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Preços das casas vão continuar a subir em Portugal até “pelo menos” 2026
A falta de mão de obra, estimada em mais de 90 mil trabalhadores, eleva os custos de construção, mesmo com a estabilização dos preços dos materiais, mantendo a trajetória ascendente dos preços das casas, que mais do que duplicaram desde 2015.
Entre 2015 e 2023, o aumento acumulado do preços das casas em Portugal foi de 105,8%, com o valor médio de avaliação bancária nos primeiros 10 meses deste ano a registar uma subida de 11% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os estrangeiros investiram mais de 2.500 milhões de euros no setor imobiliário nacional este ano, enquanto o saldo migratório positivo ultrapassou 155 mil pessoas no ano passado.
Por outro lado, regista-se um défice de licenciamento, tendo sido licenciadas apenas 28 mil novas unidades em 2024, número insuficiente para equilibrar a procura crescente.
A falta de mão de obra, estimada em mais de 80 mil profissionais, eleva os custos de construção, mesmo com a estabilização dos preços dos materiais.
Apesar da procura, impulsionada por taxas de juros mais baixas e medidas governamentais direcionadas, como isenções fiscais para jovens, o setor não consegue dar resposta, com a burocracia e atrasos em programas como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a agravar a crise de oferta.
Ora, o programa "Construir Portugal", lançado em 2024, promete reforçar a oferta por meio de medidas como incentivos fiscais, revisões urbanísticas e apoio à habitação acessível, com o Orçamento do Estado para 2025 a prever um investimento adicional de 2,8 mil milhões de euros para acelerar a construção ou reabilitação de habitação social, sinalizando a meta de alcançar 59 mil fogos até 2030.
Contudo, os analistas alertam que o impacto dessas medidas só deverá ser sentido no médio prazo, "enquanto os desafios estruturais continuam a pressionar o mercado", sinaliza a consultora imobiliária Agenda Urbana, que é liderada por Álvaro Santos, coautor do livro "Políticas Locais de Habitação".
A Agenda Urbana projeta que "os preços das habitação em Portugal continuarão a subir até pelo menos 2026, mesmo com a estabilização dos juros".
"O futuro da habitação em Portugal dependerá de uma combinação de fatores. A sustentabilidade do mercado exigirá a implementação eficaz das políticas de oferta, em particular da oferta de habitação a preços acessíveis. O planeamento urbano inclusivo, aliado a uma gestão eficiente dos recursos públicos e privados, será essencial para criar soluções habitacionais que respondam às necessidades da população", considera Álvaro Santos, CEO da Agenda Urbana, sublinhando a necessidade urgente de abordagens inovadoras.
Com o mercado imobiliário a enfrentar atualmente um período de ajustamento, para a Agenda Urbana "a expansão da construção modular e industrializada é vista como a solução mais promissora para mitigar os custos e estabilizar os preços", ainda que sinalize que "a falta de mão de obra e a burocracia são riscos significativos a curto prazo".
Ainda assim, "o fortalecimento das políticas públicas habitacionais e a aposta em inovação podem plantar as sementes para um mercado mais equilibrado no futuro. O sucesso desta transição dependerá da capacidade do país em transformar as boas intenções em resultados concretos", observa a mesma consultora imobiliária.