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Lucros da Jerónimo Martins recuam 44% no trimestre para 35 milhões de euros
A Jerónimo Martins obteve lucros de 35 milhões de euros no primeiro trimestre de 2020, menos 43,8% face ao período homólogo.
A Jerónimo Martins fechou o primeiro trimestre de 2020 com lucros de 35 milhões de euros, o que representa um recuo de 43,8% face aos 62 milhões de euros obtidos no mesmo período de 2019. Os resultados foram anunciados esta quarta-feira em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
A dona do Pingo Doce reconhece que o arranque do ano foi "forte", mas que os primeiros três meses de 2020 acabaram por ficar marcados pela pandemia de covid-19, sobretudo o mês de março.
As vendas do Pingo Doce no trimestre cifraram-se em 936 milhões de euros, mais 3,5% face ao período homólogo. Na Polónia, as vendas da Biedronka subiram 12,6% para os 3,3 mil milhões de euros, enquanto a Hebe aumentou as vendas em 14,6% para os 64 milhões. Na Colômbia, as vendas da Ara subiram 38,9% em euros, para os 235 milhões.
A retalhista refere que os primeiros impactos da pandemia começaram a sentir-se logo na primeira quinzena de março em Portugal e na Polónia, "com um crescimento acentuado das vendas em determinadas categorias a reflectir os receios dos consumidores de não conseguirem aceder a produtos alimentares essenciais durante a pandemia". Nas duas últimas semanas de Março, já com medidas de restrição implementadas, as vendas registaram um decréscimo tanto no Pingo Doce como na Biedronka, na Polónia.
No total, o grupo gastou cerca de 15,5 milhões de euros nas últimas semanas de março "para garantir a segurança e a sustentabilidade das actividades".
No mesmo relatório, o grupo adianta também os resultados de abril. No mês passado, as vendas do Pingo Doce recuaram 16,3%, enquanto a Biedronka aumentou as vendas em 6,5%. Ao contrário do habitual, a Páscoa "não contribuiu significativamente para o desempenho de vendas".
Já a Hebe, a cadeia de lojas de cosmética que o grupo detém na Polónia, "sofreu um impacto relevante nas vendas" tanto em março como em abril, apesar de ter registado uma subida de 50% das vendas online.
Em Portugal, a pandemia impactou também as vendas do Recheio, "na sequência do encerramento dos restaurantes e cafés e da suspensão da actividade turística em geral",
Na Colômbia, onde o grupo detém a cadeia de lojas Ara, os primeiros efeitos da crise foram sentidos na segunda metade de março, "com sinais de acumulação de stocks em alguns produtos básicos". Nesta geografia, a "pressão operacional" e a "deterioração significativa dos níveis de serviço de alguns fornecedores de produtos básicos" resultou num crescimento das vendas de 16,5% em abril.
Citado na nota enviada ao mercado, o CEO da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, ressalva o "crescimento de vendas assinalável" do grupo no trimestre, salientando a "flexibilidade e resiliência" das operações "mesmo quando postas à prova por uma ameaça sem precedentes, como é o caso da pandemia por COVID-19".
Soares dos Santos reconhece que "neste momento, existe ainda uma visibilidade muito reduzida sobre a escala e a profundidade que os efeitos desta pandemia poderão assumir", mas garante que a crise encontra o grupo "numa situação financeira sólida, depois de um ano de fortes resultados como foi o de 2019", que a Jerónimo Martins fechou com lucros de 433 milhões de euros.
As consequências da pandemia levaram ainda assim, o grupo a cortar os dividendos a atribuir aos acionistas, "reduzindo excepcionalmente o payout a 30% dos resultados consolidados".
O Conselho de Administração do grupo vai propor na Assembleia Geral, que terá lugar a 25 de Junho, a distribuição, "para já", de dividendos "no montante de 130,1 milhões de euros, revendo a distribuição de 216,8 milhões de euros anunciada a 20 de Fevereiro de 2020", o que corresponde a um dividendo bruto de 0,207 euros por acção.
Além do corte de dividendos, o grupo "decidiu suspender o arranque de projectos de construção de novas lojas e o início de projectos de remodelação". Uma decisão que "gerará, inevitavelmente, atrasos no programa de investimento do ano", que ultrapassava os 700 milhões de euros. Ainda assim, a empresa garante que "todos os investimentos já iniciados estão a ser concluídos e não serão comprometidos os investimentos planeados a nível de aquisição de terrenos para localizações futuras".
A dona do Pingo Doce reconhece que "todos os negócios serão impactados por esta pandemia", mas "dada a imprevisibilidade actual da evolução" da crise, o grupo entendem "não estarem ainda reunidas as condições necessárias para uma estimativa válida sobre o impacto potencial desta crise na actividade do ano".