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Marcas próprias geram menor rentabilidade para retalhistas e menor fidelização de clientes

Estudo realizado pela Kantar e analisado em conjunto com a Centromarca indica que os compradores de marcas de fabricante representam 46,5% do total de consumidores, mas o valor comprado por estes é de 50,3%, ou seja, superior aos das chamadas marcas próprias.

Inflação abrandou para 9,6% em dezembro, mas o BdP estima que, para os mais pobres, tenha sido superior.
João Cortesão
Diana do Mar dianamar@negocios.pt 30 de Outubro de 2023 às 11:00
Um estudo da consultora Kantar e analisado em conjunto com a Centromarca (Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca) conclui que apesar de as dificuldades económicas poderem convidar à compra de marcas de distribuição, as chamadas marcas próprias "geram menor diversidade na prateleira, menor rentabilidade para os retalhistas e menor fidelização nos clientes".

À luz dos dados, divulgados, esta segunda-feira, num comunicado às redações, os consumidores que optam por mais marcas próprias são "menos fiéis aos hiper e supermercados", além de que são as insígnias de sortido curto (como Minipreço, Lidl, Aldi e Mercadona) as que mais beneficiam com os portugueses que as apreciam.

As marcas de fabricante "continuam a ser necessárias em todos os tipos de locais de compra", representando 60,1% das compras dos compradores de sortido curto em hiper e supermercados.

Olhando para os valores em concreto, os compradores de marcas de fabricante representam 46,5% do total de consumidores, mas o valor comprado por estes é de 50,3%, enquanto os que preferem marcas próprias pesam 53% no universo total, no entanto, os seus gastos em compras representam somente 49,7%.

"As insígnias que têm reduzido o sortido e o número de opções de compra, para apostarem mais nas marcas próprias, têm sentido o impacto dessa escolha. Estas marcas próprias não têm ajudado a fidelizar clientes, a aumentar o tráfego ou o valor das cestas", diz o diretor-geral da Centromarca, Pedro Pimentel, para quem "se nota até uma tendência de transferência de consumidores de uma tipologia de retalhistas para outra".

Já Marta Santos, Clients & Analytics Director, assinala, por seu turno, que "completar o sortido com marcas de fabricante pode representar uma maior taxa de retenção do gasto dentro da loja para os retalhistas de sortido curto. Estes retalhistas têm visto os consumidores saírem das suas lojas para irem à concorrência à procura das marcas de fabricante que querem comprar".

Apesar de os preços terem estabilizado nos últimos meses, o estudo levado a cabo pela Kantar demonstra que 44% dos portugueses consideram o preço o fator mais importante no momento de compra, com praticamente nove em cada dez pessoas (89%) a afirmar comparar preços para aproveitar promoções.

Para promover a poupança, mantém-se a tendência de otimizar o gasto em cada ato de compra: os consumidores portugueses continuam a ir às compras mais vezes, comprando menos de cada vez.

Ainda assim, dois terços (67%) dos consumidores continuam a encontrar espaço para "mimos" nas idas às compras, recorrendo, para isso, a produtos de segmentos mais indulgentes, refere o estudo, elencando como exemplos sumos de fruta, frutos secos, pão e tostas, sobremesas prontas e comida étnica.

Olhando aos canais de compra, o estudo da Kantar nota um decréscimo na atratividade do online: "No pós-pandemia, com a possibilidade de regressarem às lojas, os portugueses passaram a apostar menos nas compras pela internet, cuja penetração sofreu uma queda de 2,7 pontos percentuais face a 2019".

Ainda assim, ressalva, um em cada quatro portugueses (25,1%) fez pelo menos uma compra neste canal em 2023.

Os dados de compra são baseados no Painel de Lares da Kantar, composta por uma amostra de 4.000 lares participantes, representativos de Portugal continental, dispersos em mais de 1.000 pontos de sondagem, que declaram as suas compras, no período em análise de 36 semanas, compreendidas entre 2 de janeiro e 10 de setembro de 2023. Os resultados apresentados têm um nível de confiança de 95%, com erro amostral associado de 1,96%, segundo a consultora de mercado.
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