A venda de bilhetes do Benfica sofreu um tombo na época passada. As receitas de bilheteira caíram 22,9%, de 8,4 milhões de euros para 6,5 milhões na temporada 2013/2014. A queda dos ingressos vendidos teve lugar nas competições europeias, pois nos jogos da liga portuguesa as receitas até aumentaram.

Mas, numa época em que o Benfica disputou a fase de grupos da Champions e chegou à final da Liga Europa, o que é que aconteceu para se verificar esta queda? Foi mesmo a qualidade mais baixa dos adversários que jogaram no Estádio da Luz.

"Isto tem uma explicação clara: o facto de estarmos cada vez mais num ranking mais elevado da UEFA e, portanto, estarmos num primeiro pote da UEFA, leva a que os adversários com quem jogamos não sejam adversários tradicionais, como o Barcelona, Real Madrid, Manchester United", explica o administrador financeiro da SAD encarnada.

"Isto tem claramente um impacto. O que prova que o adepto do Benfica que vem aos jogos vem à procura de espectáculo. E se o adversário não é efectivamente um clube de topo europeu, as assistências e a receita ressentem-se nesse aspecto", afirma Domingos Soares de Oliveira. "Recordo que fomos mais uma vez a uma final europeia, não há menos jogos do que houve na época anterior", sublinhou.

Olhando para as receitas médias nas competições internas e externas dá para ter uma noção das diferenças. As receitas por jogo na liga portuguesa aumentaram 3,4% para 228 mil euros na época passada. Já na Europa, a receita média caiu 38,5% para 395 mil euros por encontro.

No total, o número de bilhetes vendidos no campeonato cresceu de 182 mil para 194 mil. Já na Europa, os ingressos caíram de 225 mil para 143 mil.

As receitas de bilheteira na Liga dos Campeões caíram 57,8% para 910 milhões de euros. Já na Liga Europa recuaram 20,5% para 1,8 milhões de euros. Ao mesmo tempo, aumentaram 2,3% para 3,4 milhões de euros no campeonato nacional.

Devido a esta quebra nos jogos europeus, a assistência média total nos jogos do Benfica em casa caiu de 41 mil pessoas para menos de 40 mil entre as temporadas de 2012/13 e 2013/14.

A venda de lugares cativos também sofreu uma redução de 12% nas vendas na época passada face a período homólogo. No entanto, o gestor faz questão de estabelecer uma linha entre estas quebras e nas competições europeias. "Aqui temos, de uma forma mais clara, o que tem sido as dificuldades das famílias portuguesas, ou seja, eu ao comprar um 'red pass' estou a assumir um compromisso imediato relativamente a uma época que ainda vem pela frente e hoje as pessoas têm mais dificuldade em assumir esse compromisso imediato", analisa Soares de Oliveira.

"Parece-me que os adeptos preferem ir pagando ao longo do tempo, um bocadinho como uma venda a crédito do que propriamente pagarem a pronto. Acho que aqui, sim, reflecte-se a crise portuguesa".

Apesar da quebra na venda dos cativos, a venda de camarotes está totalmente esgotada. Já nos executivo seats tem-se assistido a um aumento da procura, com a SAD a prever o seu crescimento de novo para esta época.