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Milionários de hoje construíram impérios no pós-25 de Abril

Belmiro de Azevedo e Alexandre Soares dos Santos são dois dos homens mais ricos de Portugal. As suas fortunas foram amealhadas já no pós-25 de Abril.

23 de Abril de 2014 às 00:01
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Os supermercados e hipermercados criaram duas das maiores fortunas portuguesas. A partir dos anos 80, os portugueses passaram a ir às compras em lojas maiores, com predominância de duas empresas: Sonae e Jerónimo Martins, sociedades que são sinónimo não apenas de duas grandes fortunas, como também de duas das maiores companhias nacionais.

 

A Sonae é mesmo uma das maiores empregadoras nacionais. Se antes do 25 de Abril as grandes fortunas estavam ligadas à indústria (António Champalimaud e família Mello) e à banca, no pós-25 de Abril os milionários aparecem, também, associados aos serviços.

 

Isto, apesar de Belmiro de Azevedo ter “crescido” na indústria. Uma indústria associada a um banqueiro, uma aliança habitual na história empresarial portuguesa.

 

Se antes do 25 de Abril as grandes fortunas estavam ligadas

à indústria (António Champalimaud e família Mello) e à banca,

no pós-25 de Abril

os milionários aparecem, também, associados aos serviços.

 

Pinto de Magalhães, do banco com o mesmo nome, tinha a Sonae que se dedicava ao fabrico de estratificados a partir de engaço de uva. Só depois comprou a Novopan, que produzia aglomerados de madeira. Belmiro de Azevedo era um trabalhador da empresa, que ficou a liderar quando Pinto de Magalhães se encontrava no Brasil, nos dias conturbados da Revolução de Abril. Em 1975, os bens do banqueiro foram congelados e o banco nacionalizado. Com esta intervenção, 20% da Sonae, que eram do banco, ficaram nas mãos do Estado, bem como 50% da Novopan.

 

Esta semi-nacionalização da Sonae apanhou Belmiro de Azevedo que viu os trabalhadores colocarem-se ao lado da administração. Nos anos pós-nacionalizações, trabalhadores e gestores mantiveram-se unidos, deixando para a história o episódio conhecido como “greve ao contrário”.

 

Como contou ao Negócios, em 2009, a propósito dos 50 anos da Sonae, Jaime Teixeira, ex-quadro da Sonae, foi dos poucos casos em que “os trabalhadores se revoltaram não contra a administração de uma empresa, mas contra uma intervenção externa”.

 

Com a morte de Afonso Pinto de Magalhães, Belmiro de Azevedo iniciou o controlo accionista da empresa, conseguido nos anos 80. A mesma década que iria marcar o rumo do grupo, com a abertura do primeiro hipermercado Continente, em 1985.

 

Foi também nos anos 80 que a Jerónimo Martins, já sob liderança de Alexandre Soares dos Santos, cria a marca Pingo Doce, deixando para os anos 90 a entrada nos hipermercados, em associação com a Ahold. Alexandre Soares dos Santos assume o negócio que era comandado pelo pai em 1968, passando pelo 25 de Abril sem sobressaltos. Aliás, este empresário queixara-se de que a lei do condicionalismo industrial tinha limitado a expansão da sua empresa. Em 75, houve uma tentativa de ocupação, por parte dos trabalhadores, de uma das sociedades industriais, mas Soares dos Santos contaria mais tarde que optou por ceder às exigências e aumentou os salários. “Naquele momento não me interessavam os lucros. Lucros, eu podia sempre recuperar: a empresa é que não”, explicou Soares dos Santos, citado pelo livro de Filipe S. Fernandes “Fortunas & Negócios”.

 

Belmiro de Azevedo e Soares dos Santos, dois dos homens mais ricos de Portugal. Estão no mesmo negócio e até falharam a fusão das duas empresas que cresceram já no pós-25 de Abril, revolução que acabou por jogar a seu favor, com a ajuda dos trabalhadores. 

 

 

Famílias dominam distribuição

A Sonae é dominada pelo clã Azevedo. A Jerónimo Martins pela família Soares dos Santos. Assumiram-se como grande grupo pelas mãos de Belmiro de Azevedo e Alexandre Soares dos Santos, respectivamente. Empresários que já legaram a liderança nos filhos. Paulo Azevedo e Pedro Soares dos Santos são hoje os rostos destes grupos. Nos dois casos, os filhos já marcaram a história das empresas. Paulo Azevedo no arrojo do lançamento da OPA sobre a Portugal Telecom, na fusão da Optimus com a Zon e na expansão da distribuição não alimentar. Pedro Soares dos Santos criando um parte importante do negócio na Polónia e entrando na Colômbia.

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