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Zeinal Bava continua disponível para devolver os 6,7 milhões transferidos pela ES Entreprise

O advogado de Zeinal Bava sustenta que a verba entregue pelo grupo de Ricardo Salgado era um empréstimo para o gestor se tornar acionista da PT e negou conluios para defender interesses do GES na OPA da Sonae ou na venda da Vivo.

Pedro Catarino
11 de Março de 2020 às 19:25
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O advogado de defesa de Zeinal Bava, José António Barreiros, garantiu esta quarta-feira, em mais uma sessão do debate instrutório da Operação Marquês, que o ex-presidente executivo da PT continua disponível para devolver os 6,7 milhões de euros que recebeu da ES Entreprise, o alegado saco azul do Grupo Espírito Santo.

 

Depois de Bava ter devolvido já 18,5 milhões de euros à massa insolvente da Espírito Santo International, com juros, José António Barreiros afirmou relativamente aos 6,7 milhões que faltam, que estão à guarda deste processo pelo Ministério Público. "Assim surja quem de direito habilitado para receber e devolvemos" o dinheiro, afirmou.

 

"Seja no Luxemburgo ou em Portugal, quem quer que seja o credor, nunca esteve em causa a devolução", salientou o advogado frisando que isso só não aconteceu por dúvidas sobre quem é o "bom credor".

 

José António Barreiros justificou as três transferências feitas pelo grupo de Ricardo Salgado para o ex-CEO da PT como um empréstimo numa altura em que Bava aceitou continuar na PT mas noutras condições, ou seja, como acionista. Para isso, explicou, Ricardo Salgado terá aceite adiantar o dinheiro.

 

Com o colapso do GES e notícias sobre o que era a ES Entreprise, Bava entendeu devolver essa quantia que recebeu numa conta em Singapura.

 

O advogado justificou que o gestor não tenha adquirido posição na operadora, não formalizando assim a aquisição, porque a reta final da privatização da operadora, com o fim da golden share, não aconteceu no período previsto.

 

Zeinal Bava é acusado pelo Ministério Público de ter recebido 25,2 milhões de euros do alegado saco azul do GES, para beneficiar interesses de Ricardo Salgado, da prática de cinco crimes envolvendo corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.

 

O advogado do antigo gestor da PT, que negou qualquer atuação concertado entre Bava, Henrique granadeiro, José Sócrates e Ricardo salgado, frisou ainda que ele nada teve a ver com a decisão da PT de aplicar de cerca de 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte.

 

José António Barreiros apontou ainda na sua intervenção que "nove anos depois" do desfecho da OPA sobre a PT, "o Ministério Público vem-se colocar na posição de derrotado da Sonae". A defesa de Zeinal Bava procurou demonstrar que a oferta da Sonae falhou porque o preço oferecido pela Sonae não era suficiente.

 

José António Barreiros sustentou que a OPA era uma operação arriscada para a Sonae e que a sua recusa pelos acionistas resultou em ganhos para estes.

A defesa de Bava garantiu que o ex-gestor nada teve a ver com a chegada de novos acionistas à PT durante o período da OPA, como a Ongoing ou Joe Berardo, e frisou que a própria CMVM nunca considerou que estes acionistas fossem parte relacionada com o BES.

 

O advogado garantiu ainda que Zeinal Bava foi sempre contra a venda da brasileira Vivo e apontou a decisão de aquisição da Oi como o único ativo disponível para a PT, lembrando as exigências feitas pelo governo de então de que a operadora portuguesa se deveria manter exposta ao Brasil.

 

Também no âmbito do debate instrutório da Operação Marquês, a Defesa do ex-presidente da PT, Henrique Granadeiro, já negou qualquer conluio com Ricardo Salgado no sentido de beneficiar os interesses do GES na OPA lançada pela Sonae, assim como na venda da Vivo e entrada na Oi.

 

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