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Benfica mais do que duplica lucros para recorde e baixa passivo
As vendas de jogadores e a subida das receitas levaram os lucros do Benfica para 44,5 milhões de euros, o valor mais elevado de sempre. Excluindo os ganhos com as vendas de jogadores, os resultados operacionais caíram para metade.
A Benfica SAD fechou o exercício fiscal terminado em Junho com um resultado líquido de 44,5 milhões de euros, o que mais do que duplica o valor do ano anterior (20,4 milhões de euros) e representa o nível mais elevado de sempre.
Em comunicado enviado esta terça-feira, 19 de Setembro, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a SAD do clube assinala que o último exercício foi o quarto consecutivo de lucros e "que representa o melhor desempenho de sempre".
Para este resultado contribuíram os ganhos com a venda de jogadores, mas também os indicadores operacionais, já que as receitas também aumentaram.
Os rendimentos operacionais aumentaram de 211 para 253 milhões de euros (+19,7%), sendo que sem ter em conta os ganhos com a transacção de jogadores também se registou um aumento, embora bem mais modesto: +1,7% para 128,2 milhões de euros.
Para esta subida dos rendimentos operacionais, de acordo com o Benfica, contribuiu o "contrato celebrado com a NOS, que entrou em vigor no presente exercício, e que permitiu compensar o natural decréscimo de rendimentos originado pelo facto de não se ter alcançado os quartos-de-final da Liga dos Campeões, o que sucedeu em 2015/2016".
No ano em que conquistou o tetra-campeonato, o Benfica foi eliminado nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, quando na época anterior tinha chegado aos quartos-de-final (eliminado pelo Bayern de Munique).
Este desempenho inferior na Champions reflectiu-se nos resultados operacionais, que excluindo os ganhos com transacção de jogadores caiu para 4 milhões de euros, cerca de metade do conseguido no exercício anterior.
Englobando os ganhos com as vendas de jogadores, os resultados operacionais aumentaram 65,5% para 62,9 milhões de euros.
O Benfica obteve receitas de 123 milhões de euros com a venda de jogadores no último exercício, destacando-se as transferências de Ederson (40 milhões de euros), Victor Lindelöf (30,5 milhões de euros), Gonçalo Guedes e Hélder Costa. Nesta contabilidade falta ainda incluir os valores da transferência de Mitroglou (15 milhões de euros) e Nelson Semedo (30,5 milhões de euros), que só foram fechadas em Agosto e vão por isso influenciar as contas do exercício 2017-2018.
No balanço entre gastos e receitas com a transacção de atletas, o Benfica obteve um ganho de 58,9 milhões de euros, quase o dobro do registado na época anterior (30,1 milhões de euros).
Activo acima dos 500 milhões e passivo desce
Também no balanço o Benfica apresenta uma evolução positiva nos principais indicadores. A SAD encarnada assinala que o activo subiu 6,2% para 506,1 milhões de euros, superando pela primeira vez a barreira dos 500 milhões de euros, "facto inédito no panorama do futebol português".
Também aqui a venda de passes de jogadores teve um contributo relevante. A evolução do activo é "essencialmente explicada pelas alienações de direitos de atletas que ocorreram no final da época, as quais geraram um acréscimo significativo na rubrica de clientes, e pelo aumento do valor dos direitos de atletas na rubrica do activo intangível", refere o comunicado da SAD.
O plantel do Benfica está avaliado nas contas do clube em 124,3 milhões de euros (contra 115 na época anterior). O dinheiro a receber com as transferências de jogadores engordou a rubrica clientes e devedores para 49,7 milhões de euros, bem mais que os 6,24 registados em Junho de 2016.
Ao nível do passivo, verificou-se uma descida de 3,8% para 438,3 milhões de euros, que é "essencialmente justificado pela diminuição do passivo remunerado, designadamente dos empréstimos obtidos".
Uma das promessas do presidente do clube, Luís Filipe Vieira, passa precisamente pela redução do passivo do clube, que tal como no caso do activo, é o mais elevado entre os clubes portugueses.
A SAD implementou uma reestruturação ao nível do endividamento, substituindo financiamento junto da banca por empréstimos obrigacionistas. "No âmbito desta restruturação, a dívida bancária regista uma forte redução pelo segundo ano consecutivo, no montante de 88,9 milhões de euros (2015/2016: 49,7 milhões de euros), tendo sido parcialmente compensada pelo incremento do valor dos empréstimos obrigacionistas por subscrição pública em 59,3 milhões de euros", refere a SAD.
Com o activo a crescer e o passivo a diminuir, os capitais próprios melhoraram para 67,7 milhões de euros, mais do que triplicando o registado em Junho de 2016 (20,9 milhões de euros).
O Benfica assinala que o valor do capital próprio supera os 57,5 milhões de euros, nível que corresponde a 50% do capital social da SAD. "Esta meta alcançada no final do exercício tem um maior significado para o Grupo Benfica, sendo demonstrativa da tendência de recuperação a que se tem vindo a assistir nos últimos anos", refere o comunicado, salientando que pela primeira vez desde o primeiro exercício (2000/2001), que é cumprido o estipulado no artigo 35.º do Código das Sociedades Comerciais (CSC).
(notícia actualizada às 17:50 pela última vez)