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Pedro Soares dos Santos: “Concertação social só vale em termos políticos”

“Nada”, é quanto vale a concertação social fora da arena política, hoje, em Portugal, segundo o líder do grupo Jerónimo Martins. A Confederação dos Serviços de Portugal vai recorrer da sua exclusão do CES.

Miguel Baltazar/Negócios
23 de Fevereiro de 2017 às 16:00
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"Perguntou-me sobre a concertação social. Eu acho que a concertação social em Portugal não representa hoje verdadeiramente o tecido empresarial português", respondeu esta quinta-feira Pedro Soares dos Santos, presidente e administrador-delegado do grupo Jerónimo Martins (JM). A questão, colocada por uma jornalista durante uma conferência de imprensa da JM, é que, para o gestor, se a concertação social "representasse [o empresariado nacional], tinha uma força e uma capacidade de intervenção completamente diferente do que tem hoje no mercado".

"Acha, então, que em termos práticos… ?, insistiu a jornalista da TVI – "Ela [a concertação social] não vale nada, só vale em termos políticos. Em termos comerciais, não vale muito", respondeu.

Já sobre o aumento do salário mínimo em Portugal, Pedro Soares dos Santos – líder de um grupo que fechou o ano com 96.233 colaboradores nas três geografias onde opera – reiterou que "o [grupo] JM não tem salários mínimos. Sempre pagou acima do salário mínimo e vai continuar a pagar. Mantém a sua política salarial de crescimento, muito em função daquilo que o mercado e as margens permitem. E portanto, vai continuar". "Nessa área, nós temos isso muito bem definido" e "vai continuar a funcionar" – "temos os nossos aumentos, temos os nossos timings para os fazer", e "isso acontece aos seus ritmos normais".

E sobre efeitos adicionais em todas as remunerações acima daquele patamar? "Aí os impactos estão a ser previstos todos os anos nos orçamentos – já estava previsto, mesmo que não houvesse aumento do salário mínimo, nós íamos fazer os nossos aumentos naturais, que fazemos todos os anos, em função da produtividade", esclareceu, em conferência de imprensa.

Já a discussão sobre a Taxa Social Única [TSU], foi resolvida rapidamente. "Já não é tema. E se calhar, nunca foi tema para nós e por isso nem acho que vale a pena falar sobre isso", disse. "Somos uma empresa que temos um negócio. Acreditamos neste país, acreditamos nas soluções, acreditamos no consumidor português, e acreditamos na sociedade em que estamos inseridos. As situações políticas que vão aparecendo, temos que as saber gerir com inteligência. Temos que saber viver nelas", acrescentou.

"O que se discute de política na praça pública, deixo isso para os comentadores. Estou aqui para fazer valer a fortaleza económica desta companhia, e o negócio dela, e no que ela pode fazer realmente junto do consumidor português e como é que ela pode melhorar a vida de algumas pessoas", finalizou.

 

CPS protesta contra exclusão do CES

A conferência de imprensa realizada pela administração da JM esta quinta-feira, 23 de Fevereiro, para detalhar os resultados de 2016 e as perspectivas de 2017, coincidiu com a divulgação, pela Confederação dos Serviços de Portugal (CPS) - a que o grupo de distribuição preside pela inerência da presidência da APED - sobre a decisão de recorrer da sua exclusão do Conselho Económico e Social.

A APED, e consequentemente a CPS, tem actualmente como presidente Jorge Jordão, em representação da empresa Pingo Doce (do grupo Jerónimo Martins). Miguel Seixas, da Modelo Continente Hipermercados (do grupo Sonae) e Rui de Carvalho, em representação da Auchan Portugal (cadeias Jumbo e Pão de Açúcar) são os vice-presidentes da associação que reúne os grupos de distribuição alimentar e especializada a operar em Portugal.

Já na CPS, Jorge Jordão tem como vice-presidentes representantes da APCC (centros comerciais), Recheio (da JM), Makro (do grupo alemão Metro), ACEPI (associação de economia digital), APRITEL (associação dos operadores de telecomunicações) e OMG.

Em comunicado emitido esta quinta-feira, a presidência da CSP fez saber às redacções que "vai recorrer da decisão recentemente proferida pelo presidente do Conselho Económico e Social", Correia de Campos, "que inviabiliza a entrada da Confederação no CES".

"Numa posição que contraria manifestamente afirmações públicas onde reconhecia a falta de representatividade dos serviços na nossa economia", argumenta a CPS na nota enviada às redacções, "o presidente do CES decidiu, pura e simplesmente, atribuir os lugares existentes às confederações patronais que já tinham assento no referido Conselho pelo facto de integrarem a chamada Comissão Permanente de Concertação Social".

Para o Presidente da CSP, Jorge Jordão, citado no comunicado conhecido esta quinta-feira, esta atitude "não contribui em nada para aumentar a representatividade do Conselho Económico e Social nem para estimular o debate sobre os grandes desafios da economia portuguesa" e, "com esta decisão", Correia de Campos "impede uma representatividade adequada dos serviços, não nos restando outra alternativa senão a de apresentar recurso", conclui.

"No recurso ora interposto defende-se um outro olhar sobre a candidatura que valorize devidamente os interesses diferenciados que actualmente não se encontram representados no CES e que são corporizados pela CSP", avança ainda a direcção deste organismo.

Em alternativa à sua não inclusão no CES, a CPS propõe uma mudança da regulamentação. "Tendo em conta os constrangimentos colocados pelo quadro legislativo actualmente em vigor, a CSP defende a alteração da Lei do Conselho Económico e Social para permitir a entrada de outras organizações que, uma vez demonstrada a relevância dos interesses por si representados, não deveriam ser impedidas de integrar o CES".

"Deste modo", acredita a Confederação "garantir-se-ia uma actualização sistemática dos interesses representados no Conselho Económico e Social, em função da dinâmica da nossa economia e da evolução das suas instituições".

Em comunicado, a direcção da CSP recorda ainda que a entidade "integra associados que representam, no seu conjunto, aproximadamente uma facturação de 34 mil milhões de euros, correspondendo a cerca 20% do PIB", e responsáveis "pela criação de 184 mil postos de trabalho directos e mais de 150.000 indirectos e pela cobrança de um terço do IVA em Portugal".

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