Unidos (USADA), "o programa mais sofisticado da história do desporto".

 

"Eu não inventei a cultura, mas não tentei pará-la. Lamento por isso, mas não tive acesso a nada a que os outros não tenham tido", garantiu.

 

Armstrong assegurou ainda que em 2009 e 2010, épocas em que voltou ao pelotão depois de abandonar a modalidade em 2005, não se dopou.

 
Ben Johnson, Marion Jones e Maradona as outras grandes "vítimas" do doping

O ciclista norte-americano Lance Armstrong foi a última grande "estrela" do desporto a cair do "pedestal" devido ao doping, que, entre outros, também "apanhou" Ben Johnson, Diego Armando Maradona ou Marion Jones.

 

Ao confessar, numa entrevista a Oprah Winfrey, que se dopou ao longo de uma carreira marcada pela conquista de sete edições do Tour, entretanto subtraídos ao seu palmarés pela UCI, Lance juntou-se, em definitivo, ao lote de grandes ídolos do desporto "destronados" pelo uso de substâncias proibidas.

O primeiro grande caso aconteceu em 1988, nos Jogos Olímpicos realizados em Seul, onde o velocista canadiano espantou o mundo, com um impressionante registo de 9,79 segundos na final dos 100 metros, à frente do norte-americano Carl Lewis.

 

O estrondoso recorde mundial, numa altura em que nenhum outro atleta baixara dos 9,90 segundos, durou, no entanto, escassos dois dias, já que o teste de urina de Ben Johnson acusou a presença do esteroide estanozolol. O treinador confessaria, depois, que Ben se dopava há muito, desde 1981.

 

Foi na segunda grande competição planetária, o Mundial de futebol, que surgiu outro caso de doping que abalou o desporto: Diego Armando Maradona, então o incontestável "rei", acusou efedrina após um encontro com a Nigéria (2-1).

 

Maradona, que havia levado a Argentina às finais de 1986 e 1990 - uma ganha e outra perdida, com a Alemanha -, deixou os Estados Unidos em choque, ele que havia começado a prova em grande, com um tento na goleada face à Grécia (4-0).

 

A outra grande figura a cair em desgraça foi a velocista norte-americana Marion Jones, que, em 2007, confessou ter disputado os Jogos Olímpicos de Sidney 2000, nos quais conquistou cinco medalhas (100, 200, 4x100 e 4x100 metros e comprimento), sob o efeito de esteróides anabolizantes.

 

Lance Armstrong, Ben Johnson, Diego Armando Maradona e Marion Jones serão os maiores casos de doping no desporto, mas muitos outros foram apanhados ou simplesmente confessaram, sendo o ciclismo "omnipresente" neste tipo de casos.

 

O espanhol Alberto Contador perdeu por doping, nunca confessado, o Tour de 2010 e o Giro de 2011, e outros vencedores da prova gaulesa também estiveram envolvidos em vários casos, como o italiano Marco Pantani, o norte-americano Floyd Landis, o alemão Jan Ulrich ou o dinamarquês Bjarne Riis.

 

Foram muitas as buscas e os casos, como o "Caso Festina", a "Operação Puerto" ou o "Caso Cofidis".

O atletismo também deu muitos "contributos", como Justin Gatlin, Tim Montgomerie, Dwain Chambers, Konstantinos Kenteris, Ekaterina Thanou ou Alex Schwazer.

 

Alguns ficaram, para a eternidade, sob suspeita, especialmente a velocista norte-americana Florence Griffith-Joyner (ainda recordista mundial dos 100 e 200 metros, com inalcançáveis 10,49 e 21,34), mas também Marita Koch, Jarmila Kratochvilova ou várias atletas chinesas, como Qu Yunxia e Wang Yunxia.

 

O halterofilismo também foi sempre uma fonte inesgotável de casos de doping, que apareceu igualmente em modalidades mais "elitistas", como o ténis, por intermédio do norte-americano Andre Agassi ou da suíça Martina Hingis.

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