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APED: Descida do IVA foi refletida nos preços, mas não trava aumentos ditados pelo mercado

Diretor-geral da APED lamenta ainda que Governo ainda não tenha cumprido a sua parte, já que a produção nacional ainda não viu um cêntimo dos apoios prometidos, que "serão importantes para mitigar aumentos".

David Cabral Santos
20 de Abril de 2023 às 14:30
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O diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) garante que os retalhistas refletiram integralmente a descida do IVA nos preços dos produtos e insiste que tal não significa um travão a eventuais aumentos decorrentes do próprio funcionamento do mercado.

"Não há qualquer dúvida de que os preços desceram na medida em que desceu o IVA", mas "se vão aumentar? Infelizmente chama-se a isso mercado. Não podemos esconder o que está a acontecer:oOs nossos fornecedores aumentaram-nos os preços porque continuam a aumentar em alguns segmentos nestes produtos", afirmou Gonçalo Lobo Xavier, durante uma conversa integrada na Grande Conferência Negócios Sustentabilidade 20|30.

O diretor-geral da APED deu o exemplo da carne de porco, um dos 46 produtos que integram o cabaz isento de IVA: "Vai continuar a aumentar porque está com uma pressão enorme no mercado mundial, porque há uma peste suína na China e isso tem consequências em todo o mercado".

Gonçalo Lobo Xavier apontou, no entanto, que na equação dos preços entra também um fator importante, prometido, aliás, pelo Governo, no pacto de estabilização: os apoios à produção. "O mercado está muito pressionado" e "a produção nacional ainda não viu um cêntimo dos apoios que estavam prometidos e que, naturalmente, serão importantes para mitigar o aumento dos custos de produção e só terá efeitos daqui a uma ou duas colheitas".

"É certo que a energia está a baixar, que os transportes estão a baixar, mas outras dinâmicas do mercado dos alimentos continuam a pressionar a subida", apontou.

"O que posso dizer é que vamos continuar a fazer um esforço tal como fizemos em 2022. O índice de preços na produção agrícola nacional cresceu 38%, na indústria agroalimentar 35% e no retalhista 19,9% - os dados são do Instituto Nacional de Estatística (INE). Se isto acontece é porque houve muita eficiência e um trabalho enorme por parte dos retalhistas para não aumentar na mesma proporção e esse objetivo vai contnuar - podem ter a certeza. Agora, não nos podem é pedir para fazer ilegalidades ou vender abaixo do preço do custo", concluiu.
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