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Ricardo Salgado: Depoimentos de Bava merecem "investigação mais a fundo"

Sobre as transferências de 25 milhões de euros que terão sido feitas pelo GES para Zeinal Bava, enquanto este era presidente executivo da PT, o antigo banqueiro garante que "foi tudo esclarecido" no tribunal.

08 de Julho de 2019 às 16:21
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Os depoimentos de Zeinal Bava, no âmbito da Operação Marquês, que diferem não só daqueles que tinham sido dados por Ricardo Salgado como de uma primeira versão que já tinha sido apresentada anteriormente pelo antigo presidente da Portugal Telecom (PT), merecem uma "investigação mais a fundo", considera o antigo banqueiro. Ricardo Salgado foi ouvido, esta esta segunda-feira, 8 de julho, pelo juiz Ivo Rosa, no âmbito desta mesma investigação criminal, na qual é arguido e acusado de 21 crimes. Sobre as transferências no valor de 25 milhões de euros que, na tese do Ministério Público, terão sido feitas pelo Grupo Espírito Santo (GES) para Zeinal Bava, enquanto este era presidente executivo da antiga Portugal Telecom (PT), Salgado garante que "foi tudo esclarecido" no tribunal.

"Fui chamado para falar sobre este assunto específico [a relação com Zeinal Bava] e foi sobre isso que falei. Como não houve mais perguntas, acredito que ficou esclarecido", afirmou Ricardo Salgado à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, questionado pelos jornalistas. Perante a insistência, respondeu apenas: "Foi tudo esclarecido hoje no tribunal".


Ricardo Salgado diz que esclareceu relações e contrato com Zeinal Bava
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O ex-presidente do BES disse hoje que esclareceu perante o juiz de instrução do processo Operação Marquês, Ivo Rosa, "as relações e o contrato com Zeinal Bava", ex-presidente executivo da PT.

Na tese do Ministério Público, Ricardo Salgado terá feito três transferências, num valor total de 25,2 milhões de euros, para que Zeinal Bava desse prioridade, enquanto administrador da PT, aos interesses do GES, que era acionista de referência da operadora. As transferências terão sido feitas para contas de Bava no banco UBS, em Singapura e na Suíça, entre 2007 e 2011.

No mês passado, Zeinal Bava também foi ouvido pelo juiz Ivo Rosa no âmbito da Operação Marquês, tendo apresentado uma nova justificação para estas transferências. Segundo avançou o Observador, o antigo gestor terá explicado que as transferências, feitas através da Espírito Santo Enterprises (sociedade que é tida pelo Minsitério Público como o "saco azul" do GES), terão servido para financiar Bava na compra de ações da PT, para que, para além de presidente, passasse a deter uma "participação material".

Esta versão é diferente, contudo, daquela que foi apresentada pelo próprio Bava há três anos. Em maio de 2016, em declarações ao Observador, afirmou que as transferências que rebeceu da ES Enterprises serviriam para "financiar a aquisição de ações da PT por um grupo de altos quadros da empresa", quando esta fosse totalmente privada. Três anos depois, ao juiz Ivo Rosa, voltou a falar na equipa de quadros da PT que poderiam acompanhá-lo nesta operação, mas admitiu que poderia avançar sozinho para ser acionista da PT.

Esta primeira explicação de Bava divergia, também, daquela que tinha sido dada por Ricardo Salgado, que, ainda segundo o Observador, chegou a garantir que as transferências tinham o objetivo de convencer o então líder da PT a não se transferir para a concorrência. Questionado sobre estas divergências, Salgado defende que haja uma investigação. "Essa divergência precisa de uma investigação mais a fundo, mas não sou eu que lha posso dar, tem de perguntar ao juiz", respondeu aos jornalistas.

Sobre a sua própria inquirição, sublinha que respondeu "a todas as questões" colocadas pelo juiz Ivo Rosa e voltou a assegurar: "Nunca na minha vida corrompi ninguém".

O antigo banqueiro é acusado de ter praticado crimes de corrupção ativa de titular de cargo político, corrupção ativa, branqueamento de capitais, abuso de confiança, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada. Para além das transferências feitas para Zeinal Bava, o Ministério Público suspeita que Ricardo Salgado terá transferido outros 34 milhões de euros para José Sócrates, a troco de favorecimento dos seus interesses no GES e na PT.

Notícia atualizada às 16h31 com mais informação.
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