Notícia
"Credit Suisse não teve capacidade de lidar com dificuldades". Banco vendido ao UBS com apoio até 100 mil milhões
O negócio histórico é a maior operação de consolidação na banca europeia desde a crise financeira. O UBS compra o Credit Suisse por 3,25 mil milhões de francos suíços. O supervisor alerta que a solução foi necessária ao sistema financeiro global.
A venda do Credit Suisse ao UBS está fechada. O governo e o supervisor financeiro da Suíça confirmaram o negócio histórico entre os dois maiores bancos do país numa conferência de imprensa conjunta este domingo, na qual explicaram que era necessária uma solução para fazer face à crise de confiança no Credit Suisse.
"Com a aquisição do Credit Suisse pelo UBS, foi encontrada uma solução para assegurar a estabilidade financeira e proteger a economia suíça nesta situação de exceção", refere o comunicado do Banco Nacional da Suíça, que garante um empréstimo que pode ir até 100 mil milhões de francos suíços (equivalente a 101,2 mil milhões de euros) para apoiar a operação avaliada em 3 mil milhões de francos suíços (3,04 mil milhões de euros).
Foram as autoridades helvéticas a conduzir as negociações para travar a sangria em bolsa do Credit Suisse. O UBS tinha inicialmente proposto a compra por mil milhões de dólares, tendo acabado por rever a oferta para 3,25 mil milhões - 0,76 francos suíços por ação, pagos em ações do UBS - para desbloquear o negócio.
Mesmo com este reforço da oferta, a aquisição da totalidade do capital do Credit Suisse representa um desconto expressivo face ao valor em bolsa. O banco tem uma capitalização de mercado de 7,43 mil milhões de francos suíços (equivalente a 7,5 mil milhões de euros).
Cada ação fechou a valer 1,86 francos suíços (1,87 euros) na sexta-feira, após ter caído 8% na sessão (acumula uma perda de 35% desde o início do ano). Já o UBS tem uma capitalização de 51,3 mil milhões de francos suíços (equivalente a 51,7 mil milhões de euros). As ações desvalorizaram 1,16% para 17,11 francos suíços (17,24 euros) na sexta-feira.
Foi, contudo, o negócio possível. "Na sexta-feira as saídas de liquidez e a volatilidade nos mercados mostraram que já não era possível restaurar a confiança do mercado e tornou-se absolutamente necessária uma solução de estabilização", explicou o presidente suíço Alain Berset.
A solução foi necessária depois de, na semana passada, o supervisor já ter disponibilizado um apoio de 50 mil milhões de francos suíços (50,7 mil milhões de euros). "As decisões tomadas eram necessárias para restaurar a confiança nos mercados", justificou Thomas J. Jordan, presidente do Banco Nacional da Suíça na conferência de imprensa deste domingo.
"Com a aquisição do Credit Suisse pelo UBS, foi encontrada uma solução para assegurar a estabilidade financeira e proteger a economia suíça nesta situação de exceção", refere o comunicado do Banco Nacional da Suíça, que garante um empréstimo que pode ir até 100 mil milhões de francos suíços (equivalente a 101,2 mil milhões de euros) para apoiar a operação avaliada em 3 mil milhões de francos suíços (3,04 mil milhões de euros).
Mesmo com este reforço da oferta, a aquisição da totalidade do capital do Credit Suisse representa um desconto expressivo face ao valor em bolsa. O banco tem uma capitalização de mercado de 7,43 mil milhões de francos suíços (equivalente a 7,5 mil milhões de euros).
Cada ação fechou a valer 1,86 francos suíços (1,87 euros) na sexta-feira, após ter caído 8% na sessão (acumula uma perda de 35% desde o início do ano). Já o UBS tem uma capitalização de 51,3 mil milhões de francos suíços (equivalente a 51,7 mil milhões de euros). As ações desvalorizaram 1,16% para 17,11 francos suíços (17,24 euros) na sexta-feira.
