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Trabalhadores da grande distribuição em greve a 23 e 24 contra desvalorização do contrato coletivo

SITESE diz que a contratação coletiva é "desvalorizada" pelas empresas filiadas da APED porque "serve de garantia de estabilidade aos trabalhadores". Paralisação às portas do Natal visa "demonstrar que dignidade não é um presente", mas antes "um direito".

Pedro Catarino/Cofina
12 de Dezembro de 2023 às 12:54
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Os trabalhadores da grande distribuição vão entrar em greve nos dias 23 e 24 de dezembro contra a "desvalorização da contratação colectiva" perante a recusa das empresas em atualizar a tabela salarial aplicável, para "demonstrar que a sua dignidade não é um presente de Natal", mas "um direito".

Em comunicado, o SITESE - Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços indica que o pré-aviso de greve dos trabalhadores de empresas filiadas na Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) - que junta 120 associados, dos quais 60 do retalho alimentar - foi submetido, esta terça-feira, ao Governo e aos parceiros sociais.

"Mais um ano em que grandes empresas deste setor atingiram os resultados comerciais e financeiros que desejavam. No entanto, foi mais um ano em que os representantes dessas mesmas empresas se recusam a atualizar a tabela salarial aplicável aos seus trabalhadores. Dizem as empresas que acumulam os lucros que não há condições para rever o contrato coletivo de trabalho", afirma o SITESE, acusando as empresas de optarem antes por aumentar salários internamente, porque "a qualquer momento podem mudar de estratégia, mudar os trabalhadores, mudar a estratégia comercial e 'começar de novo' com condições de trabalho ainda piores".

Na nota enviada às redações, o sindicato sublinha que "o contrato coletivo é um fator de estabilidade, mas é visto claramente, pelas empresas como um fator concorrencial, preferindo cada uma tratar do 'problema' dentro da sua casa", o que resulta, como "consequência natural", no facto de "dentro do mesmo setor haver diferentes condições de trabalho, diferentes formas de organização dos horários, diferentes salários e diferente conciliação do trabalho com a vida pessoal e familiar".

"E essas diferenças, pasmem-se, funcionam sempre em prejuízo dos trabalhadores que, como não têm um contrato coletivo que lhes garanta segurança profissional, estão sujeitos a pressões - e cada vez mais casos de assédio são tornados públicos e relatados aos sindicatos – para assegurarem o seu emprego", critica o sindicato, lamentando que a contratação coletiva seja "desvalorizada" porque "serve de garantia de estabilidade aos trabalhadores".

"Como é possível que depois de um ano que já se verifica muito lucrativo, a APED diga que as empresas do setor recusam negociar a melhoria das condições de trabalho e de vida dos seus trabalhadores? Como é possível que as empresas e os seus representantes queiram manter as injustiças que diariamente se verificam nos locais de trabalho, com as funções acumuladas indevidamente, o desrespeito pela antiguidade, a desorganização de horários, folgas e férias?", questiona o sindicato.

"Com essa atitude quase provocatória, a APED obriga os trabalhadores a lutar", conclui.

Esta greve mobilizada pelo SITESE (afeto à UGT) acontece pouco mais de um mês da paralisação convocada pelo CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (afeto à CGTP).
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