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Qatar pondera ter 25% do Deutsche Bank

Os fundos reais do Qatar têm já cerca de 10% do Deutsche Bank e, neste momento, estudam aumentar a posição, segundo a agência Bloomberg. Também há empresas alemães a disponibilizar-se para injectar 5 mil milhões.

reuters
07 de Outubro de 2016 às 19:19
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O Qatar, cujos fundos da família real são já os maiores accionistas do Deutsche Bank, pode ganhar um maior controlo sobre o banco alemão. Segundo adianta a agência Bloomberg, citando informações de fontes anónimas, a participação accionista daqueles investidores poderá subir até aos 25%. Ou seja, um quarto do capital do banco poderá ficar nas mãos daquele país.

 

Foi em 2014 que o Qatar se tornou num accionista-âncora do Deutsche Bank no âmbito do aumento de capital de 8 mil milhões que o banco fez na altura. À data, o banco ainda sofria com as investigações a uma alegada conspiração do gigante alemão para acabar com o grupo de media Kirch e com uma multa da Comissão Europeia por um cartel em derivados de euros.

Desde aí, e até este ano, os fundos do Estado do Golfo detinham 6%. A americana BlackRock era, até Agosto, a maior accionista mas reduziu a exposição. O Qatar, pelo contrário, aumentou e, neste momento, segundo noticiou o Financial Times, tem 10%.

 

O reforço dará um maior poder à família real do Qatar, que tem já participações noutros bancos: Barclays, Credit Suisse, Bank of America (estes dois últimos são, igualmente, accionistas do Deutsche Bank). Segundo o Der Spiegel, citado pela Bloomberg, a nova posição do Qatar poderá, até, conduzir a mudanças na gestão.

 

Nem o banco nem os fundos comentaram as informações da Bloomberg que foram divulgadas um dia depois de o jornal germânico Handelsblatt ter avançado que um grupo de grandes empresas na Alemanha está a preparar-se para injectar 5 mil milhões de euros no Deutsche Bank caso seja necessário. 

 

O banco está, por sua vez, também a preparar cenários para a sua capitalização, segundo a Bloomberg. O reforço de capital, com a entrada de novos accionistas, é uma possibilidade que pode avançar ao mesmo tempo que a venda de activos, que está a ser estudada.

Uma tensão política

 

A tensão em torno do banco tem-se devido, sobretudo, à multa de 14 mil milhões de dólares que os Estados Unidos querem impor devido à venda irregular de produtos financeiros. As dúvidas sobre o impacto da solidez logo começaram a surgir e mantêm-se mesmo depois de notícias darem conta de que o valor poderá ser bastante mais baixo.

 

A forma como a Alemanha vai lidar, politicamente, com eventuais necessidades do banco tem causado alguma tensão e ainda esta segunda-feira o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, veio – com a frase "não sei se ria ou se chore" – sublinhar a ironia de o presidente executivo do banco, John Cryan, mencionar a "especulação" como causa da queda em bolsa.

 

A chanceler Angela Merkel teve uma posição dura no que diz respeito a injecções de capital consideradas auxílios do Estado noutros países da Zona Euro, o que dificulta uma intervenção pública no banco alemão. A Europa, pela voz do líder do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem, também já o afirmou. Aliás, a forma como a Alemanha lidar com este caso poderá ser um sinal para Portugal, que ainda tem a venda do Novo Banco por resolver.

 

Eventuais ajudas da Alemanha ao maior banco do sistema financeiro, que vai eliminar mais 1.000 postos de trabalho no país, já foram noticiadas mas nunca confirmadas. O ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, ficou ontem em silêncio quando questionado sobre o banco.

 

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