Foi, contudo, o negócio possível. "Na sexta-feira as saídas de liquidez e a volatilidade nos mercados mostraram que já não era possível restaurar a confiança do mercado e tornou-se absolutamente necessária uma solução de estabilização", explicou o presidente suíço Alain Berset.
A solução foi necessária depois de, na semana passada, o supervisor já ter disponibilizado um apoio de 50 mil milhões de francos suíços (50,7 mil milhões de euros). "As decisões tomadas eram necessárias para restaurar a confiança nos mercados", justificou Thomas J. Jordan, presidente do Banco Nacional da Suíça na conferência de imprensa deste domingo.
O supervisor suíço "lamenta que o Credit Suisse não tenha tido capacidade de lidar com as suas dificuldades", nomeadamente a perda de confiança do mercado, tornando necessária uma intervenção para evitar "severas repercussões" não só para o sistema financeiro suíço, mas global.
No âmbito da operação, o Banco Nacional da Suíça concordou em prestar uma linha de liquidez com garantias pública ao UBS no valor de 100 mil milhões de francos suíços. O Governo do país irá também dar garantias com perdas até 9 mil milhões (condicionado à tomada de perdas na ordem dos cinco mil milhões pelo novo acionista, se necessário).
Obrigacionistas assumem perdas
É esperado que a aquisição esteja fechada até ao final do ano. Para o negócio entre as duas maiores instituições financeiras na Suíça avançar, as autoridades suíças terão de alterar a legislação nacional para evitar um bloqueio ao negócio por parte dos acionistas.
As negociações acontecem meses depois do Saudi National Bank e da Qatar Investment Authority terem injetado cerca de 3 mil milhões de francos suíços no Credit Suisse, como parte de um aumento de capital de 4 mil milhões. Estes são atualmente os dois maiores acionistas do banco, com 17% do capital. O primeiro deixou claro na semana passada que não estava disponível para pôr mais dinheiro.
Além dos acionistas, também os investidores que detêm obrigações de maior risco terão de assumir perdas totais. Já sobre os depositantes, a ministra das Finanças Karin Keller-Sutter garantiu que estão protegidos e sublinhou: "Isto não é um resgate, é uma solução comercial".
Quanto à atividade, o "chairman" do UBS, Ralph Hamers, explicou que quer manter a atividade doméstica, mas que irá diminuir o segmento de banca de investimento. "Vamos retirar o risco a muitos dos negócios que vamos herdar do Credit Suisse", referiu.
O banco contará também com menos funcionários, não se sabendo ainda a dimensão (o UBS avançou apenas pretender poupanças de sete mil milhões até 2027). O Credit Suisse tinha previsto, no plano de restruturação desenhado em outubro do ano passado, diminuir a força de trabalho em seis mil pessoas. O sindicato bancário na Suíça pediu este domingo a criação de uma "task force" por temer o despedimento de 10 mil pessoas.
Zona Euro e EUA validam decisão
Ao longo da conferência de imprensa as autoridades suíças foram ressalvando a necessidade de encontrar uma solução para o Credit Suisse para restabelecer a estabilidade financeira e a confiança nos mercados mundiais. Tanto o banco central da Zona Euro como dos EUA já validaram a decisão.
"Congratulo-me com a ação rápida e as decisões tomadas pelas autoridades suíças. Estas são fundamentais para restaurar condições ordeiras de mercado e garantir a estabilidade financeira", disse Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), em comunicado.
A responsável máxima da autoridade monetária reafirmou que o setor bancário da Zona Euro é "resiliente", com fortes posições de capital e liquidez. "De qualquer forma, o nosso conjunto de ferramentas de políticas está totalmente equipado para fornecer apoio de liquidez ao sistema financeiro da Zona Euro, se necessário, e para preservar a transmissão suave da política monetária", acrescentou.
Do outro lado do Atlântico veio a mesma garantia, num comunicado conjunto da Secretária do Tesouro, Janet Yellen, e do presidente da Reserva Federal, Jerome Powell.
