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Theresa May era mais apoiante de ficar na UE do que fez crer

Durante a campanha do Brexit, Theresa May foi uma discreta apoiante do "Remain", gerindo a sua imagem pública. Mas uma gravação obtida do Guardian revela que tinha grandes receios sobre uma saída do Reino Unido da UE.

Theresa May com a rainha, em Dezembro, após substituir David Cameron à frente do Executivo
Reuters
Negócios 26 de Outubro de 2016 às 11:38
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Um mês antes do referendo no Reino Unido, Theresa May confidenciou num encontro secreto com banqueiros que temia por um êxodo das grandes empresas e pelo impacto na economia britânica caso o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) se confirmasse. O cenário então traçado pela actual primeira-ministra mostra que ela estava mais preocupada do que o que revelou publicamente durante a campanha, e expõem a contradição das suas posições entretanto assumidas como chefe do Governo.

As declarações de Theresa May, que esta quarta-feira vieram a público pela mão do jornal The Guardian, foram feitas a 26 de Maio, durante um encontro com quadros da Goldman Sachs.

Na altura, a responsável defendeu a importância do país estar integrado num mercado único – "Acho que fazer parte de um bloco comercial de 500 milhões é significativo para nós" – mas não só. Sustentou também que o interesse pelas empresas britânicas dependia do seu estatuto europeu. Segundo as gravações acedidas pelo The Guardian, Theresa May acrescentou que "uma das razões pelas quais muita gente vai investir aqui no Reino Unido é porque o Reino Unido está na Europa".

Mais ainda, "se não estivéssemos na Europa, penso que haveria empresas a pensar se não precisariam de desenvolver uma presença na Europa Continental, em vez de se manterem no Reino Unido", disse, na altura.

Durante a campanha para o referendo, Theresa May foi apoiante do "Remain" (permanecer dentro da UE), só que fez uma campanha muito discreta, que, segundo recorda o The Guardian, enfureceu muitos dos seus colegas conservadores como David Cameron. Numa das intervenções que fez a favor do "Remain", a conservadora chegou mesmo a baralhar as hostes ao ter defendido que o Reino Unido devia saltar da Convenção Europeia dos Direitos Humanos.

Além desta gestão hábil da sua imagem pública durante a campanha, Theresa May também tem feito declarações, agora enquanto primeira-ministra, que contrastam com o que disse então.

É o caso do discurso que fez no congresso do partido Conservador, em que secundarizou a importância da permanência do Reino Unido no mercado único em detrimento da necessidade de controlo da imigração.

As empresas precisam de "liberdade máxima para comercializarem e operarem no mercado único" mas não à custa de "desistirmos do controlo de imigrantes" ou de aceitarmos a jurisdição dos juízes do Luxemburgo, recorda o The Guardian.

"A forma como o Reino Unido sairá da União Europeia está em aberto, mas a Europa tem deixado claro que Londres não pode ter o melhor dos mundos. Se quiser permanecer no mercado único tem de aceitar também a livre circulação de pessoas," defendeu. 

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