"Congratulamo-nos com os anúncios feitos hoje [domingo] pelas autoridades suíças para apoiar a estabilidade financeira. As posições de capital e liquidez do sistema bancário dos EUA são fortes e o sistema financeiro dos EUA é resiliente", afirmaram, acrescentando que têm mantido um "contacto próximo" com os pares internacionais.
(Notícia atualizada às 20:10)
No âmbito da operação, o Banco Nacional da Suíça concordou em prestar uma linha de liquidez com garantias pública ao UBS no valor de 100 mil milhões de francos suíços. O Governo do país irá também dar garantias com perdas até 9 mil milhões (condicionado à tomada de perdas na ordem dos cinco mil milhões pelo novo acionista, se necessário).
Obrigacionistas assumem perdas
É esperado que a aquisição esteja fechada até ao final do ano. Para o negócio entre as duas maiores instituições financeiras na Suíça avançar, as autoridades suíças terão de alterar a legislação nacional para evitar um bloqueio ao negócio por parte dos acionistas.
As negociações acontecem meses depois do Saudi National Bank e da Qatar Investment Authority terem injetado cerca de 3 mil milhões de francos suíços no Credit Suisse, como parte de um aumento de capital de 4 mil milhões. Estes são atualmente os dois maiores acionistas do banco, com 17% do capital. O primeiro deixou claro na semana passada que não estava disponível para pôr mais dinheiro.
Além dos acionistas, também os investidores que detêm obrigações de maior risco terão de assumir perdas totais. Já sobre os depositantes, a ministra das Finanças Karin Keller-Sutter garantiu que estão protegidos e sublinhou: "Isto não é um resgate, é uma solução comercial".
Quanto à atividade, o "chairman" do UBS, Ralph Hamers, explicou que quer manter a atividade doméstica, mas que irá diminuir o segmento de banca de investimento. "Vamos retirar o risco a muitos dos negócios que vamos herdar do Credit Suisse", referiu.
O banco contará também com menos funcionários, não se sabendo ainda a dimensão (o UBS avançou apenas pretender poupanças de sete mil milhões até 2027). O Credit Suisse tinha previsto, no plano de restruturação desenhado em outubro do ano passado, diminuir a força de trabalho em seis mil pessoas. O sindicato bancário na Suíça pediu este domingo a criação de uma "task force" por temer o despedimento de 10 mil pessoas.
Zona Euro e EUA validam decisão
Ao longo da conferência de imprensa as autoridades suíças foram ressalvando a necessidade de encontrar uma solução para o Credit Suisse para restabelecer a estabilidade financeira e a confiança nos mercados mundiais. Tanto o banco central da Zona Euro como dos EUA já validaram a decisão.
"Congratulo-me com a ação rápida e as decisões tomadas pelas autoridades suíças. Estas são fundamentais para restaurar condições ordeiras de mercado e garantir a estabilidade financeira", disse Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), em comunicado.
A responsável máxima da autoridade monetária reafirmou que o setor bancário da Zona Euro é "resiliente", com fortes posições de capital e liquidez. "De qualquer forma, o nosso conjunto de ferramentas de políticas está totalmente equipado para fornecer apoio de liquidez ao sistema financeiro da Zona Euro, se necessário, e para preservar a transmissão suave da política monetária", acrescentou.
Do outro lado do Atlântico veio a mesma garantia, num comunicado conjunto da Secretária do Tesouro, Janet Yellen, e do presidente da Reserva Federal, Jerome Powell.
"Congratulamo-nos com os anúncios feitos hoje [domingo] pelas autoridades suíças para apoiar a estabilidade financeira. As posições de capital e liquidez do sistema bancário dos EUA são fortes e o sistema financeiro dos EUA é resiliente", afirmaram, acrescentando que têm mantido um "contacto próximo" com os pares internacionais.
(Notícia atualizada às 20:10)